E pressionam o orçamento para o Carnaval em diversas capitais. Cerveja, água e ônibus urbanos estão entre as maiores variações na cesta de carnaval no Rio de Janeiro, Recife e Salvador.
A inflação continua sendo um desafio para o orçamento das famílias brasileiras. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) realizado com dados do IPC-10 das capitais, tradicionalmente conhecidas pelo carnaval, Recife, Rio de Janeiro e Salvador, os principais produtos e serviços consumidos para as festividades apresentaram variação média 4,42% no acumulado dos últimos 12 meses, uma alta relevante em relação ao ano anterior quando a Inflação do Carnaval nessas capitais ficou em -1,83%.
Em contrapartida, quando avaliamos a média nacional do IPC-10, com todas as capitais coletadas pelo índice, podemos verificar que a variação média está bem abaixo, registrando queda de 0,96% acumulado em 12 meses até fevereiro de 2025.
O que mais chama atenção são as variações expressivas em alguns itens de transporte, que resultaram em uma alta de 4,36% a nível nacional, com destaque para Rio de Janeiro e Recife, que tiveram altas na categoria de mobilidade urbana em 8,10% e 8,06%, respectivamente. No Rio de Janeiro, os reajustes das tarifas de ônibus urbano (9,30%), seguida pela tarifa de metrô (8,70%), contribuíram significativamente para puxar a alta da inflação do Carnaval para 6,20% na capital. Em Recife, os reajustes das tarifas de táxis (14,90%) e aluguel de carros (7,67%) poderão tornar a locomoção mais cara durante a folia. Em Salvador, apesar de uma alta da inflação do carnaval (2,89%) abaixo das demais capitais do estudo, a capital também registrou alta expressiva no grupo que contempla itens de transportes e mobilidade urbana.
Segundo Matheus Dias, economista responsável pelo levantamento, curtir o carnaval esse ano deve pesar significativamente no bolso dos consumidores. —Embora o índice de carnaval tenha registrado uma leve queda, quando observamos de forma geral o país, ao analisarmos individualmente capitais que popularmente possuem maiores festividades para a época, a maioria dos itens selecionados da cesta apresentou alta, resultando em variação de preços acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC)—.
Alimentação — A análise detalhada da cesta de alimentação, que possui alimentos e bebidas fora de casa tipicamente consumidos no Carnaval revela uma tendência similar dos preços. A inflação de bebidas alcoólicas e não alcoólicas merece destaque. Nos últimos 12 meses, cervejas e chopps acumularam alta de: Rio de Janeiro (4,39%), Recife (2,63%), Salvador (2,53%). Águas e refrigerantes também registraram altas: Recife (5,88%), Salvador (4,88%), Rio de Janeiro (4,43%).
Ainda em alimentação, nos itens de refeição fora de casa e sanduíches, observa-se maior variabilidade entre as capitais levantadas. Em sanduíches, Salvador registra a maior variação acumulada em 12 meses com 11,05% e, Recife a menor variação, com 2,79%. Quando analisamos as refeições em bares e restaurantes, a diferença em pontos percentuais entre as capitais do estudo não são tão grandes: Recife (4,53%), Rio de Janeiro (4%), Salvador (3,76%).
—É importante notar que a pressão em alimentos não foi um comportamento restrito a algumas regiões. Os fatores geradores dos aumentos de preços impactaram, mesmo que em proporções diferentes, todas as regiões do Brasil. Por isso, observamos no ano passado, tendência similar nos preços. —destaca Matheus Dias.
Passagens e hospedagens — Assim como ocorre em feriados e pontos facultativos, a semana do carnaval costuma movimentar o turismo. Com essa movimentação surge a demanda por hospedagem e passagens aéreas. Os registros dos preços nos mostram que a variação percentual acumulada em 12 meses para as capitais selecionadas mostra aceleração de hospedagens e passagem aérea, exceto em Salvador. Nos últimos 12 meses, hotéis acumularam alta de: Rio de Janeiro (7,54%), Recife (3,64%), Salvador (3,45%).
As passagens aéreas no IPC-BR têm registrado quedas, mas quando observamos algumas cidades o comportamento é diferente. No Rio de Janeiro, os preços subiram em média 9,31% no período analisado. Em Recife, as variações percentuais também apresentaram elevação, com 2,02% entre março de 2024 e fevereiro de 2025. Em contrapartida, os preços caíram em média -14,67% no acumulado de 12 meses em Salvador.
Mobilidade urbana — O deslocamento urbano é um aspecto importante em qualquer época do ano, inclusive no carnaval, por isso não poderia deixar de observar a evolução dos preços para essa data. Todas as capitais desse estudo registraram altas na inflação de mobilidade urbana, com destaque para o Rio de Janeiro, que teve alta de 8,06% acumulado em 12 meses.
O destaque do grupo foi o avanço das tarifas de ônibus urbano que tiveram reajustes positivos em todas as capitais analisadas.
—Os transportes públicos em 2024 não apresentaram reajustes significativos, então em itens como ônibus urbano e metrô a acumulação de reajustes não aplicados em anos anteriores ficaram concentrados em janeiro de 2025. Impactando o custo de transporte— destaca Matheus Dias.