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12/09/2023

Jornada Amazônia ajuda a criar uma geração de empreendedores e negócios de impacto

Que valorizam a floresta em pé. Iniciativa pretende, até 2025, mobilizar 20 mil empreendedores, capacitar mais de três mil talentos, originar pelo menos 200 novos negócios, e fortalecer 100 empresas inovadoras na Amazônia Legal.

A Jornada Amazônia teve início em 2018, com um ciclo de estudos sobre o ecossistema da região, realizado pela Fundação CERTI e Instituto CERTI Amazônia, que atua desde 1999 na região. Em 2020, foi lançada a iniciativa, realizando ciclos pilotos. Com base nos resultados, foi estruturado o primeiro ciclo de escala da Jornada, que começou em janeiro de 2023, e seguirá até o fim de 2025. Esse novo ciclo é representado pela Plataforma Jornada Amazônia e conta com a coparticipação e investimentos do Fundo Vale, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, CLUA e Porticus.

Para o Fundo Vale, a Plataforma Jornada Amazônia se conecta com a estratégia de ampliar, diversificar, fortalecer e conectar, em escala regional, as organizações responsáveis por dinamizar o ecossistema de impacto — ao criar um ambiente mais favorável ao empreendedorismo na Amazônia, impulsionando a criação e fortalecimento de startups da bioeconomia, investindo nestes negócios de impacto, gerando maior competitividade para os produtos da floresta.

De janeiro a agosto de 2023, a Jornada Amazônia teve mais de 3,3 mil inscritos no Programa Gênese, de estímulo à cultura empreendedora, realizando 78 horas de mentorias coletivas e gerando mais de 300 ideias de soluções inovadoras na comunidade do programa. No mesmo período, a iniciativa contou com 662 inscritos no Sinapse da Bioeconomia, mobilizando mais de mil empreendedores de 22 estados brasileiros: o programa está em processo final de seleção, e neste primeiro ano vai originar até 70 novos negócios de impacto nos estados que compõem a Amazônia Legal, distribuindo R$ 4,9 milhões em recursos não-reembolsáveis só em 2023. Também em agosto, a Jornada Amazônia encerrou o processo seletivo do Sinergia, que escolheu 21 negócios com operação ou atuação na região amazônica para passar por um período de suporte e acompanhamento, visando aumentar sua competitividade e impacto, e qualificá-los para acesso ao mercado investidor.

Os números são especialmente relevantes em um ano em que os olhos de todo o mundo estão voltados para a floresta amazônica, inclusive com a recente realização da Cúpula da Amazônia e o anúncio de Belém (PA) como sede da COP-30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em 2025. —Nos últimos anos, tivemos recordes de desmatamento e ameaças à floresta e às comunidades. Agora, na urgência de reabilitar a floresta e também cumprir metas climáticas, olhares e investimentos estão voltados para a região; e a bioeconomia se apresenta como um dos modelos com potencial para o desenvolvimento do território —aponta Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI, realizadora e coordenadora da Jornada Amazônia.

Esse desenvolvimento vem sendo impulsionado, nos últimos anos, por incubadoras, aceleradoras, e outros mecanismos de apoio a empresas e startups com propostas inovadoras, que oferecem produtos e serviços no contexto da chamada sociobiodiversidade. No entanto, esses mecanismos esbarram na ausência de um pipeline robusto de negócios capazes de dar escala e competitividade à economia da floresta. —É preciso fomentar o ecossistema de inovação e impacto na região, o que acontece em torno da ampliação desse pipeline; e é isso que a Jornada Amazônia se propõe a fazer— explica Marcos.

Os bancos apoiadores acreditaram no potencial da iniciativa para gerar soluções inovadoras para promover uma transição da economia amazônica e brasileira para um cenário mais sustentável e inclusivo. Apoiada no âmbito do Plano Amazônia, iniciativa dos bancos para fomentar o desenvolvimento sustentável da região, a Plataforma Jornada Amazônia também é uma aliada no cumprimento do NetZero, meta por meio da qual os bancos se comprometeram a zerar as emissões líquidas de carbono em todo o portfólio até 2050, uma vez que a Jornada promove negócios e soluções compatíveis com a floresta em pé.

A participação na iniciativa também promove uma expressiva troca de conhecimento, disseminação dessa inteligência internamente e a potencialização da Jornada com outras iniciativas individuais de cada instituição financeira, apontam, ainda, os bancos.

Três abordagens complementares para criar novos negócios e conectar ecossistemas —As metas da plataforma até 2025 são mobilizar mais de 20 mil empreendedores, capacitar mais de três mil talentos, originar pelo menos 200 novas startups, fortalecer 100 startups existentes, e acelerar e investir em 30 delas com smart money. —Buscamos despertar o talento para inovação e empreendedorismo e estimular o desenvolvimento de soluções com impacto positivo na floresta— diz Marcos Da-Ré. —Nosso objetivo é incentivar o surgimento de empreendimentos inovadores que valorizem as oportunidades locais e gerem valor a partir do uso sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais—.

Para promover a competitividade econômica da floresta em pé, a Jornada Amazônia criou três abordagens complementares: a primeira é desenvolver um pipeline qualificado de negócios inovadores com impacto positivo na floresta. A segunda abordagem é gerar valor para o mercado, com atração de indústrias para melhorar a tração das cadeias de valor florestais. E o terceiro é impulsionar o ecossistema de empreendedorismo inovador, com o fortalecimento das entidades locais.

