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30/01/2025

Fed mantém e Copom eleva taxa de juros: pressões políticas e impactos no mercado

— “A decisão do Federal Reserve (Fed) de manter a taxa de juros nos EUA em 4,5% ao ano estava dentro do esperado. O Fed optou por uma estratégia de “esperar para ver”, monitorando a evolução dos indicadores econômicos antes de tomar novas medidas. O comitê entende que o balanço de riscos segue equilibrado, com a inflação em trajetória de acomodação e o mercado de trabalho ainda forte, sustentando uma taxa de desemprego próxima de 4%. A grande questão agora é se o Fed sofrerá pressões do novo presidente, Donald Trump, para antecipar cortes de juros nos próximos meses, o que poderia ter impacto direto na política monetária americana e nos mercados globais.

No Brasil, ao contrário do que alguns previam, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por elevar a taxa Selic para 13,25% ao ano, reforçando sua preocupação com a inflação persistente e as expectativas desancoradas para 2025 e 2026. A decisão também busca reafirmar a credibilidade do Banco Central (BC) neste início de mandato do novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, que ainda precisa demonstrar ao mercado sua autonomia em relação ao governo federal.

No entanto, assim como nos EUA, no Brasil também deve haver pressão para conter os aumentos da taxa de juros, que impactam negativamente o desempenho da economia. Isso ocorre porque a Selic é utilizada como taxa de desconto dos ativos, ou seja, quanto maior a taxa de juros, menores os preços dos ativos, como ações, títulos públicos prefixados e imóveis. Além disso, juros mais altos reduzem a atividade econômica, o que deve ser um dos principais pontos de incômodo para o governo federal, que já enfrenta dificuldades de comunicação em relação a medidas como o Pix e pode buscar uma espécie de revanche por meio de um PIB mais forte— comenta Luiz Arthur Fioreze, economista e diretor de Gestão de Fundos da Oryx Capital.