Abertura e o mercado livre foram os principais temas debatidos, ressaltando o potencial de migração de 12 indústrias e os resultados da atualização do Mapeamento de Demanda de Gás.
Com participação dos principais agentes de mercado de gás do país, o lançamento da 7ª edição da publicação Perspectivas do Gás no Rio 2024-2025, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), celebrou os avanços recentes dessa cadeia produtiva. O evento lotou o auditório da Casa Firjan, em 30 de janeiro(quinta-feira), com representantes de operadores de infraestrutura, fornecedores, consumidores livres e parceiros institucionais, que assinaram artigos no estudo.
A edição desse ano teve foco na abertura do mercado e desenvolvimento do mercado livre no Rio de Janeiro. A Firjan destacou que além das três empresas que migraram para o mercado livre (CSN, Ternium e Gerdau) em 2024, outras 12 indústrias aguardam a viabilização da migração.
A publicação da 7ª edição do Perspectivas do Gás no Rio 2024-2025 no endereço: https://shre.ink/bSb0
— O ano de 2024 foi marcante para o mercado de gás natural. A abertura do mercado livre, impulsionada por avanços regulatórios estaduais e federais, tem contribuído para a competitividade do setor. O papel do gás na transição energética vem permitindo a substituição de combustíveis mais poluentes, como o carvão, óleo combustível, diesel e gasolina, por uma alternativa mais limpa e com grande potencial de desenvolvimento —destacou Luiz Césio Caetano, presidente da federação.
As indústrias, segundo ressaltou Caetano, —urgem pelo direito de buscar soluções no mercado que proporcionem ganhos de competitividade, com a liberdade de escolha entre a comodidade do fornecimento pelo mercado cativo e/ou a definição de suas próprias estratégias no mercado livre—.
Seguindo a visão de Caetano, Patrícia Baran, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), afirmou que os desafios no mercado de gás natural são oportunidades concretas e que, desde 2021, com a da Lei do Gás, os números de participantes vêm crescendo. “O novo mercado nasceu para se superar. A entrada da CSN, Ternium e Gerdau no mercado livre é emblemática e os investimentos em infraestrutura também estão crescendo”.
Sobre a regulação estadual, Vladimir Paschoal, conselheiro da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), citou importantes regulamentações publicadas desde 2019, como a homologação do Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD). —Foi um importante passo à afetiva abertura do mercado de gás, fruto de consultas públicas. Sabemos que é um avanço mas também precisa de melhorias e acompanhamentos constantes devido ao ambiente em evolução—.
Já a Naturgy explicou que o mercado livre ainda é muito novo para a empresa. “São um novo risco, mas precisamos distribuir neste mercado. Hoje, 60% das vendas do nosso gás são de GNV. Vamos tentar atrair os veículos pesados e investir R$ 300 milhões para corredores sustentáveis. Temos que entrar com a infraestrutura antes do consumo. Temos ainda como objetivo distribuir para as térmicas”, afirmou Katia Repsold, country manager da Naturgy Brasil.
Perspectivas do Gás Natural no Rio 2024-2025 — O “Perspectivas do Gás Natural no Rio 2024-2025″ mostra uma visão da cadeia de valor do gás natural através de painel dinâmico com dados e diversos artigos de empresas e entidades parceiras. Além disso, o estudo apresentou os principais serviços que a Firjan SENAI SESI fornece às empresas atuantes ao longo da cadeia de valor de gás, com média de 80 contratos anuais de atendimento.
—2024 foi um ano de recordes nesse mercado no Rio de Janeiro. Batemos recordes de produção: 113 milhões de metros cúbicos por dia, 74% da produção nacional. Por outro lado, temos o recorde de reinjeção, que não é muito bom, resultando no menor nível de disponibilização de gás natural a partir do Rio de Janeiro: apenas 23% do que a gente produz é colocado para o mercado— reforçou Fernando Montera, gerente de Cenários de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan.
Como parte dessa edição, a Firjan também atualizou o seu Mapeamento de Demanda de Gás Natural, o qual identificou uma demanda potencial de aproximadamente 95 milhões m³/dia. —Sabemos que esse potencial, como de 22 milhões m³/dia na indústria, são expectativas que apenas se realizarão com as sinalizações corretas de preço do gás e de ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento da demanda —destacou Fernando.
