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06/11/2024

Iluminações poéticas: arte do reino saudita no Paço Imperial

A primeira coletiva itinerante de arte contemporânea saudita inicia sua jornada mundial no Paço Imperial, Rio de Janeiro, a partir de 13 de novembro. A mostra, que no Brasil terá o nome de Iluminações Poéticas, traz à luz a história da Arábia Saudita tecida em termos artísticos e enriquecida pelas questões do presente.

A exposição apresenta ao público brasileiro trabalhos de alguns dos artistas contemporâneos mais representativos da Arábia Saudita, de modo a impulsionar um entendimento mais global sobre a evolução do panorama artístico no Reino saudita. Após sua estreia no Brasil, a mostra fará uma turnê mundial, que começa em 2025, no Museu Nacional da China, em Beijing.

—É possível nos aproximarmos de uma cultura específica através de uma exposição de arte contemporânea? De que maneira as artes visuais contribuem para a reconfiguração das narrativas que construímos a respeito da sociedade, da memória, do passado e do presente?— É na convergência dessas duas questões que se encontra a raiz da exposição, explica a curadora da mostra Iluminações Poéticas, Diana Wechsler.

—Por meio de uma seleção de artistas e obras, a mostra procura aprofundar-se nestes aspectos, presumindo que a matéria da arte — em termos conceituais — é a iluminação poética, aqui entendida como sua capacidade de iluminar, simbolicamente, aspectos do mundo e das realidades que habitamos, incluindo aqueles que fazem parte de nosso passado e também de nossos sonhos, anseios e fantasias — destaca a curadora.

Simbolismo, história, memória e tradição cultural — As 25 obras de 17 artistas sauditas, reunidas no Paço Imperial, têm profundas raízes na história, na simbologia, na memória e na tradição cultural do país — além de questões que envolvem consciência ambiental, origens e identidade. A diversidade de estratégias visuais e materiais, somadas à visão particular de cada artista, moldam uma cultura visual contemporânea e complexa, que reflete uma matriz cultural comum.

Deste rico conjunto emergem dois vetores principais: o primeiro é o deserto, como definição de espaço, infinito e vida; o segundo é a singularidade da tradição cultural, assim como o desenvolvimento de uma cultura visual própria, que envolve passados e presentes distintos.

— Neste rico emaranhado de inquietudes, a cultura da Arábia Saudita é tecida em termos artísticos e se enriquece a partir das perguntas do presente — reafirma a curadora Diana Wechsler. — Além de explorar os dois núcleos temáticos, é importante atentar para as interseções que surgem entre eles. Boa parte do interesse e dos atrativos da exposição residem, justamente, em perceber e captar esses diálogos —garante.

O poder da arte — Mona Khazindar, conselheira do Ministério da Cultura da Arábia Saudita, a arte tem o poder de unir pessoas e culturas. —A mostra é um exemplo dessa missão, uma vez que se coloca não apenas como testemunho do incrível talento dos artistas contemporâneos sauditas – destaca. —Ao inaugurar a turnê da mostra itinerante no Rio de Janeiro, nosso objetivo é impulsionar o diálogo entre culturas e o entendimento por meio da arte — destaca. —Além disso, a mostra lança uma plataforma por meio da qual os artistas podem compartilhar suas histórias e perspectivas com o mundo inteiro — frisa.

À medida que o Reino avança numa jornada de transformação cultural sem precedentes, a mostra Arte do Reino | Iluminações Poéticas oferece uma oportunidade rara para que o público explore os caminhos pelos quais a arte contemporânea saudita contribui para dar forma a novas narrativas culturais.

Por dentro da mostra: algumas obras — O percurso expositivo tem início logo na entrada do Paço Imperial, com a obra de Muhannad Shono, The Ground Day Breaks (2024), uma grande instalação de areia que ocupa o pátio interno da instituição.

—Tudo deriva do grão e acaba voltando para ele —diz Muhannad Shono, que frequentemente escolhe a areia como material para suas obras. Nesse caso, é areia de fundição, do tipo usado para moldar objetos. Seu uso expira com o tempo. O círculo como forma infinita, no sentido de que não tem começo nem fim, encontra o seu limite em seu projeto criativo: se abre e se expande; a areia com que trabalha envelhece; e, apesar da operação de recuperação, tende a desbotar. Como metáfora do desenvolvimento das sociedades ao longo do tempo e do planeta, em termos ambientais, Shono situa esta poderosa mas frágil instalação no espaço do Paço imperial, submetendo-a à observação de quem a rodeia e a explora com as suas próprias questões existenciais.

Segundo a curadora Diana Weschler, —todos os artistas se encontram no mesmo ponto, em termos de pesquisa e do questionamento de seu ambiente cultural. A partir daí, tentam entender o modo como estão vivendo e como o seu ambiente foi construído, tanto em termos culturais quanto naturais—.

Iluminações Poéticas , com abertura no dia 09 de novembro(sábado), das 14 às 19 horas, no Paço Imperial – Praça Quinze de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro/RJ. Entrada gratuita, de terça a domingo e feriados, das 12 às 18 horas. Até 12de janeiro de 2025. Telefone [+55 21 2215 -2093].