Taxa de juros mais baixas, inovação e logística eficiente são alguns dos fatores fundamentais para o desenvolvimento da indústria. É o que defende o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. O também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) esteve, no dia 27 de julho (quinta-feira ), no Estado — a convite da presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini—, para celebrar o aniversário de 65 anos da instituição.
O evento comemorativo, que aconteceu no Ilha Buffet, em Vitória, reuniu industriais, empresários e representantes do setor produtivo e do Poder Público. Entre os participantes estiveram os governadores do ES, Renato Casagrande, e de Minas, Romeu Zema; o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do ES, Ricardo Ferraço; e o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe.
A Findes completa 65 anos no neste sábado, dia 29 de julho. Atualmente, a Federação representa mais de 16 mil indústrias capixabas atuando em conjunto com os 38 sindicatos filiados na defesa e na promoção de políticas públicas para o desenvolvimento capixaba. Ao todo, são quase 233 mil empregos formais gerados por elas no Espírito Santo.
A presidente da Findes abriu a cerimônia falando sobre a emoção de ver pessoas que foram fundamentais para que a Findes chegasse ao patamar atual.
—A história da Federação é a história da indústria capixaba. É a história das transformações e do desenvolvimento do Estado. Então, é uma honra ver todos aqui hoje reunidos para celebrar uma instituição onde comecei minha trajetória no associativismo e reforçar que o setor industrial nunca deixou de acreditar e investir no Brasil —afirmou Cris Samorini.
Geraldo Alckmin, em seu discurso, agradeceu o convite feito pela presidente da Findes de vir à capital capixaba e confessou ser “admirador do Espírito Santo”.
—Minha vinda ao Estado aconteceu em um dia histórico, que começou com a reunião com o governador Renato Casagrande; participamos da primeira exportação de lítio verde do país no Porto de Vitória; e agora participando da celebração dos 65 anos da Findes, onde estamos autorizando a primeira ZPE privada do Brasil, em Aracruz —afirmou o ministro do MDIC.
Alckmin ainda apontou que a indústria possui três fatores fundamentais para o seu desempenho: juros, câmbio e imposto, mas, para além desses, ainda é possível elencar outros três: logística, desburocratização e inovação.
—Por que crescemos pouco? Porque o Brasil ficou caro. É preciso ter competitividade e produtividade, e a indústria precisa ser modernizada. No dia 24 de julho(segunda-feira), tivemos uma reunião com o ministro da Fazenda [Fernado Haddad] para renovarmos o maquinário dos parques industriais com a depreciação acelerada —apontou.
Indústria como motor da economia — Durante a cerimônia, a presidente Cris Samorini citou os investimentos previstos para os próximos cinco anos. De acordo com a Bússola do Investimento, do Observatório da Indústria da Findes, serão mais de R$ 40 bilhões, desse total, mais da metade (R$ 21,1 bilhões) é de projetos industriais.
—Quando olhamos para trás, nos últimos cinco anos, os investimentos do setor industrial somam quase R$ 25 bilhões, sendo R$ 15,1 bilhões das indústrias extrativa e de transformação e R$ 9,7 bilhões do setor de petróleo e gás— disse Cris.
A presidente da Findes ressaltou ainda a importância do gás natural para o Estado. —Ele é extremamente estratégico nesse processo de transição da matriz energética. Aqui no Espírito Santo, estamos entre os principais produtores do Brasil (4ª posição) e temos plantas de processamento de gás, em Linhares e em Anchieta. Mas é fundamental que o Brasil consiga avançar em questões como a oferta, a regulamentação, a infraestrutura e o preço. Os diagnósticos estão feitos, agora é hora de resolvermos essas questões —apontou.
—Sabemos como esse tema do gás tem recebido a atenção do ministro Alckmin, inclusive fomos recebidos no início deste mês por ele em Brasília para tratar do assunto. E eu gostaria de colocar a Findes e o nosso Observatório da Indústria à disposição do governo federal para trabalhar esse tema—continuou.
Outro ponto que a Findes se coloca de forma proativa na discussão, de acordo com a presidente, é em relação à melhoria da infraestrutura. Segundo a industrial, o Estado não pode se contentar com uma logística ineficiente.
—A Findes é uma instituição parceira do Estado do Espírito Santo. Uma gestão moderna e antenada com aquilo que acontece no Brasil e preocupada com o que acontece no Estado. Que bom é termos uma Federação com este tipo de atuação.
Não existe país soberano sem indústria forte. É bom que a gente compreenda isso. Ela é mãe e pai de todas as outras atividades econômicas— disse Renato Casagrande, governador do Espírito Santo.
