O Conselho Diretor do Consórcio Pesquisa Café (CDC) aprovou na manhã do dia 06 de dezembro (terça-feira) durante sua 22ª reunião ordinária, 11 desafios para inovação a serem priorizados para a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias para a cafeicultura nacional, no âmbito do Consórcio. Esses desafios serão agora propostos ao Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), órgão deliberativo ligado à estrutura do Ministério da Agricultura e que conta com representantes do governo federal e da cadeia produtiva do café.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruha, abriu a reunião anunciando a implementação do Núcleo de Estudos Avançados do Café (NEAC), que será construído na sede da Empresa, em Brasília, com recursos do novo PAC Embrapa, anunciado pelo Governo Federal.
A presidente afirmou ainda a importância do Consórcio Pesquisa Café no alcance de resultados que estão impactando positivamente a cafeicultura nacional.
Os 11 desafios propostos e aprovados pelo CDC são resultantes de um amplo processo de levantamento onde foram consultados 3.886 stakeholders da Embrapa Café. —As informações levantadas foram enviadas para validação de instituições representativas da cadeia produtiva do café como ABIC, ABICS, Cecafé e CNC, e também para a CNA— explicou Antonio Fernando Guerra, chefe-geral da Embrapa Café.
Uma vez aprovados pelo CDPC, os novos desafios comporão as próximas chamadas de projetos do Consórcio Pesquisa Café a serem realizadas em 2024, com recursos do Funcafé e passarão a compor o Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café).
A lista dos desafios propostos: 1. Reduzir os impactos negativos causados por insetos-praga, nematoides e doenças fúngicas e bacterianas que acometem os cultivos de café;
2. Reduzir o uso de água na irrigação e viabilizar a reutilização da água do processamento do café e efluentes da cafeicultura;
3. Viabilizar a mecanização de lavouras de café arábica de montanha e a mecanização da colheita de café canephora;
4. Viabilizar produtos alimentares e não-alimentares a partir de cafés de qualidade inferior e de resíduos de beneficiamento e co-produtos de café;
5. Viabilizar novos insumos biológicos, práticas e processos agropecuários que promovam crescimento vegetal, manejo fitossanitário e o equilíbrio ecológico nos diferentes sistemas de produção de café;
6. Desenvolver métodos analíticos para identificação da natureza e do percentual de impureza na composição do café torrado e moído para consumo;
7. Incrementar a adoção de sistemas de produção de café sustentáveis com possibilidades de participação em planos de baixa emissão de carbono em apoio a serviços ambientais relacionados às mudanças climáticas;
8. Ampliar a variabilidade genética das principais espécies comerciais de café com foco nas diferentes regiões produtoras do País;
9. Viabilizar novas práticas e processos agropecuários que aprimorarem a qualidade física e sensorial dos cafés;
10. Prover soluções digitais em apoio à identificação, manejo, rastreabilidade, sensoriamento e à certificação do café.
— Conservar e ampliar os bancos ativos de germoplamas de Coffea sp. do Brasil” é o décimo primeiro desafio proposto. Esse será objeto de uma chamada de projetos de pesquisa direcionada para a caracterização, avaliação, documentação e conservação dos genótipos de Coffea sp. existentes nos bancos ativos de germoplasmas das instituições do Consórcio Pesquisa Café com vistas à manutenção e ampliação da variabilidade genética dos cafés do Brasil. —Essa chamada deverá priorizar os projetos integradores, com previsão de intercâmbio de material genético entre as instituições— enfatizou Guerra.
Recursos —Para a execução do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café), a Embrapa Café, como coordenadora do Consórcio Pesquisa Café, fez uma previsão orçamentária na ordem de R$ 22 milhões para execução dos projetos de pesquisa em 2024. Na previsão, R$ 5 milhões são destinados à investimentos, como compra de equipamentos de laboratório ou obras de revitalização de infraestrutura das instituições consorciadas e R$ 12 milhões para manutenção dos projetos em execução, assim como para a contratação dos novos projetos. Os outros R$ 5 milhões se destinariam à projetos de Transferência de Tecnologia e para a manutenção do programa de Capacitação e Treinamento do Consórcio.
—Atualmente temos 98 projetos na carteira do PNP&D/Café, envolvendo 46 instituições de pesquisa e vamos acolher os projetos das novas chamadas em 2024. Estamos trabalhando com orçamento muito defasado nos últimos anos e é de suma importância que haja uma atualização no aporte de recursos para a pesquisa cafeeira, o que permitirá que o Brasil se mantenha com protagonismo nesta cultura— afirmou o chefe-geral da Embrapa Café.
Participaram da reunião do CDC representantes da Embrapa, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), do Instituto Agronômico (IAC), do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), do Ministério da Agricultura e Pecuária, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro- Rio), da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV). | Rose Lane Cesar/DF