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01/10/2024

Natura vai zerar emissões líquidas de carbono até 2030

Em meio ao agravamento da crise climática, empresa antecipa suas metas de descarbonização em plano inédito de transição climática para zerar emissões nos escopos 1 e 2 nos próximos seis anos.

A Natura acaba de lançar um plano de transição climática para zerar suas emissões de carbono até 2030. A empresa já é carbono neutro desde 2007. Esse compromisso, conhecido como “net zero”, antecipa em duas décadas as metas estabelecidas no Acordo de Paris. O plano inédito desenha a estratégia da companhia para aumentar a resiliência às mudanças do clima, com um olhar para a justiça climática e a regeneração do meio ambiente.

Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura, ressalta que o plano responde à urgência de descarbonizar a economia como forma de mitigar e impedir o avanço de eventos climáticos extremos já evidentes no Brasil, como as enchentes no Rio Grande do Sul, a seca na Amazônia e as queimadas que assolam diversas regiões — em setembro, São Paulo registrou a pior qualidade do ar do mundo. —Esses eventos são um reflexo direto da crise climática e é preciso agir para reverter esse cenário. Por isso, o Plano de Transição Climática da Natura foca não só na compensação, mas na regeneração e na redução efetiva de carbono em todas as cadeias do nosso negócio. Neutralizar emissões de carbono era importante 20 anos atrás, hoje é preciso parar de emitir —afirma.

Neste contexto, a diretora salienta a importância de o setor empresarial estar alinhado à agenda global e fazer as evoluções necessárias nos modelos de negócios para cumprir seus compromissos climáticos. —Sem um plano de descarbonização consistente e acelerado, as empresas acabam repassando a responsabilidade e as consequências das suas emissões para o consumidor e para a sociedade. Na Natura, acreditamos que é fundamental manter um compromisso real e transparente, para garantir que estamos fazendo nossa parte para enfrentar a crise do clima e proteger o futuro para todos—explica.

Para o plano de transição climática, a Natura categoriza suas emissões em três escopos. O escopo 1 abrange as emissões diretas das operações da empresa. Já o escopo 2 trata das emissões indiretas, como as resultantes do consumo de eletricidade. A meta da Natura é atingir o net zero em ambas as categorias até 2030, o que representa uma redução de 90% das emissões em comparação a 2020. Embora continue adquirindo créditos de carbono equivalente às emissões remanescentes, a Natura está focada em zerar suas emissões, recorrendo à compensação do CO2 residual apenas como último recurso.

Para o escopo 3, que exige um esforço de toda a cadeia de negócios, incluindo transporte e o ciclo de vida dos produtos, a meta é uma redução de 42% até o final da década. —Sem a colaboração ativa dos nossos parceiros, não conseguiremos alcançar o net zero. Por isso, promover o envolvimento de toda nossa rede na busca por soluções inovadoras é fundamental— diz Angela. A Aliança Regenerativa, uma coalizão formada por fornecedores da Natura e da Avon no início deste ano, é uma das ações criadas com esse objetivo. O grupo já tem mais de 90 signatários e vem recebendo capacitação para reduzir as emissões de GEE em suas cadeias, com acesso exclusivo a projetos de inovação e a especialistas em sustentabilidade da Natura.

Além disso, para melhorar a eficiência e promover a transição energética em suas operações diretas na América Latina, a Natura está implementando uma série de ações, como a modernização das caldeiras, para possibilitar o uso dos chamados combustíveis do futuro, como o biometano e o hidrogênio verde, além de melhoria dos sistemas de refrigeração e ar-condicionado, utilização de eletricidade de fontes renováveis e a otimização da frota de veículos. A companhia prevê investir mais de R$35 milhões para reduzir 90% das emissões dos escopos 1 e 2, dependendo da viabilidade das soluções em cada região de atuação.

Justiça climática e ciência —Para descarbonizar suas operações com metas alinhadas ao cenário de 1,5ºC do Acordo de Paris, validadas pela Science Based Target Initiative (SBTi), a Natura também aumentará seus investimentos em agricultura regenerativa, tecnologias verdes, embalagens sustentáveis e produtos de baixo carbono.

Entre os exemplos de inovação regenerativa está o SAF Dendê. Localizado em Tomé-Açu, no Pará, é o primeiro sistema agroflorestal para cultivo sustentável de palma no mundo. Desde 2008, a área foi expandida de 18 para 413 hectares e visa alcançar 40 mil hectares até 2035. O SAF Dendê já fornece óleo de dendê para a linha Natura Biōme, que utiliza embalagens zero plástico.

No campo dos produtos, o plano inclui acelerar inovações baixas em carbono, como o Ekos Hidratante Concentrado de Castanha. Com 81% menos plástico em comparação com o refil convencional, é envasado em frasco refilável e reduz em 20% as emissões no transporte. Atualmente, mais de 75% do PET usado nas embalagens da Natura é reciclado pós-consumo, e o plástico verde feito de cana-de-açúcar continuará sendo parte essencial da estratégia de redução de emissões.

A justiça climática também ganha protagonismo no novo plano, com a intensificação das ações junto às comunidades agroextrativistas para garantir que suas necessidades, direitos e vozes sejam ativamente considerados no desenvolvimento de soluções climáticas. Até 2030, a empresa prevê que 50% dos créditos de carbono sejam adquiridos na Amazônia, com preferência para comunidades parceiras que já fornecem bioativos para seus produtos.

— As consequências da crise climática são mais severas para as populações em maior vulnerabilidade, que têm menos capacidade de resistir e de se adaptar aos seus efeitos. Por isso, estamos ampliando nossa conscientização cidadã e aprimorando nossos protocolos de apoio a calamidades, como já fizemos neste ano no Rio Grande do Sul e agora implementamos na seca na Amazônia e em regiões afetadas pelas recentes queimadas —acrescenta Angela.

Até o momento, a Natura evitou mais de 1,6 milhão de toneladas de emissões de carbono e adquiriu 4,7 milhões de créditos em quantidade igual ou superior a 100% das emissões não evitadas. A estratégia referente ao ano de 2022 foi reconhecida, em junho deste ano, com o selo Platina de Integridade de Carbono, emitido pela Iniciativa de Integridade dos Mercados de Carbono Voluntários (VCMI, na sigla em inglês). A Natura é a primeira indústria e a única empresa de economia emergente a conseguir esse reconhecimento.