Evento abordou rastreabilidade, sustentabilidade, tecnologia, uso de IA, políticas regulatórias, agenda macroeconômica e tendências mercadológicas. Edição foi a primeira a compensar emissões de CO2 para zerar a pegada de carbono.
O 9º Congresso Internacional Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), maior encontro de empresários e executivos do setor no Brasil, reuniu mais de 450 congressistas, empresários de todos os elos da cadeia produtiva, especialistas e formadores de opinião do Brasil e do exterior. O evento realizou-se nos dias 30 e 31 de outubro (quarta e quinta-feira), no auditório do SENAI Cimatec, em Salvador (BA) e contou, dentre outros, com o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos, além do diretor-superintendente e presidente emérito da Abit, Fernando Pimentel na abertura oficial.
A cerimônia de abertura foi conduzida por Valente Pimentel, que destacou providências necessárias para o desenvolvimento do setor em um cenário desafiador, com número crescente de entrantes internacionais. —Além da agenda macroeconômica, nossa resposta precisa ser muito direta, com inovação, políticas transformadoras, expansão do Reintegra, que é a devolução dos impostos acumulados nas vendas externas, não só das pequenas, mas também das grandes empresas. Teremos de concluir a reforma tributária em curso, com um sistema racional, que não onere e não gere tantos contenciosos como temos no País. É preciso criar um ambiente mais sólido para os negócios, com segurança jurídica, física e patrimonial— ressaltou.
Na ocasião, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, anunciou planos para fortalecer o setor no Estado. Também expressou seu compromisso com a segurança jurídica e a viabilidade dos negócios. —Fizemos investimentos estruturantes em estradas, buscando portos, aeroportos e aeródromos, em prol da mobilidade de pessoas e de cargas, garantindo a produção e um ambiente seguro de energias renováveis— salientou.
O presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, avaliou a realização do evento em Salvador como uma alavanca para o desenvolvimento da indústria têxtil e de confecção. —Vamos trilhar esse caminho de fortalecimento dessa cadeia produtiva. Nada mais adequado do que estar neste congresso, que reverte numa expectativa muito grande, porque as discussões e a divulgação de conhecimento certamente serão fundamentais para essa industrialização tão desejada por todos nós—afirmou.
Mais de 450 pessoas, entre empresários da cadeia produtiva, especialistas, autoridades e formadores de opinião do Brasil e do mundo, interagiram na edição de 2024 do Congresso Internacional Abit. Com o tema “Conexões Brasil – Mundo: Caminhos Estratégicos para Competitividade”, o evento apresentou oportunidades para debater o posicionamento estratégico da indústria têxtil e de confecção brasileira no mercado global, também resgatando questões abordadas em edições anteriores para refletir sobre inovação e analisar as mudanças da sociedade contemporânea e que impactam todo o ecossistema da moda.
Estudo Têxtil da Bahia —Durante o Congresso, foi lançado o “Estudo Têxtil da Bahia”, realizado pelo Observatório da Indústria FIEB, com apoio do IEMI – Inteligência de Mercado e do Senai Cimatec. O relatório contém informações relevantes do segmento na esfera estadual, destacando a vocação da Bahia para o desenvolvimento do ambiente de negócios dos têxteis e confeccionados, amparada por um balanço histórico e uma projeção do potencial do setor.
Programação multidisciplinar —A programação diversificada garantiu uma exploração das tendências mercadológicas, dos cenários e direcionadores estratégicos do setor têxtil global, além das potencialidades e vulnerabilidades da indústria brasileira para se alinhar com essas tendências e aumentar seu market share internacional. Realizou-se quiz com a plateia para gerar interação e intensificar os debates.
“Nova Realidade Mundial e seus Impactos” foi o tema da palestra inaugural, proferida pelo embaixador Roberto Azevêdo, que foi diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) de 2013 a 2020. Ele apontou três grandes rupturas estruturais na realidade mercadológica global: a revolução digital; o novo cenário de tensões geopolíticas; e a agenda ambiental e climática. A rastreabilidade, frisou, virá com muita força e as empresas precisam preparar-se com urgência.
O “Painel 1 – Explorando os Mercados Internacionais” abordou o consumo fashion no mundo, tecnologia e a internacionalização do setor têxtil e de confecção em mercados internacionais. A moderação foi da superintendente de projetos estratégicos da Abit, Lilian Kaddissi, com os expositores Manoela Amaro, CEO da BLANC; Mariana Pavan, cofundadora e diretora criativa da Maria Pava; e Michel Piroutek, analista da Euromonitor. O grupo debateu os desafios da internacionalização e as estratégias de como posicionar macas brasileiras no exterior.