—Em Minas Gerais, a industrialização do Estado é acima da média nacional. Isso mostra a relevância do setor para Minas Gerais e Espírito Santo. É muito importante que nossos estados estejam conectados por uma rodovia bastante satisfatória, que é a BR 262. Além disso, precisamos dar uma solução ao acordo de Mariana que Minas e Espírito Santo têm pleiteado. Os dois estados precisam, sim, dessa reparação que hoje está muito pendente esperando o governo federal.
Quero dar parabéns a essa entidade que completa 65 anos de atuação muito relevante. O que Minas puder fazer pelo ES, faremos!— disse Romeu Zema, governador de Minas Gerais.
Troféu ‘Amigo da Indústria’ —Durante o evento, a presidente da Findes, Cris Samorini, entregou ao ministro Alckmin o troféu ‘Amigo da Indústria’, que busca reconhecer gestores e líderes que se empenham para o desenvolvimento da indústria capixaba. O troféu, feito com exclusividade pelo artista plástico Penithência.
A presidente da Findes destacou a contribuição do vice-presidente para a indústria capixaba: —Não há outra pessoa mais adequada no Brasil para continuar as discussões para o tema industrial do que o senhor [ministro]. Temos o que precisamos. O senhor entendeu a relevância da indústria e compreendeu a necessidade de fazermos ela ser cada dia mais produtiva e competitiva—.
Alckmin: seis fatores para o desenvolvimento da indústria —Durante o evento em comemoração aos 65 anos da Findes, o vice-presidente da República e ministro, Geraldo Alckmin, apontou os fatores para o desenvolvimento da indústria: 1º Câmbio — “O câmbio está bom R$ 4,70, R$ 4,80 e R$ 4,90. Pode oscilar, mas o câmbio está competitivo.”
2º Juros — “A taxa de juros [Selic, que está em 13,75% a.a.] ainda está alta, mas temos a expectativa que ela vai cair. Porque aprovando o novo arcabouço fiscal você vai ter segurança de que a dívida sobre PIB vai cair. Hoje a nossa dívida sobre o PIB é de 73% do PIB brasileiro. O PIB é de R$ 10 trilhões, então R$ 7,3 trilhões. Ela vai cair, no ano que vem já zera o déficit. Em 2025, já tem superávit primário. E aí vai caindo a dívida de sobre PIB.
Desses R$ 7,3 trilhões, se tirar as reservas internacionais, o Brasil tem R$ 1,6 trilhão de reservas e já abaixa para 57% do PIB. Se tirar estados e municípios, a dívida liquida federal é de 50% do PIB. Temos convicção de que com o arcabouço fiscal, que mostra que a dívida do PIB vai cair, nós vamos ter redução de juros.
Hoje nós estamos com 13,75% de juros, numa inflação de 3,1%. Então, enquanto o juro real no Brasil é mais de 10%, na Europa e nos EUA ele é zero ou até negativo. Então, caindo os juros, a economia deve ter crescimento.”
3º Cobrança de impostos — A indústria está super tributada, participa com 11% do PIB e 30% da matriz tributária. A Reforma Tributária vai aliviar a indústria e reduzir o número de impostos. Vai simplificar cinco tributos – devia virar um só, mas tudo bem ser dual – em dois.
Ela vai evitar judicialização, desonerar investimento e desonerar a exportação.
4º Logística — O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. É importante melhorar a logística e reduzir o Custo Brasil. Por isso, as ferrovias, hidrovias, rodovias e aerovias são fundamentais.
O presidente Lula está lançando neste mês o PAC 3, que será em grande parte dele para recuperação das rodovias, ferrovias e hidrovias, com recursos do Tesouro e a maior parte de investimentos privados (PPPs e concessões).
Já registrei aqui BR-101, que está se discutindo se relicita ou mantém e a BR-262 que vai para Minas Gerais, além das ferrovias. A infraestrutura é fundamental para melhorar a logística e reduzir o Custo Brasil.
5º Desburocratização: temos uma cultura cartorial.
Nós precisamos desburocratizar.
Exportação de frango, por exemplo, era R$ 166 por guia em papel para Reino Unido e União Europeia. Não paga mais nada tudo digitalizado.
Para o Espírito Santo, o comércio exterior é importante. Cada importação e cada exportação precisa de uma licença. Acabou. Agora é uma licença só flex para importar e exportar.
6º Inovação — Nosso tempo é o da mudança e da velocidade. A mudança é muito rápida. Precisamos investir em inovação, digitalização. O BNDES vai disponibilizar R$ 5 bilhões por ano, R$ 20 bilhões em quatro anos para pesquisa e inovação. |Siumara Gonçalves.