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19/10/2023

Vale lança empresa para desenvolver negócio de Areia Sustentável

Agera será responsável por ampliar a comercialização de areia proveniente de rejeito de minério de ferro, além de investir em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

A Vale apresentou a Agera — empresa criada para desenvolver e expandir seu negócio de Areia Sustentável. Com sede no estado de Minas Gerais, Brasil, a Agera recebe a areia produzida a partir do tratamento dos rejeitos gerados pelas operações de minério de ferro da Vale no estado e promove sua comercialização e distribuição. A nova empresa também investe em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas soluções para o produto.

A Areia Sustentável começou a ser produzida pela Vale em 2021, após sete anos de pesquisas, como substituta da areia extraída do meio ambiente. Desde então, cerca de 900 mil toneladas do produto já foram destinadas ao setor de construção civil e projetos de pavimentação rodoviária. A expectativa é vender 1 milhão de toneladas este ano e 2,1 milhões até 2024.

—Criamos a Agera com o objetivo de escalar um negócio que está nos ajudando a reduzir o uso de barragens e estacas em Minas Gerais, além de ajudar na substituição natural areia, muitas vezes extraída de forma predatória do leito dos rios. A criação da Agera está fortemente ligada à nossa estratégia de promoção da mineração circular, o que significa fortalecer os conceitos da economia circular na mineração, associando o desenvolvimento econômico ao melhor aproveitamento dos recursos naturais— explica Fabiano Carvalho Filho, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Vale.

Fundada há cerca de um ano com o nome provisório de Co-Log, a Agera projeta receita anual de vendas de 18 milhões de reais (cerca de US$ 3,6 milhões) até 2023. Hoje, conta com sete pontos de atendimento e estoque de materiais no Brasil. estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A empresa possui contratos com sete transportadores rodoviários e três transportadores ferroviários. A empresa atende atualmente mais de 80 unidades fabris em sete segmentos (concreto, pré-moldados, argamassas, artefatos, cimento, tintas texturizadas e pavimentos) e investe em pesquisas para ampliar sua atuação em outras aplicações, como cerâmica vermelha.

—Estamos estruturados para acelerar o desenvolvimento de produtos e materiais sustentáveis, atendendo às exigências específicas do mercado. Além disso, nossas soluções logísticas possibilitam eficiência ponta a ponta para garantir agilidade no fornecimento de areia sustentável —explica Fábio Cerqueira, CEO da Agera.

Como é obtida a Areia Sustentável —O processamento a úmido do minério de ferro, hoje utilizado em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que podem ser dispostos em barragens ou pilhas. Esses rejeitos são compostos basicamente por sílica, principal componente da areia, e óxidos de ferro. É um material atóxico, que só é processado fisicamente.

Desde 2014, a Vale investe em pesquisas para encontrar soluções para o reaproveitamento da areia proveniente do processamento de minério de ferro, com o objetivo de reduzir a geração de rejeitos. Em 2021, a Vale iniciou a comercialização da Areia Sustentável, produto destinado à construção civil com origem 100% legal, alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica.

A areia é produzida na mina de Brucutu, em Minas Gerais, desde 2021. No ano passado, a empresa iniciou a produção em pequena escala na mina de Viga e nos próximos meses pretende iniciar a produção na mina de Cauê, em Itabira.

Benefícios da Areia Sustentável —No Brasil, cerca de 330 milhões de toneladas de areia são utilizadas todos os anos na construção civil e em processos industriais. A extração de areia natural dos leitos dos rios muitas vezes excede a taxa de reposição natural e pode causar impactos ambientais irreversíveis. Com a produção da Areia Sustentável é possível realizar uma extração 100% circular, transformando um material que seria descartado em diversos produtos em benefício da sociedade, sem comprometer a biodiversidade.

Além disso, a Areia Sustentável gera maior rentabilidade para o mercado da construção civil e para as indústrias, já que o processo garante maior controle e qualidade do produto final, evitando desperdício de materiais e retrabalhos durante a construção. Também na produção de betão, a Areia Sustentável ajuda a reduzir o consumo de cimento e as emissões de CO2.

Em 2022, a Universidade de Queensland e a Universidade de Genebra divulgaram um estudo confirmando que a areia proveniente do processo de produção de minério de ferro pode contribuir para a solução de duas importantes questões ambientais, ao reduzir a extração predatória de areia e diminuir a geração de resíduos de mineração. O estudo contou com a participação da Vale, que forneceu amostras de sua Areia Sustentável para que as universidades fizessem uma análise independente do material e doou US$ 1 milhão para apoiar o trabalho dos pesquisadores.

Outras aplicações estudadas pela Vale — No ano passado, a Vale iniciou a fase final de testes de uma solução que promete reduzir custos de construção e aumentar a vida útil das estradas. A empresa inaugurou a primeira estrada do Brasil com utilização de Areia Sustentável nas quatro camadas da calçada. Testes laboratoriais demonstraram que o aumento da vida útil é da ordem dos 50% e a redução dos custos é de 20% quando comparado com materiais mais utilizados nas estradas. Além disso, cada quilômetro de pavimentação pode consumir até 7 mil toneladas de resíduos. Os testes estão sendo realizados em uma estrada de 425m em Itabira (MG). A estrada será monitorada até o próximo ano com 96 sensores. O estudo é realizado em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (campus Itabira) e a Coppe-UFRJ.

Também em Minas Gerais, a Vale possui a Fábrica de Blocos do Pico, primeira planta industrial a produzir produtos para a construção civil cuja principal matéria-prima são os rejeitos de mineração. Instalada em 2020 na Mina do Pico, em Itabirito, a fábrica tem capacidade de produção de 3,8 milhões de pré-moldados. Nos dois primeiros anos, atuou com base em P&D e contou com a cooperação técnica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) para desenvolver produtos pré-moldados amplamente utilizados na indústria da construção, como pisos intertravados, alvenaria e