Em homenagem ao Novembro Negro e aos 126 anos da comunidade. Programação gratuita de quatro dias terá protagonismo de artistas e iniciativas da região da Pequena África.
Nas vésperas do Dia da Consciência Negra, a região portuária do Rio de Janeiro receberá o Festival Cultural Novembro Negro: 4º Edição —Edição Especial na Pequena África, promovido pela Casa Amarela Providência, apresentado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, e contemplado pelo edital Zonas de Cultura e pela Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro (Fetaerj).
O evento — engajado no resgate do protagonismo negro e da memória local, no intuito de garantir a Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana nas escolas do país — será gratuito e aberto ao público e oferecerá, nos dias 15, 17, 18 e 19 de novembro(quarta, sexta, sábado e domingo), uma extensa programação com palestras, exposições, lançamento de livro, batalha de danças de rua, feijoadas, oficina de trança e de instrumentos africanos, DJs, roda de samba, visita guiada no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), contação de histórias e apresentações musicais, de dança e de coletivos de religiões de matriz africana.
As atividades do Festival Cultural Novembro Negro: 4º Edição – Edição Especial na Pequena África acontecerão no período das 10h30 às 18h30, e serão divididas em quatro pontos da região portuária: o Largo da Cruzeiro, a sede da Casa Amarela Providência e a Pista Santo Skate, localizados no Morro da Providência, que neste ano completa 126 anos de existência, e o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), situado na Gamboa (veja a programação completa abaixo) Em termos de acessibilidade, o evento contará com duas intérpretes de LIBRAS ao longo da programação.
Dança e literatura — As periferias do país presentearam a cultura brasileira com a manifestação artística e cultural da dança, que no Festival Cultural Novembro Negro: 4º Edição -— Edição Especial na Pequena África terá protagonismo em dois momentos. Primeiro, na Batalha SAGAS de danças de rua, apresentada pelos artistas Zulu Gregorio e Hugo Oliveira, que acontecerá no dia 18 (sábado), às 16 horas, na Pista Santo Skate, a primeira pista de skate no alto de uma favela, e primeira do Morro da Providência, construído pela Casa Amarela Providência. Segundo, com a apresentação do Coletivo Colorê, de de dança Afro, composto por crianças que frequentam as atividades da Casa Amarela Providência. Acontecerá às 17 horas, na Escadaria e Largo da Cruzeiro.
O coletivo surgiu em 2017 como desdobramento das aulas de dança afro, neste período ainda sem nome definido e partindo da necessidade de trabalhar a reintegração dos viventes à cultura afro-perspectiva por meio das danças de matrizes africanas de forma expositiva. Desta forma queríamos promover orgulho pela prática e aproximar a comunidade da linguagem proposta como forma de enfrentamento às intolerâncias.
Haverá, ainda, uma sessão de lançamento do livro “Vem Ni Mim Que Sou Passinho”. A obra é fruto da dissertação de mestrado do artista da dança Hugo Oliveira na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Música e arte — Na ala das performances musicais, destaca-se no dia 17 (sexta-feira), às 15h30, a apresentação da “Orquestra Luna passeando pelo Brasil”, formada por viventes da Casa Amarela Providência, com participação especial da Banda da Unirio.
No mesmo dia, às 17h30, haverá o show “Memória Travesti”, da cantora Azula. Ambas apresentações serão feitas no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB).
Já o pessoal das artes plásticas se reunirá no dia 18 (sábado), às 14 horas, na Pista Santo Skate para uma palestra com os organizadores da Galeria Providência. O projeto é responsável por fomentar uma verdadeira galeria urbana a céu aberto na região com murais pintados por artistas como Dolores Esos, Luna Bastos e Alexandre Keto.
Ainda no universo das artes, o festival convidou a artista Aline Mendes, idealizadora do projeto Impacto das Cores, para realizar uma série de pinturas coloridas com símbolos Sankofa. A inauguração dos painéis acontecerá no dia 15 de novembro, abrindo o Festival, no Largo da Cruzeiro, comemorando os 126 anos do Morro, e contará com a participação voluntária de moradores do Largo, localizado no topo da Providência.
