Prevenção ao suicídio começa com o combate ao tabu.
O que era considerado tabu no passado, hoje, felizmente, é debatido e existem políticas públicas para o combate ao problema. Dia 10 de setembro é a data Mundial de Prevenção ao Suicídio. Durante todo o mês, instituições chamam a atenção para a prevenção. Os dados são alarmantes. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo.
Segundo estudo da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, apresentado em 2021, houve aumento da incidência de suicídios em todos os grupos etários. Chama atenção o crescimento nas taxas de mortalidade de adolescentes, que sofreram um incremento de 81% no período entre 2010 a 2019, passando de 606 óbitos e de uma taxa de 3,5 mortes por 100 mil hab., para 1.022 óbitos, e uma taxa de 6,4 suicídios para cada 100 mil adolescentes.
Levantamentos de várias instituições indicam que mais de 90% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. São muitos casos de depressão, seguido do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Muitos me perguntam se há uma maneira dos familiares evitarem o suicídio, principalmente os pais de adolescentes e jovens. Mesmo que seja difícil, algumas vezes, identificar os sinais que levam a uma tentativa de tirar a própria vida, há alguns indícios como desânimo, perda de interesse na rotina, isolamento social, entre outros.
É claro que os pais não têm 100% de controle sobre o fato. Mas, quanto mais próximos estiverem, melhor. Atentos não só fisicamente, mas tentando observar e valorizar os sentimentos das crianças e adolescentes, dialogando ao máximo, dando limites, sendo firmes e amorosos. Isso poderia evitar algumas tentativas de suicídio.
É muito importante o crescimento de políticas públicas sobre o tema. Quanto mais as pessoas sabem sobre o assunto, melhor é para ficarem cientes que depressão e transtornos mentais possuem tratamento. Quando a pessoa comete o suicídio, ela quer acabar com a dor, dar fim aquela angústia e é importante ter o amparo de um tratamento multidisciplinar e livre de preconceitos.
. Por: Andreia Soares Calçada, psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica.