Com a proximidade dos últimos dias do ano, muitos vivenciam o que é conhecido como “Síndrome do Final de Ano”. Esse período costuma trazer um aumento nos casos de ansiedade, que já afeta 9,3% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nessa época, as pessoas tendem a refletir sobre o ano que passou, avaliar as metas alcançadas ou não e se preparar para o início de um novo ciclo. Esse processo, no entanto, pode gerar um intenso estresse emocional, capaz de desencadear crises de ansiedade ou episódios depressivos.
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, com mais de 18 milhões de pessoas convivendo com transtornos de ansiedade. A sensação de encerramento de um ciclo, aliada ao início de outro, pode intensificar sentimentos de aflição, especialmente para aqueles que enfrentaram perdas significativas ao longo do ano. É importante distinguir tristeza de depressão: a tristeza é uma reação natural às perdas ou às metas não atingidas, enquanto a depressão se manifesta como uma paralisação diante dos desafios, acompanhada de pensamentos negativos e dificuldade para agir.
O excesso de compromissos sociais, a cobrança por produtividade no trabalho e o esgotamento físico e emocional acumulado ao longo do ano são fatores que também contribuem para a “Síndrome de Final de Ano”, e tudo isso pode gerar ansiedade, irritabilidade, fadiga e até crise de pânico.
Além disso, a perda do emprego, a falência de um negócio, a morte de um parente, uma doença na família e problemas financeiros, são alguns gatilhos que desencadeiam essa ansiedade, tristeza e até mesmo uma depressão. Nesse contexto, os sintomas não devem ser ignorados e o melhor é buscar ajuda profissional.
Vale lembrar que crianças, adolescentes, adultos e idosos vivem o final do ano de formas diferentes. Cada fase da vida vai gerar uma expectativa diversa frente a tal período.
O apoio familiar e de amigos tem um papel essencial para a maioria das pessoas. Em contrapartida, a falta desse suporte pode agravar a sensação de solidão e os sentimentos negativos. As redes sociais também contribuem para essa ansiedade ao promover comparações desiguais, já que muitas pessoas compartilham apenas momentos felizes, o que pode acentuar o desânimo de quem não se sente bem.
Se o indivíduo não está bem, ele deve buscar suporte nas pessoas que são importantes para ele e tentar focar em suas conquistas e não no que não foi alcançado. Fazer um balanço de perdas e ganhos, repensar as formas para o alcance de objetivos, é fundamental. Os projetos para o futuro ajudam a combater os sentimentos de tristeza que surgem no final do ano.
• Por: Andreia Calçada, psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos e autora do livro “Perdas irreparáveis – Alienação parental e falsas acusações de abuso sexual”.