Ppara exploração de petróleo. O objetivo é aprimorar a confiabilidade das técnicas de separação de difrações usando modelos sintéticos como referência, garantindo imagens geológicas mais precisas e reduzindo a margem de erro na perfuração de poços.
O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Petrobras, está conduzindo um projeto inovador que visa aprimorar a modelagem de dados sísmicos para a exploração de petróleo, com foco na modelagem de eventos de difração. O estudo é liderado pelo pesquisador do Cepetro Jorge Henrique Faccipieri Junior, coordenador do High-Performance Geophysics Lab (HPG), e busca superar as limitações das técnicas atualmente utilizadas na indústria.
A modelagem de dados sísmicos desempenha um papel fundamental na exploração de petróleo, permitindo a geração de dados sintéticos que simulam as condições geológicas do subsolo. Esses dados são essenciais para avaliar estratégias de aquisição e determinar as ferramentas de processamento sísmico mais eficazes na obtenção de informações, melhorando a precisão e acurácia na identificação de reservatórios de hidrocarbonetos. Atualmente, a principal técnica utilizada na indústria é o Método das Diferenças Finitas (MDF). No entanto, esse método apresenta limitações na modelagem de eventos de difração, pois sua malha regular pode gerar respostas de difração em regiões geológicas onde tais eventos não deveriam ocorrer.
Para entender de forma simples, imagine uma lanterna iluminando um espelho. A luz reflete e retorna de maneira previsível, assim como acontece nas reflexões sísmicas. Já um objeto irregular, como uma rocha cheia de bordas e fissuras, espalha a luz em todas as direções. Esse é o princípio da difração sísmica: uma onda encontra uma estrutura complexa e espalha sua energia, criando padrões que ajudam a identificar falhas, fraturas e formações que podem conter petróleo. O desafio é capturar essas informações corretamente, algo que este projeto busca aprimorar.
Para contornar essas limitações, a equipe do High-Performance Geophysics Lab está investigando a geração de malhas para aplicação do Método dos Elementos Finitos (MEF) para a modelagem de dados sísmicos. Ao contrário do MDF, o MEF permite subdividir o domínio geológico em elementos de formatos diversos, possibilitando uma modelagem mais realista de estruturas geológicas complexas. Essa flexibilidade é crucial para a identificação e separação de eventos de difração, informação essencial para localizar áreas propícias para a acumulação de petróleo e gás natural.
—Nosso objetivo é aprimorar a confiabilidade das nossas técnicas de separação de difrações utilizando esses modelos sintéticos como referência. Dessa forma, quando aplicarmos essas técnicas em condições reais, podemos fornecer imagens das estruturas geológicas com maior precisão e reduzir a margem de erro na perfuração de poços—explica Faccipieri Junior. —Ao testar novas abordagens de modelagem, queremos garantir que os dados utilizados na validação das técnicas que desenvolvemos sejam os mais fidedignos possíveis—.
O projeto, financiado pela Petrobras com um investimento de R$ 4,5 milhões, terá duração de três anos. Durante esse período, os pesquisadores irão desenvolver modelos geológicos sintéticos mais realistas e avaliar a viabilidade da aplicação do MEF para a modelagem de eventos de difração. Os resultados obtidos serão comparados com as técnicas convencionais utilizadas na indústria, permitindo que a Petrobras otimize seus processos exploratórios e minimize custos operacionais.
O High-Performance Geophysics Lab é pioneiro na Unicamp na separação de eventos de difração em dados sísmicos. A metodologia desenvolvida pelo grupo já resultou em patentes em parceria com a Petrobras, e este novo projeto busca ampliar ainda mais a aplicação dessas técnicas. O aprimoramento da modelagem sísmica tem impacto direto na exploração do pré-sal, região em que a precisão na identificação de reservatórios pode evitar investimentos milionários em perfurações malsucedidas.
A colaboração entre o Cepetro e a Petrobras reforça o papel estratégico da pesquisa acadêmica no desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria de óleo e gás. Os avanços resultantes deste projeto poderão futuramente contribuir para a otimização de métodos exploratórios em diversas bacias petrolíferas do Brasil e do mundo.
O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) é um centro de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com mais de 35 anos de história, focado em petróleo, gás, energias renováveis e transição energética. Instalado, atualmente, em cinco prédios com mais de 5 mil metros quadrados de área, possui dez laboratórios próprios e conta com mais de 350 pesquisadores. Além de executar projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o Cepetro presta serviços técnicos e de consultoria, forma recursos humanos altamente qualificados e promove a disseminação do conhecimento. Seus projetos de P&D são financiados por empresas, fundações e agências governamentais de fomento à pesquisa. O Cepetro é um dos maiores captadores de recursos via cláusula de PD&I da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).