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16/03/2024

IBP promove debate sobre operações logísticas na região Amazônica

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), com apoio da Petrobras, organizou o Workshop Operações Logísticas nas Amazônia: Oportunidades e Desafios, no dia 07 de março (quinta-feira), em Manaus, para discutir propostas para aprimorar a logística de distribuição de combustíveis na região Norte.

Participaram do encontro representantes das distribuidoras de combustíveis e de GLP, produtores, operadores logísticos, transportadores, órgãos de segurança pública, Marinha, entre outros.

Ana Mandelli, gerente de distribuição do IBP, enfatizou na abertura a relevância da região Amazônica para a economia do país, tendo em seus corpos hídricos importantes canais de movimentação de cargas. —Temos na movimentação de cargas alguns desafios e fragilidades na infraestrutura que deixam as atividades de transporte vulneráveis à ação de grupos criminosos. O combustível é extremamente atraente pelo seu valor e também como energia que movimenta ações ilícitas. Nosso desafio aqui é chegar a ações concretas que melhorem nossas operações na região Norte—.

O coordenador de Segurança Empresarial da Raízen, Carlos César Brasil Laurindo, ressaltou a importância da integração entre os setores público e privado. —É importante atuarmos em conjunto. Por exemplo, é preciso renovar o contingente de marítimos. Além disso, em relação ao destino do combustível roubado, existem meios para doação para uso público. Algo que o ICL já realiza na região Sul do país. A Raízen tem também como viabilizar treinamentos com órgãos públicos a fim de ajudar a identificar o combustível com fraude, como conferir a documentação da embarcação que transporta combustível, entre outros aspectos—

Já o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, mostrou como o estado tem investido na melhoria da infraestrutura, em tecnologia e sistemas de inteligência para auxiliar no combate às ações criminosas nos rios. —A Secretaria vem ampliando a infraestrutura para atuação fluvial. Além da base fluvial de policiamento integrado Arpão 1, em 2024, a SSP lança a base Arpão 2. Ambas comportando 70 militares. Além disso, o estado conta com duas lanchas cabinadas blindadas de combate, cinco lanchas blindadas rápidas e seis lanchas de transporte de tropa. Em janeiro e fevereiro tivemos zero incidentes ou tentativas contra balsas. Isso é fruto da integração que estamos tendo com todos os agentes— destacou.

Samy Ederson Lins, gerente geral da Navegação Cunha e representante do Sindarma, apresentou números do impacto do roubo de derivados na região. Segundo dados do Sindarma, de outubro de 2020 até dezembro de 2023, a ação dos piratas dos rios causou prejuízos de R$ 47 milhões, considerando o volume de combustíveis e outros itens. Lins alertou que apesar de em 2023 o volume roubado de derivados ter diminuído e a região ter registrado apenas seis 6 ocorrências, a situação é grave e necessidade ações mais efetivas. —Temos a necessidade de ações conjuntas com os órgãos de segurança e a própria Marinha, dentro de suas competências, para auxiliar no combate à pirataria e a comercialização clandestina de combustíveis—.

Carlo Faccio, diretor geral do Instituto Combustível Legal (ICL), lembrou que o combustível é usado como moeda de troca e valioso para alimentar atividades ilegais. Para Faccio, é fundamental ter conhecimento sobre a operação de notas fiscais nas embarcações para facilitar o rastreamento e identificação de produtos roubados. —Os ilícitos ocorrem também porque envolvem ações de sonegação, grande gerador de receita para agentes irregulares e porque existem os receptadores— frisou Faccio. Para contribuir, o ICL oferece aos agentes um apoio de inteligência, por meio do Observatório ICL, apoio no processo de acautelamento de combustíveis, dentre outros.

Atuação do setor privado —Maximilian Santos Modesto, especialista em investimentos em infraestrutura da Ipiranga, apresentou um retrato do impacto da seca e como as empresas podem se preparar para novas ocorrências. —É uma oportunidade de analisarmos de forma estruturada e promover ações preventivas em relação aos fatos climáticos próximos. Como medidas, podemos ampliar o monitoramento das profundidades nas passagens críticas e utilizar sistemas de informação integrado e compartilhado. Especialmente no caso do rio Madeira, já alertar embarcações a partir da cota de referência de 5 metros de profundidade em Porto Velho—.

Marcus Suassuna, pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil, disse que os eventos climáticos como El Nino, em associação com o atraso do início do período de chuvas, foram determinantes para o agravamento da seca nos rios. —Tivemos anomalias negativas de chuva em julho, agosto e setembro e em outubro, novembro e dezembro um período de chuvas bem abaixo da média. O prognóstico para 2024 é de uma estação de estiagem difícil, dada a condição hidrológica atual com chuvas abaixo do esperado —ressaltou.

Já Claudio Sampaio, diretor de Operações da EDLopes, mostrou como a empresa conseguiu superar os desafios impostos pela drástica redução do volume fluvial. —Fizemos mapeamentos de pedrais, investimos na capacitação de profissionais locais que conhecem a dinâmica da região e na infraestrutura de todas as embarcações, passando a operar com um calado mais adequado a situação, além de tecnologia via satélite—.

O grupo Dislub Equador apresentou o case desenvolvido no Terminal Itacoatiara. Marcelo Ortiz, diretor de Operações, mostrou como a empresa solucionou o solo rachado pelo clima seco entre a costa e a área de atracamento do terminal. —Embora o terminal não sofra diretamente com a seca por conta do grande calado, o evento de natureza externa afetou a operação. Utilizamos jet ground (injeção de cimento no solo para aumentar a resistência e permeabilidade) e torres flutuantes na ponte que acessa a estrutura sobre a água—enfatizou Ortiz.

José Artur Vieira Eustachio, gerente de Logística da Regional Norte e Nordeste da Petrobras, relatou que a seca impôs desafios à operação da companhia que buscou se planejar previamente. —Para enfrentar os efeitos da seca, promovemos a abertura de uma nova frente de operação de transbordo em Itacoatiara, para minimizar riscos e garantir o escoamento dos produtos. Além disso, intensificamos o monitoramento do leito do rio Solimões—.

O gerente de Dutos e Terminais do Amazonas e Pará da Transpetro, Adriano Moreira, mostrou a importância da Operação Codajás para garantir o escoamento de produtos do terminal de Coari a da produção de Urucu, quando o tráfego no trecho Coari-Codajás é afetado. —Tivemos troca constante de informações entre os agentes para respostas rápidas e mais eficientes, alteramos movimentos logísticos, como o deslocamento de um navio adicional para a região de Coari. No período entre setembro e novembro operamos 13 navios e 28 balsas em Coari e tivemos 4300 toneladas de GLP transbordadas em Codajás—.

Pelo operação do refinador, Fagner Jacques do Nascimento, diretor executivo da Refinaria da Amazônia (REAM), Alexandre Rogoginsky, ressaltou que a empresa investiu em ações preventivas, além do aumento de tancagem para enfrentar os eventos climáticos. —A seca teve grande impacto na operação da unidade e demandou integração com agentes de todos os elos da cadeia. Foram mais de dois meses preparando equipamentos e licenças, com 156 operações e 50 comboios de balsas com o volume de 511 mil m3 de produtos movimentados—.