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01/02/2024

Firjan lança 6ª edição do estudo “Perspectivas do Gás no Rio”, confirmando recorde na produção em 2023

Estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro apresenta atualização das informações fluminenses, dados comparativos com o país e análises do mercado.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) lançou, em 30 de janeiro (quarta-feira), a 6ª edição do “Perspectivas do Gás no Rio”. O estudo traz o dado de produção bruta de gás no Brasil de 145 MMm³/dia, entre janeiro e outubro de 2023, um crescimento de 5% frente a média de 2022 (138 MMm³/dia). O levantamento apresenta ainda a atualização do mercado fluminense com dados comparativos com o Brasil, além de trazer análises de diferentes visões de empresas que atuam no mercado.

Destaques sobre a atualização de dados— O “Perspectivas do Gás no Rio 2023” destaca que, além do recorde na produção nacional no ano passado, frente ao ano anterior, o estado no Rio de Janeiro reforça a sua liderança na produção de gás, atingindo a marca recorde de 72% de toda a produção bruta do país e, também, recorde com 51% da produção disponível.

Apesar dos números positivos de produção bruta, a reinjeção também se destaca. Essa operação nas plataformas segue crescendo, alcançando a ordem de 75 MMm³/dia, volume equivalente a 122% de toda a demanda de gás do Brasil. Já a demanda de gás natural, devido à baixa competitividade em preço do energético, segue caminho contrário, com redução da demanda total em torno de 7% do país na mesma comparação de período (janeiro a outubro de 2023).

A demanda industrial apresentou queda de 5%; enquanto a demanda por GNV (Gás Natural Veicular) com queda de 13%, reflexo ainda da política do governo federal de redução do ICMS para os combustíveis líquidos no segundo semestre de 2022. Nesse sentido, o estado do Rio também apresenta cenário semelhante ao país, com redução de aproximadamente 5% na demanda por gás natural no ano passado.

—O gás natural é muito rico no estado do Rio e pode ser mais valoroso ainda para a sociedade fluminense e para o país. Mas, o preço ainda continua caro para a indústria. É necessário baixar o preço para valorizar ao máximo os recursos do produto, pois é o energético de baixa emissão de carbono e perfeito para esse momento da transição energética, até que os demais energéticos se viabilizem, como o hidrogênio verde e as eólicas offshore —avalia o vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Análises do mercado —A publicação deste ano também conta com artigos da Firjan SENAI SESI e de parceiros como a Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC), e das empresas Gerdau, PRIO e Origem. A Firjan SENAI SESI destaca como o gás natural pode ser impulsionado no país e no Rio a partir de três grandes pilares: expansão da oferta nacional, aproveitando o diferencial competitivo do gás ser produzido juntamente com o petróleo, o qual viabiliza a totalidade dos investimentos; a precificação dos ganhos de descarbonização com a substituição de outros combustíveis mais poluentes (carvão, GLP, óleo combustível, gasolina e diesel) pelo gás natural; e a importância de arcabouço regulatório favorável a expansão do consumo.

— A partir desses pilares, os investimentos serão favorecidos, gerando atividade econômica, geração de empregos e arrecadações governamentais tanto para a União quanto para os estados e municípios brasileiros— afirma a gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Karine Fragoso.

Em seu artigo, a Origem Energia apresenta a importância do gás natural para desenvolvimento econômico no país, destacando que no mundo o gás é usado como fator de competitividade da cadeia produtiva, mas que no Brasil é incipiente e muito focado para geração termelétrica. Para crescimento desse mercado além da geração elétrica, a empresa destaca a necessidade de melhoria da precificação, que ao contrário do mundo, no Brasil não reflete as condições de oferta e demanda regionais, mas sim são regidas pela cotação internacional do petróleo.

Já a PRIO aborda o crescimento da participação de empresas produtoras de petróleo e gás independentes e ressalta que a expansão da oferta de gás natural desses produtores está atrelada a viabilidade de acesso às infraestruturas de disponibilização, as quais são restritas e pouco vantajosas para os produtores independentes.

A Gerdau explicita o papel da indústria de aço no contexto de transição energética, como matéria-prima insubstituível, que em muito ainda depende do carvão para a sua produção. Nesse ponto, o gás natural é colocado como vetor dessa descarbonização do processo produtivo da indústria de aço. A companhia destaca, também, seu foco em uso de reciclagem de sucata e biorredutores na sua cadeia produtiva, posicionando-a como uma das empresas com menor índice de emissão do setor. Ainda assim, apresenta o plano de reduzir suas emissões em 12%, mesmo já possuindo um nível de emissões 51% menor que a média mundial.

