A 6ª edição da publicação da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro destaca a retomada do setor a partir das demandas do mercado de óleo e gás. Lançamento do estudo ocorreu no dia 20 de agosto (terça-feira), onde aponta o crescimento de 20% no número de empregos no mercado naval nacional nos últimos cinco anos.
Nos últimos anos, o mercado naval brasileiro apresenta crescimento tanto no país quanto no Rio de Janeiro. Levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com base nos CNAES relacionados ao mercado naval, aponta um crescimento nos postos de trabalho de 30% no estado do Rio de Janeiro e 20% no país no período 2019-2023. Este cenário também se reflete nos primeiros cinco meses deste ano, com uma alta de 4,8% no Rio de Janeiro e 4,2% no Brasil em relação a 2023. Em todo o país foram mapeados 178 mil empregos no período.
Os dados integram a 6ª edição do Panorama Naval no Rio, publicação bianual da Firjan SENAI SESI lançada no dia 20 de agosto (terça-feira) em evento na sede da federação com a participação de empresários do mercado e autoridades públicas. A edição 2024 destaca a importância da geração de emprego e renda no país, bem como, da atuação do Fundo da Marinha Mercante (FMM) no fomento deste setor e seu potencial de contribuição nesse sentido.
Participaram do lançamento do estudo o secretário Nacional de Hidrovias e Navegação do Ministério de Portos e Aeroportos, Dino Antunes Batista; o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci; o subsecretário-adjunto de Energia e Economia do Mar do estado do Rio de Janeiro (Seenemar), Marcelo Felipe Alexandre; e o vice-presidente da Firjan, Raul Sanson.
Já o painel com os parceiros da publicação contou a presença de Lilian Schaefer, vice-presidente executiva da Syndarma/Abeam; Leandro Pinto, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore da Abimaq; José Luiz Canela, almirante e superintendente de Pesquisa e Pós-graduação da Escola de Guerra Naval; Luiz Gustavo Cidade, CEO da BioRen; Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval; Vinícius Patel, diretor de Administração Portuária do Porto do Açu; Lara Calado, coordenadora de Políticas de Fomento do Fundo da Marinha Mercante (FMM); e a gerente-geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso.
Com participação na publicação e apoio institucional, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) enfatiza que, nos primeiros 18 meses do atual governo, foram priorizados R$ 25,71 bilhões em projetos. Áreas já tradicionais, como as de petróleo e navegação interior, bem como novos mercados como eólicas offshore e desmantelamento e reciclagem de plataformas e embarcações, são consideradas essenciais para aquecer as demandas dos estaleiros nacionais, segundo o MPor.
— Esta edição do Panorama Naval no Rio vem em um momento de grande expectativa do mercado sobre uma concreta retomada da indústria naval no país. Um aumento da participação da indústria nacional na construção de embarcações para o atendimento das demandas de óleo e gás e outros mercados, de forma sustentável e com aumento da competitividade da indústria, é pauta de grande mobilização das entidades governamentais e representantes da indústria — afirma o vice-presidente, e presidente eleito da Firjan, Luiz Césio de Souza Caetano Alves.
Diante deste contexto, a publicação reforça a importância de qualificar as discussões sobre as diferentes questões e áreas de atuação que abrangem este mercado, trazendo a visão e as perspectivas de instituições e empresas que contribuem de forma significativa para o sucesso da indústria naval e offshore do país.
Indústria naval fluminense — A indústria fluminense possui diversos diferenciais competitivos na área naval. Berço da indústria naval brasileira e maior parque fabril neste mercado, o estado do Rio possui cerca de 50% dos estaleiros de grande porte do país e uma indústria capaz de atender diferentes graus de complexidade tecnológicas demandados pelo setor.
—O posicionamento estratégico do estado, próximo aos maiores campos produtores de óleo e gás e dos maiores centros industriais do país, incluindo o fornecimento de aço, é outro fator de destaque para nossa indústria naval fluminense— destaca a gerente-geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso.
