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12/04/2025

A melhor maneira de fortalecer a indústria nos Estados Unidos e na América Latina é integrando uma cadeia de valor metalúrgica regional

O comércio injusto da China é uma realidade inegável. Por meio de subsídios fiscais, energéticos, financeiros e de matérias-primas, produção ambientalmente insustentável e uma política sistemática de dumping, a China aumentou suas exportações de aço para o mundo de 69 para 118 milhões de toneladas entre 2020 e 2024, prejudicando indústrias em países que operam sob as regras da economia de mercado.

Por isso, na Alacero, defendemos que a regionalização das cadeias de valor é a melhor estratégia para enfrentar a desindustrialização que o avanço da China e das economias da ASEAN acarreta para a nossa região.

Para os Estados Unidos, uma cadeia de suprimentos regional de aço e seus derivados significaria suprimentos complementares, competitivos e seguros, com uma das menores pegadas de carbono do mundo. Isso nos permitiria continuar inovando e desenvolvendo produtos de valor agregado sem depender da China, aproveitando as capacidades produtivas que temos na região. Por sua vez, a América Latina fortaleceria uma indústria regional que investe constantemente e atualmente cria 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos de alta qualidade, que são um pilar essencial do desenvolvimento humano da região.

Para que uma estratégia como essa seja possível, a América Latina e os Estados Unidos devem trabalhar juntos em uma estratégia tarifária que promova o comércio regional e, ao mesmo tempo, estabeleça barreiras reais e coordenadas ao comércio desleal. A necessidade de coordenação regional é essencial porque já vimos que uma estratégia de país único só gera desvios comerciais que, em última análise, prejudicam as indústrias de países com capacidades regulatórias mais fracas. Nas últimas décadas, as exportações de aço chinês para a América Latina cresceram de forma constante, atingindo um recorde de mais de 14 milhões de toneladas, e a participação do setor manufatureiro no PIB total da América Latina caiu 4 pontos percentuais nas últimas três décadas, com os maiores declínios no Brasil e no Chile.

É por isso que promovemos o diálogo entre nossos países e a busca por medidas eficazes e de longo prazo que permitam que as empresas do setor siderúrgico e sua cadeia de valor se desenvolvam plenamente na região.

Por: Ezequiel Tavernelli, Diretor Executivo da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero). | https://alacero.org