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12/09/2023

A Gentil Carioca celebra 20 anos

A comemoração dos 20 anos da A Gentil Carioca, uma das mais importantes galerias de arte contemporânea brasileiras aconteceu no dia 09 de setembro (sábado). Com forte presença e reconhecimento nacional e internacional, a galeria traduz o jeito carioca de ser. Para marcar a data, será inaugurada a grande exposição coletiva “Forrobodó”, com curadoria de Ulisses Carrilho, que celebra o potencial político, poético, estético e erótico das ruas. A mostra ocupará os dois casarões dos anos 1920 onde funciona a sede carioca da galeria, com obras de 73 artistas, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Lenora de Barros, Denilson Baniwa, entre outros, que, de diversas formas, possuem uma relação com a galeria.

Pioneira em vários aspectos, A Gentil Carioca fez história ao longo dos anos, sendo a primeira galeria brasileira fundada por artistas plásticos – Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima. Além disso, a galeria, que hoje também tem Elsa Ravazzolo Botner como sócia, está localizada fora do circuito tradicional de galerias, no Saara, maior centro de comércio popular da cidade. Com uma programação diferenciada e agregadora, há dois anos também possui um espaço em São Paulo.

—A Gentil já nasce misturada para captar e difundir a diversidade da arte no Brasil e no mundo. Tem como maior objetivo fazer-se um lugar para pensar, produzir, experimentar e celebrar a arte. Nossos endereços são lugares de concentração e difusão da voz de diferentes artistas e ideias— afirmam os sócios Márcio Botner, Ernesto Neto, Laura Lima e Elsa Ravazzolo Botner.

Grande celebração —Os 20 anos da galeria serão marcados pela inauguração da exposição “Forrobodó”, que será uma grande celebração, com performances de diversos artistas, como Vivian Caccuri, Novíssimo Edgar e Cabelo, entre outros, além da obra do artista Yhuri Cruz, na “Parede Gentil”, projeto no qual um artista é convidado a realizar uma obra especial na parede externa da galeria. Além disso, ainda haverá o tradicional bolo de aniversário surpresa, criado pelos artistas Edimilson Nunes e Marcos Cardoso, que adiantam: —Os desfiles carnavalescos no Brasil e suas configurações locais da América Latina têm como origem as procissões. Esta performance do bolo é uma espécie de procissão onde o sagrado é alimento para o corpo. Ação familiar e fraternal em que a alegria é alegoria de um feliz aniversário—.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a exposição “Forrobodó” apresentará obras em diferentes técnicas, como pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e videoinstalação, de cerca de 60 artistas, de diferentes gerações, entre obras icônicas e inéditas, produzidas desde 1967 – como o “B47 Bólide Caixa 22”, de Hélio Oiticica – até os dias atuais. “Cruzaremos trabalhos de diversos artistas, a partir de consonâncias e ecos, buscando uma apresentação de maneira a ocupar os espaços da galeria em diferentes ritmos, densidades, atmosferas, cores e estratégias – como dramaturgias distintas de uma mesma obra”, conta o curador.

O nome “Forrobodó” vem da opereta de costumes composta por Chiquinha Gonzaga. “A grande inspiração para a exposição foi a personalidade da galeria, que tem uma certa institucionalidade, com projetos públicos, aliada a uma experimentabilidade, com vernissages nada óbvios para um circuito de arte contemporânea”, conta Ulisses Carrilho.

Ocupando todos os espaços da galeria, as obras estarão agrupadas por ideias, sem divisão de núcleos. No primeiro prédio, haverá uma sala que aponta para o comércio popular, para a estética das ruas, em referência ao local onde a galeria está localizada. Neste mesmo prédio, na parte da piscina, “haverá uma alusão aos mares, que nos fazem chegar até os mercados, lugar de trânsito e troca”, explica o curador. Neste espaço, por exemplo, estará a pintura “Sem título” (2023), de Arjan Martins, que sugere um grande mar, além de obras onde as alegorias do popular podem ser festejadas.

