O presidente eleito, Javier Milei, regressou ao país da sua visita aos Estados Unidos no dia 29 de novembro(quarta-feira), e ao aterrar do voo privado no Aeroparque, e num diálogo radiofônico, confirmou Luis Caputo como seu ministro da Economia e avisou que haverá —estagflação (mistura de inflação alta e recessão)— nos próximos meses.
O líder libertário disse que já tinha decidido que o ex-secretário das Finanças assumiria o comando do Ministério da Economia, pensando principalmente no problema econômico gerado pelos Leliqs(títulos do Banco Central).
— É fundamental resolver este problema com muita perícia porque se cometermos um erro acabamos na hiperinflação— expressou em diálogo com a rádio La Red, depois de confirmar Caputo como chefe da Economia.
— Quando a reorganização fiscal for feita , terá um impacto negativo na atividade econômica , por isso digo que a única carteira que estará aberta é a do Capital Humano, para dar apoio aos menos favorecidos—explicou. E insinuou que fortalecerá o ministério chefiado por Sandra Pettovello.
Caputo e Nicolás Posse, que será o chefe do Gabinete de ministros da futura administração, continuam em Washington para reuniões.
Questionado se lhe daria autonomia ou interviria na gestão de Caputo, respondeu que o equilíbrio fiscal é —inegociável—.
Depois, durante outra entrevista à rádio Mitre, descreveu como —extraordinária— a reunião que teve com o conselheiro de Segurança Nacional de Joseph Biden, Jake Sullivan.
—A reunião foi extraordinária, apresentamos os desafios que temos pela frente e o programa econômico que vamos enfrentar. Também elevamos nosso alinhamento internacional e recebemos uma proposta favorável—disse Milei em outra nota à Continental.
—Mais uma vez expressamos a nossa posição histórica de estarmos alinhados com os Estados Unidos, Israel e o Ocidente— disse ele.
‘Vai haver estagflação’ —11 dias depois de tomar posse, Milei referiu-se à crise econômica, alertou que o urgente é desativar o perigo de —hiperinflação— deixado pela atual gestão e previu que nos próximos meses haverá —estagflação—.
Na sua análise, deu também como exemplo o plano de convertibilidade implementado durante a década de 90 por Domingo Cavallo e lembrou que —demorou 20 meses—.
— Mas inflação, o que está acontecendo? Tem a ver com o que você fez na política monetária há 24 meses e isso já foi decidido, já foi feito. A política monetária atua com atrasos, então a inflação está em jogo porque tem que ver o que você fez nos últimos dois anos em termos de política monetária. Então a inflação vai continuar alta porque é o resultado do desastre que este Governo fez. O que estamos fazendo é criar todos os mecanismos para parar a emissão de dinheiro e isso num período de 18 a 24 meses acabaremos com a inflação — concluiu.
—O país está pior do que antes da hiperinflação ocorrida no governo de Raúl Alfonsín—justificou.
Enquanto isso, quando questionado sobre o que aconselharia as pessoas a cuidarem de suas economias, o libertário observou: —Convido você a ouvir meu discurso no dia 10 de dezembro (posse), as pessoas saberão quais decisões tomar—.
Embaixadores — Os embaixadores do Brasil e dos Estados Unidos — Milei também anunciou que o atual embaixador do Brasil, Daniel Scioli, continuará no cargo, e que Gerardo Werthein irá para a embaixada dos Estados Unidos.
—A ideia é que por enquanto ele continue nessa tarefa— respondeu ele quando questionado por Scioli. Enquanto Werthein fez parte da delegação oficial que viajou aos Estados Unidos, onde se encontrou na Casa Branca com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jack Sullivan, e com o conselheiro especial da Casa Branca para questões latino-americanas, Juan González.
Sobre o alinhamento geopolítico, insistiu que o seu espaço faz —uma forte defesa das ideias de liberdade, da democracia liberal e do não alinhamento com os autocratas e com aqueles que não respeitam a liberdade ou a democracia nem com os comunistas—.
—Com o nível de obscurantismo que as relações internacionais tiveram nos últimos 20 anos, com exceção dos quatro anos do presidente Macri, tudo isto foi muito recebido pela Casa Branca— analisou.
Sobre a reunião com o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, disse que os resultados foram —excelentes— e que —compreendem perfeitamente os problemas da Argentina—.
—Eles estão muito envolvidos com a questão dos leliqs—disse o presidente eleito, a propósito da reunião liderada pelo seu futuro chefe de Gabinete, Nicolás Posee, e Caputo.
A relação com Macri e o papel de Patricia Bullrich — Milei também se referiu ao —excelente relacionamento— que mantém com Mauricio Macri e afirmou que suas equipes estão —fundidas—.
—Tenho que reunir a melhor equipa para, em princípio, evitar uma catástrofe econômica, que seria a hiperinflação que este governo nos está a deixar —disse.
Questionado se o ex-presidente define as coisas sobre a futura administração, afirmou que é alguém com quem mantém diálogo e que há —uma certa afinidade—.
Quanto à possibilidade de Patricia Bullrich ser Ministra da Segurança durante a sua gestão, ela expressou que isso será finalizado nos próximos dias.
—Parece-me que ela tem tido uma atividade notável nessa pasta; se decidisse juntar-se, penso que seria uma grande aquisição— notou.
O acordo com o FMI — O presidente eleito acaba de chegar dos Estados Unidos, onde obteve a aprovação do Fundo Monetário Internacional, depois de a sua dirigente, Kristalina Georgieva, ter afirmado que a organização está —muito interessada— em apoiar a Argentina e que o país poderá ser candidato a receber financiamento através do seu Fundo Fiduciário de Resiliência e Sustentabilidade (RST, ou FFRS).
—Em princípio, se nos derem a prorrogação e mantiverem o acordo como estava, será um bom pontapé, porque o que queremos fazer é colocar o dinheiro em ordem e garantir que não haja défice —disse ele.
Nesta linha, insistiu na importância do papel de Caputo na resolução do problema dos Lelics e no encerramento do défice fiscal para não emitir mais. | Clarín.