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19/12/2024

China cai nas exportações brasileiras e aumenta nas importações, diz Icomex/ FGV IBRE

O desempenho exportador para a China, entretanto, piorou em relação ao resultado entre 2022 e 2023. A variação entre os acumulados do ano de 2022 e 2023 do volume exportado para o país foi de +29,3% e, na comparação de 2024 202.3. Os Estados Unidos, a variação do valor exportado em 2024, passou para +9,3%. Em termos de volume, foi positiva nas duas bases de comparação, mas o percentual aumentou de +6,4% para +10,7%. Exceto a China, todos os mercados analisados registraram queda nas importações em 2023 e aumento em 2024, mas com um percentual de variação sempre inferior ao da China. Nos Estados Unidos, a variação foi de +3,9% contra uma queda de -21,1%, em 2023. A balança comercial brasileira deve fechar 2024 com superávit entre US$ 74 e US$ 78 bilhões.

A China permanece na liderança como principal mercado das exportações e importações brasileiras. O superávit com o país foi de US$ 31 bilhões, o que representa 44,3% do saldo acumulado da balança comercial até novembro de 2024. No entanto, a participação da China nas exportações cai de 30,7% para 28,6% e aumenta de 21,9% para 24,1% nas importações, na comparação entre o acumulado do ano até novembro de 2023 e 2024. Estados Unidos e União Europeia ganham participação nas exportações e perdem nas importações. Mesmo num cenário de recessão de nosso vizinho, o comércio com a Argentina cresceu em termos de volume tanto para as exportações quanto para as importações, liderado pelo setor automotivo, de acordo com dados divulgados no dia 17 de dezembro (terça-feira) pelo Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da FGV IBRE..

Superávit 2024 deve variar entre US$ 74 e US$ 78 bilhões — O saldo total da balança comercial até novembro de 2024 foi de US$ 69,9 bilhões, inferior em US$ 19,4 bilhões em igual período do ano anterior. A corrente de comércio, porém, foi maior, impulsionada principalmente pelo aumento das importações. No acumulado até novembro de 2024 foi de US$ 554,7 bilhões, superior em US$ 22,8 bilhões a de 2023. Não se esperam fatos novos que possam alterar as principais conclusões e características da balança comercial de 2024. As projeções para o superávit variam entre US$ 74 e US$ 78 bilhões.

A variação em valor dos valores exportados entre o acumulado de novembro de 2022/2023 e do acumulado no mesmo período entre 2023 e 2024 foram muito próximas, +0,5% e +0,4%, respectivamente. A queda no superávit de 2024 em relação ao de 2023 é explicada, portanto, pelo aumento na variação do valor importado, +9,5%, enquanto a variação de janeiro a novembro, (2022/2023) foi negativa, -12,1%.

A variação nos preços e volume dos fluxos de comércio entre 2023 e 2024. No ano até novembro, o volume exportado aumentou +4,2% e o das importações, +16,5%. A queda de preços nas importações (-5,9%) foi maior que o das exportações (-3,5%). Os resultados na comparação entre os meses de novembro mostram comportamento similar, aumento no volume importado (+14,5%) superior ao das exportações (+5,1%), mas a queda nos preços das exportações (-4,3%) foi maior do que nas importações (-3,9%).

No mês de novembro, o aumento das exportações foi liderado pelas não commodities (+14,2%), em comparação com a variação das commodities (+1,1%). Na comparação do acumulado do ano, no entanto, a liderança é das commodities (+6,4%), enquanto houve recuo nas vendas das não commodities (-0,7%). Os preços aumentam para as não commodities e caem para as commodities, nas duas bases de comparação.

Indústria extrativa e transformação — A análise por setor de atividade mostra que a indústria extrativa liderou a variação no volume exportado (+10,5%), seguida da transformação (+3,8%), enquanto a agropecuária registrou recuou de -0,1%, na comparação do acumulado do ano entre 2023 e 2024. Os preços caem para a extrativa e a agropecuária, mas nesse último caso a queda foi de -12,7%. Com esses resultados, o valor exportado da agropecuária recuou em -10,2% e a participação do setor nas exportações totais passou de 23,8% para 20,6%, entre 2023 e 2024. A participação da indústria extrativa, com crescimento em valor de +6,5%, passou de 23% para 24,3% e da transformação passou de 53% para 55%.

O melhor desempenho da transformação está associado às commodities que fazem parte do setor e explicam 49,5% das suas exportações. A variação em volume das commodities da transformação foi de +9,4% e das não commodities, uma queda de -1,3%.

Na comparação interanual do mês de novembro, o comportamento do volume se repete: recuo na agropecuária (-26,4%); aumento na extrativa (+21,9%); e, na transformação (+9,5%).

A variação das importações por setor de atividade. Em todos os três setores, a variação do volume é positiva na comparação interanual do acumulado do ano até novembro. Chama atenção a da agropecuária, +33,1%, mas lembra-se que esse setor explica apenas 2,1% das importações totais da economia. Na comparação entre os meses de novembro, todas as variações são também positivas e novamente lideradas pela agropecuária. Os 5 principais produtos importados em novembro somam 82,6% das importações totais da agro. Registraram variação positiva em toneladas: trigo (+33%); frutas e nozes (+24,3%); milho (+42,7%) e látex (+28%).

