Realização do Sistema Cisbra-Caerj, o Comex Day teve o G20 como foco.
Transição energética, descarbonização e bioeconomia são as principais apostas para o estado do Rio de Janeiro se tornar mais competitivo no mercado internacional, segundo o vice-governador Thiago Pampolha. O pronunciamento foi durante a abertura da 3ª edição do Comex Day, no último dia 29, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). O evento que celebrou os 216 anos da abertura dos portos decretada por Dom João VI — conhecido como Dia do Comércio Exterior — foi uma realização do Sistema Cisbra-Caerj (Câmaras de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro).
Pampolha disse que muitos esforços vêm sendo feitos para que o Rio e o Brasil melhorem suas condições para competir no mercado global. E lembrou que o estado é o segundo maior exportador e terceiro importador, com a capacidade produtiva para se reinventar e assumir ainda mais o protagonismo nas áreas de vocação.
—O Comex Day é uma oportunidade extraordinária, um dia estratégico, já que temos muita gente boa para debater tudo o que precisamos fazer. Sem um Rio de Janeiro forte e pujante, o Brasil perde oportunidades— assegurou o vice-governador.
Com o Rio de Janeiro sendo anfitrião da Cúpula de Líderes do G20 esse ano — a primeira oportunidade brasileira na história e a terceira de um país da América Latina —, o tema escolhido para o evento foi O Brasil no Centro do Mundo.
Para o diretor executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável (ADS), a realização do G20 pode ser um divisor de águas para o Brasil. Paulo Protasio defendeu a adoção de um mapa-múndi com o nosso país no centro da perspectiva global, dando a verdadeira dimensão continental da América do Sul com os dois oceanos, Pacífico e Atlântico. O executivo observou que o mapa com a Europa centralizada cria distorções como a de que nosso continente conta só com o Atlântico, quando somos bioceânicos.
—Aproveitamos a oportunidade para propor uma mudança de visão geográfica diferenciada, pensando nos aspectos econômicos e políticos. Cerca de 60% dos países que compram os bens e serviços brasileiros constam do G20, as empresas nacionais vão começar a pensar em novas alternativas de ação produtiva— apostou PrQotasio.
Segundo ele, a ONU Habitat — programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, dedicada à promoção de ações sociais e ambientais — vai trabalhar os 92 municípios fluminenses, juntamente com a ADS, para promover a sustentabilidade. Mas é preciso que todos se engajem.
—Os jovens do mundo são mobilizados pelo G20. Vai acontecer? Vai, mas vai acontecer em novembro, na Cúpula de Líderes do G20. Nós precisamos começar a fazer acontecer a partir da semana que vem. Essa mobilização tem que ser agora. Vamos entregar para África do Sul aquilo que a gente acha que vai ser muito bom —concluiu Protasio
No painel sobre as novas Zonas de Processamento das Exportações (ZPEs), o presidente do Conselho de Administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, defendeu que o desenho desse tipo de plataforma para bens e serviços alimenta o comércio exterior local.
—ZPEs são concebidas e idealizadas no papel, mas o conceito é altamente dinâmico. Cabe ao mercado ir sinalizando para o poder público flexibilizar seus muros. Por que não começar a agregar as empresas do entorno? —questionou.
Sobre a nova ZPE do Açu, em São João da Barra, Pimentel lembrou que já existe toda a infraestrutura necessária com entrada e saida marítima e terrestre. “Deve-se colocar muita energia para colocar o projeto em marcha e ajudar a desenvolver o Norte Fluminense e todo o estado”, atestou.
O painel sobre as oportunidades e desafios nas operações de exportação no Rio de Janeiro, tratou da realidade de corredor logístico com embarques para o mundo de itens de outras localidades — especialmente Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar da boa infraestrutura logística, as exportações fluminenses praticamente são restritas ao setor de petróleo e gás. Na opinião da diretora do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj) e CEO da Brasil Despachos, Rita Fernandes, o Rio não tem cultura exportadora e nem incentivo para as empresas exportarem.
—O empresário fluminense não conhece e tem medo de vender para fora. Como o mercado consumidor do estado é o segundo maior do Brasil, as empresas acabam preferindo investir no mercado interno. Os governos (estadual e federal) e as federações precisam fazer campanhas de orientação e incentivo às exportações. Não temos uma Secretaria de Comércio Exterior, agora é que vamos ganhar uma Subsecretaria de Relações Internacionais, que cuida da diplomacia— lamentou Rita.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga RJ), Filipe Coelho, defendeu que o Rio de Janeiro seja transformado em um hub logístico, por ter posição geográfica privilegiada, ser o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, ao lado do primeiro e terceiro PIBs (São Paulo e Minas Gerais, respectivamente). —Hoje o Rio possui infraestrutura de ponta, E temos ferramentas fiscais para nos prepararmos e sermos competitivos — afirmou.
Mario Scangarelli, diretor executivo da Cisbra-Caerj, falou sobre os processos de internacionalização das empresas brasileiras, o que é diferente de exportar. —A exportação é o primeiro passo. A necessidade de começar o processo de vendas conquistando esse mercado, esse público, esse cliente, até possibilitar o desenvolvimento da marca em direção à internacionalização— explicou.