No segundo painel, “Políticas Regulatórias Globais – Impactos no comércio”, Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), abordou as políticas regulatórias pelo mundo. Participaram David F. Olave, conselheiro de política comercial da Sandler, Travis & Rosenberg; Marcella Cortez, da Farm Rio; Mário Jorge Machado, presidente da Euratex; e Renata Amano, diretora da Fiação de Seda Bratac. Políticas regulatórias, rastreabilidade e qualidade dos produtos, além de compliance e sustentabilidade, pautaram os debates.
O terceiro painel abordou “Política Industrial como Fator-Chave para Competitividade”, instigando análises sobre as cadeias globais de valor, a Nova Indústria Brasil (NIB) e questões de investimentos e inovação. Os debatedores foram: Fabrício Silveira, superintendente de Política Industrial da CNI; Flavia Kickinger, do Departamento de Bens de Consumo, Comércio, Economia Criativa e Serviços do BNDES; Mariele Christ, coordenadora de Indústria e Serviços da Apex-Brasil; Rodrigo Soares, do Sebrae Nacional; e William Rospendowski, superintendente da Finep. A mediação coube a Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit.
Em 31 de outubro, a palestra que abriu o último dia do congresso destacou o tema “Megatendências de Consumo e seus Impactos no Mundo dos Negócios”. Com mediação de Fernando Pimentel, a expositora, Camila Toledo, diretora da Fashion Snoops, enfatizou a importância da inteligência artificial nos negócios como ferramenta para analisar dados nesta “era da responsabilidade mais produtiva”, abordando macrotendências e o perfil de consumo da geração Z.
O quarto painel “Inovação, Tecnologia e Novos Modelos de Negócios” teve a participação de Anna Araripe, diretora de Marketplace no Mercado Livre; Cassiano Lemos, COO da Arezzo&Co; e Cecília Rapassi, sócia-fundadora da Gouvêa Fashion Business. Os executivos apresentaram análises para repensar a cadeia de valor da moda a partir de dados sobre os perfis dos consumidores, tecnologias para customizar experiências e como planejar estratégias específicas para produtos de diferentes segmentos.
“O Desenvolvimento Sustentável como driver estratégico para a competitividade” foi o tema do quinto painel, com a presença de: Lars Fogh Mortensen, representante da EU Institution; Leandro Ito, gerente divisional de Sustainable Supply Chain (SSC) da C&A; Paulo Costa, cofundador e consultor da Nova Kaeru; Sissi Alves da Silva, coordenadora-geral de Bioeconomia e Economia Circular; e Viviane Cecilia Lunelli, CEO da empresa Lunelli. Foram abordados os desafios para o setor, passando por critérios de regulamentação, mudanças climáticas, recursos naturais, gestão de resíduos e preservação da biodiversidade.
O sexto painel “O Novo Consumidor: Oportunidades e Desafios” abordou as oportunidades e desafios para atender ao novo consumidor, reunindo Edwina Kulego, vice-presidente de Desenvolvimento Internacional e de Negócios da Informa Markets Fashion; Martha Torres e Pedro Fernandes, sócios da McKinsey; e Rogério Guimarães, diretor de Marca do Grupo Lupo Sports.
“Ansiedade de Futuro: como se preparar transformando incertezas em oportunidades”, a palestra de encerramento, foi proferida por Daniela Klaiman, fundadora e CEO da FutureFuture. Ela apresentou insights sobre o futuro, baseados nas crises simultâneas envolvendo mudanças climáticas, geopolítica e na polarização no mundo, além de indicar mindsets para lidar com o cenário global nos próximos anos, privilegiando: bem-estar e saúde, oferecendo produtos com sensações e experiências confortantes ao consumidor; e a bioeconomia, via produtos dentro das regras cada vez mais sustentáveis.
Congresso Abit —A nona edição do Congresso Abit ocorreu nos dias 30 e 31 de outubro(quarta e quinta-feira), contando com os seguintes parceiros estratégicos: DeMillus, SENAI Cetiqt, Vicunha. Apoios institucionais: Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira), uma parceria da Abit com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), MDIC, Fieb e mais de 60 patrocinadores. Com mais de 450 participantes, o evento reuniu mais de seis painelistas e 18 speakers, nacionais e internacionais. A cobertura do evento poderá ser conferida no site Link
Abit — A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), fundada em 21 de fevereiro de 1957, é uma das mais importantes entidades dentre os setores econômicos do País. Representa a força produtiva de 24 mil empresas instaladas por todo o território nacional, de todos os portes, que empregam mais de 1,3 milhão de trabalhadores e geram, juntas, um faturamento anual (em 2022) de R$ 193 bilhões.