Indústria de transformação — É a indústria de transformação, com participação de 91,1%, que explica as variações dos fluxos importados. A análise por categoria de uso das importações da indústria de transformação mostra a liderança na variação por volume dos bens duráveis de consumo (+53,4%), seguido dos bens semiduráveis (+27,7%), capital (+23,8%), intermediários (+14,5%) e não duráveis (+10,0%).

O aumento dos bens duráveis foi explicado ao longo de 2024 pelo crescimento das importações oriundas da China de carros elétricos. O pico foi em junho, quando foi registrada uma variação de +320% em relação a junho de 2023.

É preciso, porém, discriminar as participações das categorias de uso para avaliar a contribuição de cada uma no aumento das importações. A participação de cada categoria e a contribuição para o aumento das importações entre os acumulados do ano de 2023 e 2024 até novembro.

A maior participação é dos bens intermediários (65,4%), que registraram contribuição de 34,0% para o aumento das importações entre os acumulados do ano até novembro. Em seguida, os bens de capital, com participação menor em 52 pontos percentuais do que a dos bens intermediários, mas com uma contribuição de 31,3%, próxima a dos bens intermediários. Os bens duráveis de consumo, embora com participação de 4,9%, ficaram em terceiro lugar em termos de contribuição para o aumento das importações, 16,5%.

A variação das compras de bens intermediários e de bens de capital pela agropecuária e a transformação. Variações positivas nas importações de máquinas e equipamentos para a transformação e recuo para a agropecuária sinalizam investimentos na primeira e expectativas não favoráveis e/ou estoque de capital considerado satisfatório. Ressalta-se que na comparação entre o acumulado do ano de 2023 e 2022, a variação para a agro, +31,9%, era superior a da transformação,+2,3%. Para os bens intermediários, as variações são positivas para os dois setores, próximas em novembro, mas no acumulado do ano, a variação da transformação foi de +15,0% e da agro, 7,7%. Mais um sinal de um desempenho menos favorável da agro em relação à transformação.

China — A China permanece na liderança como principal mercado das exportações e importações brasileiras. O superávit com o país foi de US$ 31 bilhões, o que representa 44,3% do saldo acumulado da balança comercial até novembro de 2024. O desempenho exportador para a China, entretanto, piorou em relação ao resultado entre 2022 e 2023. A variação entre os acumulados do ano de 2022 e 2023 do volume exportado para o país foi de +29,3% e, na comparação de 2024 com 2023, o percentual foi de +1,2%, O valor exportado entre 2022/2023 havia sido de +14,7% e no presente ano foi registrada uma queda de -6,4%. No caso das importações, a China liderou o aumento das importações, em 2024, +38,1%, enquanto em 2023, seguindo a tendência de retração nas importações, o aumento havia sido de +0,1%.

EUA — Para os Estados Unidos, a situação entre 2023 e 2024 se inverteu. Em 2023, na comparação com 2022, a variação do valor exportado foi negativa (-1,8%) e em 2024, passou para +9,3%. Em termos de volume, foi positiva nas duas bases de comparação, mas o percentual aumentou de +6,4% para +10,7%. Exceto a China, todos os mercados analisados registraram queda nas importações em 2023 e aumento em 2024, mas com um percentual de variação sempre inferior ao da China. Nos Estados Unidos, a variação foi de +3,9% contra uma queda de -21,1%, em 2023.

Argentina — Na Argentina, a queda do crescimento do país se refletiu esse ano com a retração no volume exportado de -20,1% e, em valor de -21,4%. As importações aumentaram em volume +11,8%, sendo 40% explicadas por veículos de passageiros e para transporte de mercadorias.

União Europeia — Para a União Europeia, a variação no volume exportado ficou positiva em 2024, +5,7%, e o volume importado cresceu +0,9%. Em termos de valor, as variações dos fluxos comerciais que haviam sido negativas, ficaram positivas, exportações (+6,5%) e importações (+5,1%). Com esses resultados o superávit até novembro no valor de US$ 1,5 bilhões já havia superado o registrado no ano de 2023, US$ 876 milhões.

A queda no valor exportado para a China e aumento para os outros principais mercados reduziu a participação do país nas exportações brasileiras de 31,0% para 29,1%, entre os acumulados do ano até novembro de 2023 e 2024. Em contrapartida, ganharam participação a União Europeia, de 13,6% para 14,4%, e os Estados Unidos, de 10,8% para 11,7%. No caso da Argentina, o percentual caiu de 5,1% para 4,0%. Nas importações, a China avançou de 22,2% para 24,5%, enquanto Estados Unidos e União Europeia perdem, mas diferenças são de um ponto percentual para a União Europeia (18,0% em 2024) e de 0,4 pontos para os Estados Unidos (15,4%, em 2024). No caso da Argentina não mudou, 5,1%.

As variações na comparação mensal e no acumulado do ano até novembro para os principais mercados. No caso das exportações chama a atenção o recuo de -21,9% no volume exportado para a China e o aumento de +41,7% para a Argentina, na comparação mensal do mês de novembro. Nas importações mensais, as principais variações positivas estão com a China (+33,4%) e a Argentina (+20,0%). A dinâmica do comércio com a Argentina está associada ao setor automotivo.

Na evolução dos termos de troca — Observa-se que a partir de maio, os termos de troca melhoram, com uma variação de +5,7%, entre maio e novembro. Esse resultado é explicado pela queda nos preços, -4,9%, nesse mesmo intervalo de tempo, pois os preços exportados ficaram relativamente estáveis, +0,3%.