Pauta frequente nas discussões sobre a retomada da indústria naval, as questões sobre qualificação e capacitação profissional não poderiam ficar de fora da 6ª edição do Panorama Naval do Rio. Participando da publicação, a Escola de Guerra Naval reforça a contribuição da Marinha do Brasil para o país no elevado nível de capacitação científica, industrial e técnica para o atendimento aos desafios impostos pelas Forças Armadas, mas também do setor produtivo.
Navegação e apoio Marítimo — A navegação de apoio marítimo é, de fato, um caso de sucesso a contribuir para o bom desempenho dos mercados navais e offshore do país. Como representantes destas empresas, o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma) e a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) destacam o fato de o país ter uma representatividade de cerca de 85% das 434 embarcações em operação de apoio marítimo no país, operando sob bandeira brasileira. O artigo ainda aborda a importância da política pública de Estado para a navegação no Brasil, com exemplos internacionais de forma comparativa.
Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que por meio de sua Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore (CSENO), ressalta o fato de que os mercados de navegação e de fornecedores de equipamentos podem se beneficiar de um crescimento mútuo, além de explorar o tema da inovação como essencial para o fortalecimento da indústria nacional.
Descomissionamento dos campos de petróleo — Tema de grande interesse e com potencial de gerar grandes demandas para a indústria nos próximos anos, o descomissionamento dos campos de petróleo e gás também fez parte do conteúdo da edição 2024. O empreendimento do Porto do Açu apresenta como tem se preparado para encarar os desafios deste mercado e seus diferenciais competitivos. Também é destacado o fato de o produto siderúrgico oriundo de material reciclado nesse processo, emitir menos CO2 por tonelada de aço produzida, contribui para a agenda de descarbonização.
Parques fabris — Reativar a capacidade ociosa dos estaleiros e parques fabris nacionais, requer acesso a recursos financeiros, onde o Fundo de Marinha Mercante (FMM) possui atuação histórica no fomento da indústria naval. Assim, a entidade traz um olhar sobre o momento atual da indústria naval do país e suas regionalidades. Além disso, o artigo informa que em pesquisa realizada junto aos usuários de recursos do FMM, em 2023, estimou que a demanda do setor por recursos para indústria naval alcance cerca de R$ 37 bi para o período 2024-2027, montante significativo que se traduzirá em um grande potencial de geração de empregos locais.
Biocombustíveis e abastecimento — São diversos casos de sucesso das empresas que contribuem para o amplo funcionamento do mercado naval do país. Evidenciando uma destas iniciativas, a empresa BioRen mostra como tem trabalhado na melhoria das condições de navegação por meio de soluções sustentáveis para redução das bioincrustações, reduzindo assim o consumo de combustíveis e, por consequência, os custos operacionais e as emissões de gases de efeito estufa.
Principal empresa de logística de combustíveis do país, a Transpetro também faz parte desta edição, destacando a importância de sua frota própria na garantia da segurança do abastecimento e soberania nacional no mercado de combustíveis. O artigo traz considerações importantes sobre como as duas principais economias globais (Estados Unidos e China) trabalham as políticas públicas para o fortalecimento de seus mercados navais.
Destaca ainda que, no Brasil, o transporte marítimo responde por cerca de 90% do comércio exterior e que apenas 4% do total de fretes, gerados pelo comércio exterior local, são pagos a empresas brasileiras, tendo como consequência que parte dos impostos, lucros e empregos decorrentes de produtos nacionais, são direcionados para o exterior.
Sinaval — Já identificar os entraves que dificultam o desenvolvimento da indústria naval local integram o capítulo abordado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). O artigo destaca o impacto da queda de 82 mil empregos em estaleiros no país, em 2014, para 21 mil em 2019, resultando em perdas de R$ 32 bilhões para a economia local. | .Mais do Panorama Naval no Rio 2024 no endereço: https://shre.ink/DlHj