Já Heloisa Borges, diretora de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), garantiu: —Quem não apostar no gás corre o risco de ficar ultrapassado. O governo federal vem trabalhando para ajudar a indústria do Rio. Um desafio é acelerar a abertura do mercado livre no Brasil—.
A diretora também destacou que a partir de 2030, haverá um declínio da nossa produção de petróleo, mas que o gás natural ainda terá um aumento crescente, tanto da produção de gás bruto, quanto da produção de gás líquido. O que gera uma oportunidade para o planejamento do mercado.
O evento contou com outros três paineis focados em INfraestrutura, Indústrias Consumidoras e Fornecedores de Gás, com a participação da ATGás, Conselho de Usuários de Transporte, Naturgy, CSN, Nitriflex, Braskem, Arke Energia, Petrobras, MGás e Urca Energia.
Infraestrutura está diretamente ligada ao crescimento do mercado livre de gás natural no país, aponta estudo da Firjan — Lançamento do ‘Perspectivas do Gás no Rio 2024-2025’, publicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, reuniu empresas transportadoras e distribuidoras.
O Desenvolvimento de Infraestrutura e o Mercado Livre de Gás Natural foram temas do primeiro painel, durante o lançamento do estudo ‘Perspectivas do Gás no Rio 2024-2025’. Representantes da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), da Naturgy e do Conselho de Usuários (CDU) debateram o cenário do transporte do gás, principalmente no estado do Rio de Janeiro, sob a moderação de Fernando Montera, gerente de Cenários de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, na Casa Firjan.
A rede de gás do país cobre os estados que representam 90% do PIB brasileiro e serve 40% às indústrias, 40% às térmicas, e 20% ao GNV e outros consumos. —A abertura do mercado trouxe um novo papel para o sistema de transporte, tendo a conexão como essencial. A plataforma de infraestrutura para que a conexão entre os diversos agentes aconteça é o sistema de transporte. Para que ele funcione, precisamos acompanhar a evolução dos mercados—garantiu Rogério Manso, presidente executivo da ATGás.
As empresas de transporte têm obrigação legal de apresentar planos de desenvolvimento a cada 10 anos. De acordo com Manso, elas trabalharam mais de dois anos para atualizar os diversos projetos e os desafios que estão por vir. As principais fontes de suprimento para o transporte são as Bacias de Campos e de Santos. Há ainda a produção em terra, com papel menor, no Nordeste, no Espírito Santo e no Amazonas. Há cerca de duas décadas, o Brasil se interligou a gasodutos da Bolívia e da Argentina.
Já a Naturgy, que detém a concessão de distribuição de gás no estado do Rio de Janeiro, parabenizou a agência reguladora fluminense por ter posto o estado na vanguarda da regulação. —É o estado produtor de 70% do gás do país. Temos hoje no Rio de Janeiro três grandes clientes que migraram para o mercado livre: CSN, Gerdau e Ternium. São Paulo pode ter mais clientes, mas nosso volume é maior. Apenas a CSN faz aquisição de gás em volume superior à maioria dos estados da nação. Isso muda tudo— analisou Alessandro Monteiro de Menezes, diretor de Regulação da Naturgy Brasil.
Conselho dos Usuários — Até 2009, havia apenas um carregador, a Petrobras. Quando surgiu a legislação do gás, houve um movimento de descentralização, a própria Petrobras deixou de ser verticalizada e vendeu as transportadoras. —E hoje no estado, nós além de acompanharmos o volume de gás que adquirimos do nosso supridor, temos que fazer o balanço de gás da CSN e da Gerdau, fazer a gestão do volume. Por isso, a necessidade da regulamentação do acordo operacional— concluiu Menezes.
Já o Conselho de Usuários, instituição prevista na Lei do Gás, trata da responsabilidade dos carregadores, que antes era apenas a Petrobras e hoje chega a 20 ativos. Sylvie D’Apote, presidente do CDU, explica que há vários tipos de contrato de transporte. Carregadores são agentes que utilizam ou pretendem utilizar o serviço de transporte de gás natural em gasoduto de transporte, mediante autorização da ANP.
—Antes os contratos tinham 300 páginas, uma bíblia, agora estão mais transparentes. A CDU é formada por carregadores e instituições que representam as principais classes de carregadores e de órgãos ligados ao sistema. E houve um aumento dos tipos de contratos de transporte: anuais, mensais, diários, só de entrada, os de entrada e saída, os só saída. Então queremos facilitar esse diálogo, para o setor ser mais transparente e competitivo—.