Formação e empreendedorismo — Uma das atividades que serão oferecidas pelo festival é a roda de conversa sobre empreendedorismo feminino de favela, com foco em empreendimentos de estética afro. Depois, haverá uma Oficina de Tranças, marcada para o dia 18 (sábado), às 10 horas horas, no Largo da Cruzeiro. Ela será facilitada pelo Instituto Ayó, uma organização local voltada para a qualificação profissional de mulheres na área da Beleza. Fundado em 2021 pela dinamizadora e moradora do Morro da Providência Adriana Siqueira, o coletivo é parceiro da Casa Amarela Providência, que por sua vez também investe em atividades de capacitação para mulheres do território nas áreas do bem-estar, autocuidado, beleza, artesanato e culinária através do Coletivo Mulheres Independentes da Providência (MIP). Entre 2021 e 2023, o projeto teve mais de 233 mulheres inscritas, 127 formadas, mais de 624 pessoas impactadas diretamente e mais de 224 aulas ministradas.
A feira de afroempreendedores Encontro Preto também marcará presença no Festival Cultural Novembro Negro: Edição Pequena África, no dai 17 (sexta-feira), das 10h30 às 1730, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB). A iniciativa foi criada por Cíntia Pereira e Emanuel Pereira, proprietários da marca Tendência Black, Chad Yohaness Hugo, dono da marca O Alquimista do Chad, e Angélica Santos, detentora da marca Mundo Quixotesca. A primeira feira aconteceu em outubro de 2015 no Instituto Palmares dos Direitos Humanos (IPDH), na Lapa, e de lá para cá tem feito tanto sucesso que passou a ser fixa, realizada todo primeiro sábado do mês.
Gastronomia — Para abrir os caminhos com fartura e prosperidade, o Festival Cultural Novembro Negro: Edição Pequena África oferecerá duas feijoadas, uma na abertura do evento, no dia 15 (quinta-feira), às 12 horas, e outra no encerramento, no dia 19 (domingo), às 13 horas. Os pratos serão servidos em ambos os dias na sede da Casa Amarela Providência. A receita será preparada por moradoras locais que cursaram Gastronomia através da capacitação oferecida pelo Coletivo Mulheres Independentes da Providência (MIP) sob mentoria da chef Daniele Damasio.
Festival Cultural Novembro Negro — Produzido desde 2020 pela Casa Amarela Providência, o Festival Cultural Novembro Negro chega a sua quarta edição em 2023. O evento foi criado como forma de apresentar à comunidade os trabalhos desenvolvidos ao longo do ano pelos viventes da instituição, como atividades educacionais, artísticas e culturais, cursos profissionalizantes e de formação, que são dirigidas por educadores, moradores, ativistas, produtores e artistas da Providência, do entorno e outros locais. O evento também visa enaltecer os resultados alcançados pelos viventes da Casa Amarela Providência ao longo de cada ciclo anual. Atualmente, a instituição acolhe cerca de 120 famílias e em média 150 viventes.
Casa Amarela Providência — A Casa Amarela é um Centro de Cultura, Educação e Arte, no Morro da Providência, que visa colaborar com o desenvolvimento humano e territorial pela educação, arte e cultura, contribuindo na possibilidade de redução do impacto social causado e mantido pela desassistência do estado no Morro. A Casa foi fundada em 2009 pelo artista francês JR e o fotógrafo brasileiro Maurício Hora. A Casa Amarela atua por meio de atividades educacionais, artísticas e culturais, cursos profissionalizantes e de formação e colabora com a construção dos conhecimentos e saberes, baseados em evidências científicas como fruto do trabalho de pesquisa, incentivando à valorização territorial e cultura local. Atualmente acolhe cerca de 120 famílias e em média 150 viventes por mês.