adriano-almeida

23/04/2025

Red Flags: como identificar áreas que precisam de capacitação antes que virem crises

Erros são inevitáveis no mundo dos negócios e fazem parte do crescimento de qualquer empresa. No entanto, ignorá-los ou repeti-los é outra história. É por isso que investir em educação corporativa vai além de aprimorar a performance das equipes, trata-se de uma estratégia essencial para prevenir crises antes que pequenas falhas se tornem grandes problemas.

Se pararmos para refletir sobre a eficiência dessa estratégia, vemos que muitos erros dentro de uma organização são resultado da falta de orientação adequada da liderança, não é mesmo? No entanto, em vez de enfrentar a raiz do problema e investir em soluções, muitas vezes optam por medidas drásticas, como a demissão, o que acaba mascarando o verdadeiro desafio a ser solucionado.

Diversos estudos indicam que decisões como essa não trazem resultados eficazes. Segundo a consultoria Korn Ferry, substituir um colaborador pode custar entre 120% e 200% do seu salário anual. Além do impacto financeiro significativo, a empresa continua lidando com as mesmas questões operacionais, sem realmente resolver os gargalos que originaram os problemas iniciais.

Investir na capacitação dos colaboradores, ao invés de substituí-los, não apenas resolve desafios pontuais, mas também prepara a equipe para enfrentar os obstáculos que surgirão no futuro. Programas de treinamento bem estruturados ampliam o conhecimento e as habilidades dos colaboradores, o que resulta em maior produtividade, melhor desempenho e qualidade no trabalho a longo prazo.

Além disso, colaboradores que têm acesso a oportunidades de desenvolvimento de carreira se sentem mais valorizados e engajados, o que aumenta a sua satisfação e diminui a rotatividade. Essa estratégia fortalece a resiliência organizacional, ajudando a prevenir crises que, se não forem bem gerenciadas, podem se tornar prejudiciais ao negócio.

Quais são as principais ‘red flags’? Identificar quais áreas precisam de capacitação, ou até mesmo o momento de implementar um programa de desenvolvimento, pode ser desafiador. No entanto, para líderes eficientes e atentos, há “red flags” bastante perceptíveis que sinalizam quando é o momento certo de agir e investir no aprimoramento da equipe.

A mais evidente delas é a falta de habilidades específicas para o cargo. Quando um colaborador enfrenta dificuldades para realizar tarefas que exigem conhecimentos especializados e atualizados, fica claro que há uma lacuna a ser preenchida. Mesmo com autonomia, esse profissional acaba dependendo excessivamente dos líderes para tomar decisões ou concluir atividades, o que pode comprometer a eficiência da equipe como um todo.

Outra “red flag” é a resistência a mudanças, manifestada por dificuldades de se adaptar a novos processos ou metodologias de trabalho. Isso também inclui a relutância em adotar novas tecnologias e ferramentas, o que resulta em um processo de inovação mais lento e em uma capacidade reduzida de se ajustar rapidamente às necessidades do mercado. Essa resistência pode limitar a evolução da empresa e comprometer sua competitividade.

Por fim, a cultura de “sobrevivência” é uma das mais prejudiciais: ela surge quando as equipes estão mais preocupadas em simplesmente ‘sobreviver’ à rotina do que em buscar soluções inovadoras para seus processos. Nesse cenário, o trabalho se torna um espaço sem disrupção, e a falta tanto de soft quanto de hard skills impede a criação de um ambiente propício para explorar novas ideias e melhorias criativas. Essa estagnação pode minar a capacidade de evolução da empresa.

Da crise ao crescimento — Detectar esses pontos de atenção e solucioná-los por meio da educação corporativa é uma estratégia assertiva, pois transforma problemas em oportunidades de crescimento. Assim como nas relações públicas, onde as crises devem ser evitadas antes mesmo que aconteçam, as organizações precisam antecipar possíveis obstáculos que possam impactar o seu desenvolvimento, garantindo uma evolução constante e sustentável. E isso vale tanto para microempresas quanto para multinacionais.

Ao capacitar os times, as lideranças proporcionam às equipes as habilidade necessárias para identificar soluções e evitar problemas específicos. Além disso, o processo de aprendizado contínuo contribui para a redução do retrabalho, tornando a rotina mais ágil, eficiente e produtiva. Isso não só melhora a performance, mas também cria um ambiente de trabalho mais inteligente e preparado para os desafios.

Manter profissionais qualificados reduz custos operacionais relacionados à rotatividade e preserva o conhecimento organizacional, promovendo maior estabilidade e eficiência nas operações diárias. Colaboradores que percebem oportunidades de crescimento e valorização tendem a se engajar mais, aumentando sua produtividade e contribuindo para um ambiente de trabalho positivo e motivador.

Desafios corporativos não precisam ser barreiras. As organizações que entendem o ciclo “erro/correção/acerto” por meio da capacitação são mais dispostas a experimentar, inovar e, por fim, prosperar. Essa sinergia entre empresa e colaboradores cria um ambiente de aprendizado contínuo, favorecendo o crescimento sustentável e o sucesso compartilhado.

Por: Adriano Almeida, CEO da Alura, maior ecossistema de educação em tecnologia do Brasil.