—A Jornada Amazônia tem provocado uma ativação estruturante no ecossistema de inovação e empreendedorismo da região —conta Bruno Kato, cofundador da Amazônia B, aceleradora de negócios sustentáveis que é parceira do projeto por meio do Sinergia Investimentos. —A visão ecossistêmica de desenvolvimento e a grande experiência da Fundação CERTI em criar mecanismos que possam catalisar o desenvolvimento empreendedor está contribuindo com ganhos relevantes de tempo no amadurecimento do ecossistema—.

A atuação junto a parceiros locais e de referência é premissa em todos os programas da Jornada Amazônia: ao todo, já são mais de 100 parceiros mobilizados nos nove estados que compõem a Amazônia Legal.

Guilherme Gonzáles, diretor adjunto do Instituto Amazônia+21, que tem como missão apoiar financeiramente a criação de negócios sustentáveis e inovadores na região, além de fortalecer empreendimentos já existentes, destaca a importância de parcerias sinérgicas e com agendas complementares: —A Jornada Amazônia viabiliza mais uma conexão com o ecossistema de inovação da região, ampliando o olhar sobre as oportunidades e aproximando interessados, o que pode gerar um movimento desejável para a consolidação e maturidade de novos negócios —diz.

Programas Gênese, Sinapse da Bioeconomia e Sinergia — Os programas Gênese, Sinapse da Bioeconomia e Sinergia, todos gratuitos, compõem o núcleo da Jornada Amazônia dedicado ao incentivo e desenvolvimento da jornada empreendedora; com cada um deles correspondendo a uma etapa dessa jornada.

O primeiro dos programas, o Gênese, é focado na etapa de ativação, e tem como objetivo despertar talentos e criar uma cultura empreendedora e de inovação na região da Amazônia Legal, incentivando o surgimento de ideias inovadoras alinhadas com a valorização da floresta em pé e construindo a base para o fortalecimento do ecossistema a médio e longo prazo. Nas duas edições do programa já realizadas em 2023, houve um total de 3,318 inscritos dos nove estados da Amazônia Legal. O programa também selecionou 17 novos embaixadores, participantes que continuam engajados, multiplicando a metodologia e promovendo ações locais do Gênese.

A etapa seguinte, de originação, é contemplada pelo Sinapse da Bioeconomia, programa de pré-incubação que busca fomentar a criação de novos negócios de impacto focados na bioeconomia e na competitividade da floresta em pé. O programa oferece capacitação, suporte e recursos não reembolsáveis de até R$ 70 mil para o desenvolvimento do negócio, além de intercâmbio de conhecimentos e conexões com parceiros, clientes e investidores. A edição do Sinapse Bio de 2023 recebeu a inscrição de 662 ideias inovadoras,a maioria em fase de protótipo. A edição já está na etapa final, e irá divulgar no próximo mês as 70 ideias que irão receber recursos financeiros para virar negócios na bioeconomia. A meta é criar 200 novos negócios por meio do programa ao final de três anos.

Já o programa Sinergia corresponde à etapa de evolução, e busca gerar conexões e fortalecer negócios inovadores já existentes para gerar ainda mais impacto positivo para a floresta amazônica e as comunidades envolvidas. Neste ano, o programa teve 127 inscritos, e selecionou 21 empresas de dez estados. O objetivo é fortalecer cerca de 100 startups até o final do ciclo de três anos.

A Jornada Amazônia tem ainda um portfólio com mais 38 startups que já passaram pelo ciclo piloto, e que seguem recebendo apoio da iniciativa. Algumas das empresas que já passaram pelos programas da Jornada Amazônia são a Amazonian SkinFood (marca de biocosméticos que usa ativos da floresta em formulações limpas e veganas), a DCO Sustentável (que desenvolve soluções para geração de energia renovável em ambientes desafiadores através de painéis fotovoltaicos) e a Amazônia SmartFood (foodtech que desenvolve hambúrgueres, almôndegas e linguiças veganas de alto valor nutritivo utilizando ingredientes como o açaí e o tucumã).

“Participar do Programa Sinergia ajudou a construir uma rede de apoio ao meu negócio, que faz toda a diferença no futuro da minha marca”, diz Rose Correa, cofundadora da Amazonian SkinFood. “É um suporte incrível na vida do empreendedor de impacto. Além disso, também trouxe possibilidades de novos investidores. Isso é muito valioso.”

Próximos passos: aprofundar a conexão com o mercado

De forma complementar à estratégia de criar novos negócios e fomentar o empreendedorismo na bioeconomia, serão lançados nos próximos meses dois programas da Jornada Amazônia que têm como foco a conexão com o mercado.

Um dos programas é o Sinergia Investimento, um mecanismo de micro Corporate Venture Capital (CVC) e aceleração de startups, realizado em parceria com duas aceleradoras, a Darwin Startups e a Amazônia B; com investimento capitaneado por indústrias dos setores de Alimentos e Bebidas, Cosméticos, Química Verde e outras áreas afins. Já o Amazônia Business Club oferece serviços especializados para as corporações, utilizando recursos de Matchmaking, Open Innovation, Networking e Inteligência de Mercado.

Também será lançada ainda uma plataforma de inteligência para as cadeias da sociobiodiversidade amazônica, que contempla três soluções principais: uma que integra dados e atores para entender e prever demandas futuras às cadeias produtivas e coordená-las com a oferta existente; um hub para transações online de produtos e serviços, facilitando negócios à distância e possibilitando o acesso das comunidades amazônicas ao mercado nacional; e um sistema de rastreabilidade que beneficia tanto o mercado quanto os extrativistas, garantindo a origem das cadeias e incluindo informações de impacto social.

Estas frentes fazem parte da estratégia de captação de indústrias regenerativas para investimento e codesenvolvimento em startups da bioeconomia, promoção de conexões para geração de soluções inovadoras e geração de inteligência para potencializar cadeias produtivas sustentáveis.