O MDIC explica que o gás natural tem papel central na transição energética, até como potencializador de fontes renováveis, e apresentou os esforços empenhados para desenvolver propostas visando melhorar a competitividade das indústrias, que usam o gás natural, por meio do Grupo de Trabalho Gás para a Indústria, instituído no âmbito do Conselho Nacional de desenvolvimento industrial – CNDI.

Já o MME detalhou a atuação desse ministério, por meio do Programa Gás para Empregar e seus diversos Grupos de Trabalho, destacando que tem como objetivo possibilitar a melhoria do mercado de gás. Os efeitos positivos para o estado do Rio de Janeiro, por exemplo, destacados pelo ministério, são no sentido de crescimento da disponibilização de gás por meio da redução de reinjeção e da revitalização de campos. Assim pode haver aumento da arrecadação de participações governamentais e dinamização da economia local, já que o desenvolvimento do setor produtivo pode ser alavancado pelo aumento da oferta de gás natural a preços competitivos. | Mais detalhes sobre o estudo: https://shre.ink/rxHU

Empresários debatem mercado de gás natural e analisam estudo da Firjan — A apresentação dos principais destaques do “Perspectivas do Gás no Rio” foi feita por Fernando Montera, coordenador de Conteúdo Estratégico de Petróleo, Gás e Naval da Firjan: —Ao contrário da oferta, a demanda por gás natural, devido à baixa competitividade do seu preço, segue em queda de 7% no país e de 5% no estado do Rio. Para o desenvolvimento do mercado de gás é preciso uma pauta regulatória. No estado, o detalhamento da regulamentação do mercado livre é uma das pautas fundamentais que vem sendo trabalhada. No federal, por exemplo, maneiras de aumentar o aproveitamento do gás e planos coordenados de transporte estão neste contexto—.

—Gás é um assunto complexo e apaixonante, dado seu potencial de transformar o mercado. Cada questão tem seu tempo correto e algumas decisões precisam ser tomadas pelos reguladores. Precisamos viabilizar que demanda e oferta consigam convergir seus planejamentos. Outro tema que precisa ser discutido é o acesso a financiamento, pois os recursos estão mais escassos e o custo do capital maior —defendeu Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, que mediou o painel.

Visão das empresas — A necessidade de planejamento neste mercado foi destacada pelo CEO da Origem Energia, Luiz Felipe Coutinho. —O Brasil importa 50% do gás que utiliza. A forma de consumir energia mudou. A maioria das pessoas usa celular e carrega quase ao mesmo tempo, em períodos de pico. Por isso, o gás natural poderia ser mais usado como energia segura e barata. A Origem fornece 25% do gás para a Bahia e está fazendo o primeiro projeto de armazenagem de gás natural onshore, faltando só a aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)—. Coutinho contou que a ideia de criar a Origem surgiu durante uma palestra na Firjan há cinco anos.

Já Bruno Menezes, gerente -executivo de Novos Negócios da PRIO, detalhou a experiência da empresa de produzir gás em campos maduros, na Bacia de Campos. “O mais importante é ser eficiente e produzir mais. O gás que produzimos é usado para geração de energia na própria unidade. A Bacia de Campos tem ociosidade no escoamento do gás, tanto que a Petrobras concedeu acesso à Equinor. Pleiteamos o mesmo”. Em parceria com a Firjan SENAI, a PRIO capacitou 300 profissionais para o segmento de Exploração e Produção.

Por outro lado, a siderúrgica Gerdau mostrou o exemplo de uma multinacional centenária de origem brasileira, que está há 50 anos no Rio de Janeiro. “Emitimos metade das emissões médias de carbono das cadeias de aço. Mas a maioria das ações pela rota primária usa o minério de ferro e o carbono como agente redutor. O gás natural pode suplantar o carvão mineral nos altos fornos. Mas é preciso adaptá-los para o energético. Seria preciso ter gás competitivo e a curto prazo. A indústria precisa de previsibilidade para fazer investimento”, resumiu Marcos Prudente, gerente de energia da Gerdau.

Finalizando o dia, na sequência do evento à tarde, o gás natural continuou em pauta com a 1ª reunião de 2024 do Núcleo de Gás Natural do Conselho Empresarial de Petróleo e Gás.