O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, no dia 19 de março (quarta-feira) elevar a taxa básica de juros da economia de 13,25% ao ano (a.a) para 14,25% a.a. Na avaliação Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, a elevação dos juros era esperada.
—A decisão era completamente esperada, uma vez que que já havia sido sinalizado pelo Banco Central o forward guidance para essa reunião. Havia a sinalização de que a barra era muito alta, né, para se alterar qualquer decisão. Então, a decisão em si, dentro do esperado. Portanto, as duas discussões que ficam: o diagnóstico que o Banco Central faz, né, toda a comunicação do diagnóstico do cenário e se existiria alguma sinalização para o futuro.
Quanto ao diagnóstico, a avaliação do cenário, a gente pergunta bastante em linha que a gente imaginava, fazendo reconhecimento da incerteza maior no cenário internacional, principalmente centrado em Estados Unidos. Fazendo um reconhecimento de que a atividade econômica tem apresentado dinamismo ainda mais que há, sinais de remodelação do crescimento, de que a inflação local segue incomodando e o balanço de riscos sem grandes alterações.
Então, quando a gente olha na parte do diagnóstico, para falar a verdade, veio bastante em linha com aquilo que a gente imaginava, com aquilo que já havia sido sinalizado pelo Banco Central anteriormente.
O que veio de diferente daquilo que a gente imaginava? A gente achava que o Banco Central não daria sinalização para o futuro. E ele fez. Ele contratou, pelo menos, mais uma alta, ainda que de menor magnitude, e deixa a porta aberta para altas posteriores. Então, a gente sabe que pelo menos mais uma alta de taxa de juros teria, isso estava já no nosso cenário, mas a gente acreditava que o Banco Central não sinalizaria nessa direção, mas ele o fez.
Então, a gente imagina mais uma alta de 50 pontos-base, seguida de outra elevação de 50 pontos-base, levando a taxa terminal para 15,25% ao ano., que seria a taxa terminal. A gente acha que isso é compatível com a comunicação do Banco Central, e, portanto, ainda que a gente tenha se surpreendido com o compromisso do BC, esse anúncio, já estava no nosso cenário, e, portanto, não altera nossa percepção —conclui o comentário.