O roubo de cargas nas estradas brasileiras preocupa, pois afeta uma das engrenagens da economia nacional: as rodovias, que são o principal meio de transporte de cargas do país, com seus 1,7 milhão de quilômetros. Para fazer frente às perdas causadas pela ação de criminosos, transportadoras e motoristas têm se amparado cada vez mais no Seguro de Responsabilidade Civil de Desvio de Carga. Levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) mostrou que no primeiro semestre de 2024 a procura pelo produto cresceu 29%, somando um faturamento de R$ 628,4 milhões.
A maior procura por proteção por parte das empresas se justifica pelo elevado índice de roubo de cargas no Brasil, que se refletiu no pagamento de indenizações no primeiro semestre de 2024. Ao todo, o mercado segurador desembolsou cerca de R$ 252 milhões em indenizações por cargas roubadas no Brasil, entre janeiro e junho, alta de 2,4% se comparado com igual período de 2023. Dos estados que mais se destacam no pagamento de indenizações, São Paulo é o primeiro com R$ 148,7 milhões (+1%), seguido por Minas Gerais com R$ 29,7 milhões (+67,2%) e Rio Grande do Sul com R$ 13,6 milhões (+32,6%). Na arrecadação, o estado paulistano lidera o ranking nacional, com R$ 310,4 milhões (+32,3%), seguido pelo Paraná (+10,2%) e Minas Gerais (36,6%), com aproximadamente R$ 51,6 milhões cada.
Segundo Andréia Padovani, presidente do Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais (Sindseg-MG/GO/MT/DF), o aumento no valor de indenizações pagas no estado reflete não apenas o crescimento das operações criminosas, mas também a maior conscientização e busca por proteção por parte das empresas. —O impacto dessa atividade criminosa é sentido diretamente no mercado de seguros, que tem respondido com agilidade para oferecer soluções adequadas às transportadoras. Entretanto, é essencial que os setores público e privado trabalhem juntos para reforçar a segurança nas estradas e combater esse crime de maneira eficaz, garantindo a continuidade das operações logísticas e o crescimento econômico —afirma.
De acordo com o relatório Análise de Roubo de Cargas, da nstech, São Paulo é o estado que somou o maior índice de roubo de cargas no período, com 47,2%, englobando cargas diversas e gêneros alimentícios, ficando à frente do Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 18,7% e 14,2%, respectivamente. Os três estados colocaram a Região Sudeste com a maior taxa desse tipo de crime, com 80,6% do total nacional de prejuízos.
Não é coincidência o fato de a região que abriga algumas das principais empresas, armazéns e maiores portos do país, também ser um dos alvos preferenciais para quadrilhas de roubo de carga. Para o diretor-executivo do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sindseg SP), Fernando Simões, o roubo de cargas no estado é um desafio que afeta toda a cadeia logística. —Além das providências da administração pública para aumentar a segurança, transportadores e seguradoras devem trabalhar juntos na prevenção e mitigação dos riscos. A colaboração é fundamental para enfrentar esse problema de forma eficaz —explicou.
Se comparado com o consolidado nacional, o Sudeste também detém a maior participação na arrecadação deste seguro, com R$ 394 milhões, e na indenização, com R$193,6 milhões, somando respectivamente 62,7% e 81,7% de participação no total comercializado no país. São Paulo, por sua vez, foi o responsável por alavancar a região, representando 78,8% do arrecadado e 76,8% do indenizado.
O presidente da Comissão de Seguro de Transportes da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Marcos Siqueira, destaca que é preciso estar atento aos períodos de sazonalidade, quando costumam subir os índices de roubo e furto de mercadorias. —Datas comemorativas como Páscoa, Natal, Ano Novo, Dia dos Pais e das Mães, e principalmente Black Friday, além do período de alta safra do agronegócio, como café, arroz, milho e soja, merecem atenção especial não apenas pelo aumento no volume transportado, mas também pela maior vulnerabilidade a desvios de carga. Nessas épocas, a proteção completa do seguro é essencial para mitigar riscos e garantir a segurança de mercadorias tão valiosas —afirma.
O Seguro Desvio de Carga é responsável pela indenização no caso de desaparecimento total da carga, roubo durante o trânsito ou nos depósitos e armazéns (desde que a carga esteja carregada no veículo transportador), ou roubo praticado durante viagem fluvial complementar à viagem rodoviária, exclusivamente na região Amazônica. Ele é voltado para o transportador rodoviário de carga, ou seja, para a empresa responsável por realizar a movimentação da carga relacionada no Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Cnseg —A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) congrega as empresas que compõem o setor, reunidas em suas quatro Federações (FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap). A missão central da CNseg é prover serviços que melhoram a vida das pessoas e a realização dos negócios, permitindo o crescimento da economia brasileira. Acompanhe as novidades sobre o trabalho da CNseg no site cnseg.org.br ou no portal noticiasdoseguro.org.br, maior hub de notícias sobre o setor. Siga ainda os canais da CNseg no Facebook, LinkedIn, Instagram e Youtube.
FenSeg — A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) representa mais de 90 ramos no segmento de seguros gerais, abrangendo danos e responsabilidade civil, que se traduzem em coberturas para automóveis, satélites, residências, obras de infraestrutura, produção agrícola, aparelhos celulares, riscos cibernéticos e tantos outros. Tem como missão ser a porta-voz de suas associadas perante o Poder Público, buscando o fortalecimento de suas relações com a sociedade, de forma a contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.