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21/03/2025

8 economistas comentam a alta da taxa Selic

De cordo com eles, estas medidas podem não conseguir conter a inflação.

—Essa medida pode impactar negativamente o crescimento econômico, dificultando investimentos produtivos e aumentando o custo da dívida pública— João Kepler, CEO da Equity Group.

—Essa decisão encarece o crédito, reduz o consumo e pode desacelerar a economia no médio prazo, mas reforça o compromisso com a estabilidade de preços. O impacto imediato deve ser uma maior atratividade da renda fixa para investidores estrangeiros, fortalecendo o real e reduzindo a pressão sobre o câmbio. No entanto, a taxa elevada pode desestimular o investimento produtivo e impactar o crescimento. A decisão ocorre em um momento em que o Federal Reserve optou por manter os juros estáveis entre 4,25% e 4,50%. Esse cenário favorece o Brasil, pois amplia o diferencial de juros, atraindo capital estrangeiro e ajudando a estabilizar o câmbio. No entanto, sem ajustes fiscais e um ambiente econômico confiável, os efeitos positivos da alta dos juros podem ser limitados— Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

— A decisão do Copom de elevar a taxa de juros em 1% reflete a preocupação com a inflação persistente no Brasil. Com os juros mais altos, o crédito encarece, o consumo desacelera e, teoricamente, a inflação tende a ceder. No entanto, essa medida também pode impactar negativamente o crescimento econômico, dificultando investimentos produtivos e aumentando o custo da dívida pública. No câmbio, o real pode se valorizar no curto prazo, pois a taxa mais alta torna os ativos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros em busca de rendimentos elevados. No entanto, se a percepção de risco fiscal aumentar, esse efeito pode ser limitado. Enquanto isso, o Federal Reserve manteve os juros nos Estados Unidos, o que pode beneficiar o Brasil ao evitar uma fuga maciça de capitais para ativos americanos. Com juros estáveis no exterior e em alta no Brasil, há um incentivo maior para que investidores internacionais direcionem recursos para o país, aproveitando o diferencial de taxas. Esse fluxo de capital pode ajudar a controlar o dólar, aliviando pressões inflacionárias, especialmente sobre produtos importados. O cenário global ainda exige cautela, pois uma mudança na postura do FED ou fatores internos, como incertezas fiscais e políticas, podem reverter essa tendência rapidamente —João Kepler, CEO da Equity Group.

— O Copom anunciou a decisão de elevar a Selic em mais 100bps, movimento amplamente esperado pelo mercado, e, com isso, a taxa de juros chega ao patamar de 14,25%. A despeito da previsibilidade da decisão, o comunicado foi consideravelmente mais hawkish que o esperado. Pontua-se a persistência do balanço de riscos assimétrico para os riscos de alta, e, também, antevê mais um ajuste “de menor magnitude” na próxima reunião que se dará em maio. Ou seja, o enfraquecimento recente dos índices de atividade e confiança não trouxeram maior equilíbrio para os riscos como alguns imaginavam. A principal preocupação do comitê permanece sendo a desancoragem de expectativas e resiliência inflacionária no componente de serviço. Adicionalmente, observamos maior importância atribuída à incerteza que reside na política comercial dos EUA, e nos respectivos impactos que pode desempenhar nas condições financeiras globais, item que não foi tão elaborado na última reunião. Com o Federal Reserve demonstrando maior cautela, corroborado pela revisão conservadora nas projeções de crescimento, e altista na perspectiva de inflação, o que devemos observar é uma ampliação do diferencial de juros entre Brasil e EUA ao longo do ano. Evidentemente, o Fed possui um mandato dual, mas é de se imaginar que a preferência do Banco Central seja prevenir um possível cenário de desaceleração abrupta da economia, sobre impactos transitórios nos preços. Não à toa, observamos ampliação da precificação de cortes da autoridade monetária até dezembro, com os agentes esperando uma redução de 75 bps, separada em três reuniões próximas ao final do ano. De qualquer maneira, a nossa perspectiva é de que o Copom continue com o ciclo de aperto monetário até a Selic atingir 15% no final de ciclo, enquanto o Fed mantenha postura conservadora enquanto analisa cautelosamente os impactos econômicos das medidas implementadas até então pela gestão Trump —José Alfaix, Economista Da Rio Bravo.

—Com a Selic subindo e o Fed mantendo os juros, os ativos brasileiros se tornam mais atraentes para investidores globais, favorecendo a valorização do real. No entanto, para o mercado local, a alta dos juros encarece financiamentos e pode impactar setores sensíveis ao crédito, como varejo e construção. Quem investe precisa avaliar oportunidades em renda fixa, que ganha atratividade, mas sem perder de vista possíveis revisões na política monetária nos próximos meses— Pedro Ros, CEO da Referência Capital.

—O aumento da Selic em 1% deve reforçar a atratividade dos títulos públicos brasileiros, elevando o diferencial de juros em relação aos EUA e potencialmente estimulando a entrada de capital estrangeiro. Esse fluxo pode contribuir para a valorização do real e, consequentemente, para a desaceleração da inflação via redução dos preços de importados. Entretanto, juros mais altos também encarecem o crédito, impactando o consumo e os investimentos produtivos— André Matos, CEO da MA7 negócios.

—A alta da Selic para 14,25% encarece o crédito e reduz o apetite por novos investimentos, especialmente para pequenas e médias empresas que dependem de financiamento para capital de giro e expansão. Com juros elevados, o custo para tomar empréstimos aumenta, comprimindo margens de lucro e dificultando a manutenção de fluxo de caixa. Além disso, o consumo tende a desacelerar, impactando setores como varejo e serviços. Isso pode resultar em uma diminuição nas contratações nos próximos meses. O desafio será equilibrar a necessidade de crescimento com o cenário de crédito mais restrito”, Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.

—O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deve anunciar uma elevação de 1% na taxa de juros, em uma tentativa de controlar a pressão inflacionária e reforçar a credibilidade da política monetária e seu compromisso com a estabilidade econômica. O aumento tende a impactar diretamente o mercado de crédito, encarecendo o custo dos empréstimos e desestimulando o consumo das famílias. Além disso, a alta da taxa de juros pode tornar o Brasil mais atrativo para investidores estrangeiros que buscam retornos mais elevados no mercado de dívida soberana, o que pode fortalecer o real frente ao dólar, mesmo que às custas de um agravamento da dívida pública nacional. Em um cenário global, a decisão do Copom acontece em um momento de maior cautela no exterior, com o Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos mantendo suas taxas inalteradas diante das incertezas com a economia americana. A política monetária restritiva do FED tem como objetivo controlar a inflação nos EUA, mas pode gerar impactos para o Brasil, já que um dólar mais forte pode pressionar a inflação interna e dificultar a competitividade das exportações brasileiras. Nos próximos dias, veremos como os mercados vão se comportar para podermos fazer previsões mais precisas sobre o caminho que o câmbio tomará—Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.

—O resultado da Superquarta veio dentro do esperado, com o Copom elevando a Selic em 100 bps. O comunicado sinaliza continuidade na alta de juros, mas com menor intensidade, possivelmente desacelerando para 50 bps nos próximos encontros, dependendo dos próximos indicadores econômicos. Já nos EUA, o Fed manteve os juros estáveis, enquanto o mercado especula dois cortes futuros — um cenário que exige cautela, pois a economia americana historicamente supera projeções. O dólar já precificou esse movimento, e o diferencial de juros entre Brasil e EUA, em patamar historicamente alto, pode atrair capital estrangeiro. Para investidores rentistas, operações atreladas ao CDI+ seguem como boas opções—Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.