No segundo prédio, a inspiração do curador foi o escritor Dante Alighieri, sugerindo uma ideia de inferno, purgatório e paraíso em cada um dos três andares. —O inferno é a porta para a rua, a encruzilhada, onde estarão, por exemplo, a bandeira avermelhada de Antonio Dias e a pintura de Antonio Manuel, além das formas orgânicas de Maria Nepomuceno e trabalhos de Aleta Valente sobre os motéis da Avenida Brasil —conta. No segundo andar, está uma ideia do purgatório de Dante, e, nesta sala, vemos a paisagem, a linha do horizonte, com muita liberdade poética. —É um espaço em que esta paisagem torna-se não apenas o comércio popular, mas o deserto do Saara e as praias cariocas —diz o curador. No último andar, uma alusão não exatamente ao paraíso, mas aos céus, com obras focadas na abstração geométrica, na liberdade do sentido e na potência da forma, com trabalhos escultóricos de Ernesto Neto, Fernanda Gomes e Ana Linnemann, por exemplo. —São trabalhos que operam numa zona de sutileza, que apostam na abstração e precisam de um certo silêncio para acontecer. Atmosferas distintas, que parte deste forrobodó, deste todo, para de alguma maneira ir se acomodando —afirma Carrilho.

Os artistas que participam da exposição são: Adriana Varejão, Agrade Camíz, Aleta Valente, Alexandre Vogler, Ana Linnemann, Analu Cunha, Anitta Boa Vida, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arjan Martins, Arto Lindsay, Bob N., Botner e Pedro, Bruno Baptistelli, Cabelo, Carlos Vergara, Caroline Valansi, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Deborah Engel, Denilson Baniwa, Dominique Gonzalez-Foerster, Edimilson Nunes, Enrica Bernardelli, Ernesto Neto, Fabiano Gonper, Fagner França, Fernanda Gomes, Fudida Silk, Gabriela Gusmão, Guerreiro do Divino Amor, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Juliana Notari, Laura Lima, Lenora de Barros Livia Flores, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcela Cantuária, Marcos Cardoso, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Lynch, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Neville D’Almeida e Hélio Oiticica, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Opavivará!, Paulo Bruscky, Paulo Nenflídio, Paulo Paes, Rafael Alonso, Raul Mourão, Renata Lucas, Ricardo Basbaum, Ricardo Càstro, Ricardo Siri, Rodrigo Torres, Ronald Duarte, Rosana Palazyan, Rose Afefé, Rubens Gerchman, Sallisa Rosa, Simone Michelin, Tadáskía, Victor Monteiro, Vinícius Gerheim, Vivian Caccuri, Yanaki Herrera e Yhuri Cruz.

Outras programações — Ainda como parte dos 20 anos, a galeria está com outros projetos, tais como: a exposição “Moqueca de Maridos”, de Denilson Baniwa, até 23 de setembro, na Gentil Carioca São Paulo, que reúne uma nova série de obras do artista que trazem o imaginário de quadros clássicos e uma iconografia colonial num gesto antropofágico. Ainda na sede da galeria em São Paulo, serão apresentadas exposições dos artistas Rose Afefé, Yanaki Herrera e Newton Santanna. Além disso, A Gentil Carioca também participará da ArtRio, de 13 a 17 de setembro(quarta a domingo).

Gentil Carioca — Fundada em 06 de setembro de 2003, a Gentil Carioca está localizada em dois sobrados dos anos 1920, unidos por uma encruzilhada, na região conhecida como Saara, no centro histórico do Rio de Janeiro. Em 2021, expandiu sua essência com um novo espaço expositivo na Zona Central de São Paulo. Ao longo dos anos realizou diversas exposições de sucesso, entre as quais pode-se destacar: “Balé Literal” (2019), de Laura Lima, “Chão de Estrelas” (2015), de José Bento, “Parede Gentil Nº05 – Cidade Dormitório” (2007), de Guga Ferraz, e “Gentileza” (2005), de Renata Lucas.

Além disso, também realizou diversos projetos, que, devido ao grande sucesso, permanecem na programação da galeria, tais como: Abre Alas, um dos mais conhecidos projetos da galeria, que acontece desde 2005, inaugurando o calendário de exposições, com o intuito de abrir espaço para jovens artistas, e que, atualmente, tem a participação de artistas do mundo todo; Parede Gentil, que desde 2005 recebe convidados para realizar obras especiais na parede externa da galeria, já tendo recebido nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D’Almeida, entre muitos outros; Camisa Educação, desenvolvido desde 2005, o projeto convida artistas a criarem camisas que incorporem a palavra “educação” às suas criações e Alalaô, idealizado pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Marcos Wagner, teve início no verão de 2010, onde a cada edição um artista era convidado para realizar uma obra de arte, intervenção ou performance na praia do Arpoador, RJ, mostrando que a praia também pode ser um espaço para a cultura.

20 anos A Gentil Carioca – Exposição Forrobodó, exposição até 21 de outubro de 2023, Rua Gonçalves Lédo, 11/17, sobrado Centro, Rio de Janeiro (RJ), de terça a sexta, das 12 às 18 horas. Sábado, das 12 às 16 horas. Tel: (+55 21) 2222-1651. Entrada gratuita.