Uma indústria que deve faturar R$ 4 bilhões neste período. O Brasil dobrará de tamanho entre 2020 e 2025, de 4,5 mil unidades para 8,6 mil unidades, respectivamente, e considera um CAGR de 13,7%. O território brasileiro apresenta particularidades especialmente favoráveis para esse segmento —como uma linha de costa de 8.500 km, por exemplo—, há uma verdadeira vocação náutica se desenvolvendo a todo vapor no país, envolvendo indústria, fabricantes de acessórios e turismo — todos estreitamente ligados entre si. Mas tem desafios à vencer, como mão-de-obra qualificada, escassez e alta dos preços de matéria-prima e investimento em pós-venda.
O mercado de embarcações recreativas, que engloba as modalidades como lancha, veleiro, Iate e jet-ski, navegou em mares revoltos nos três anos da pandemia do covid 19, porém, foi um dos poucos setores que apresentou recordes históricos nas vendas e produção. Necessitando de alternativas para superar o isolamento social, as pessoas buscaram nas embarcações recreativas um alento para enfrentar a nova realidade.
De acordo com o estudo da TCP Partners, em 2019, de acordo com a Icomia, foram produzidas 387,7 mil unidades, sendo que os EUA foram responsáveis por cerca de 70%. Em 2020, conforme os dados da National Marine Manufacturers Association (NMMA) as vendas totalizaram 318.550 unidades — recorde histórico. Do total fabricado, cerca de 56% são do tipo barcos com motor de popa e 21% de jet ski, que somados representam 77% da produção total. O Brasil produziu em 2019 cerca de 3,9 mil e em 2020 (estimado) 4,5 mil embarcações recreativas e representou 1% da produção mundial.
A receita mundial da indústria de embarcações foi de USD 119,0 bilhões em 2019, conforme dados divulgados pelo International Council of Marine Industry Associations (Icomia), principal associação referência do setor. Em 2020, primeiro ano do covid-19 o faturamento estimado foi de USD 124,4 bilhões e apresentou uma alta de 4,7%. Em 2021, a tendência de crescimento continuou devido à procura por embarcações pelas famílias como alternativa de lazer, e representou expansão de 9,6%, representando um total de USD 136,4 bilhões. Mesmo com o aumento dos custos das matérias primas, observou-se que as empresas que atuam no setor conseguiram repassar preços para o consumidor final.
O total de vagas de estacionamento de embarcações recreativas (secas e molhadas) foi de 30,4 milhões em 2020. Os Estados Unidos da América e o Canadá representam cerca de 71%, sendo, os EUA o país com mais vagas no mundo, com 13,1 milhões. O Brasil representou cerca de 0,2% das vagas mundiais com um total de 72 mil vagas. Considerando a razão entre o número de pessoas em relação ao número de barcos existentes, em 2020, o Brasil apresentou a proporção de 2,9 mil pessoas por embarcação de recreação, seguido pela Turquia com 839 e Itália com 626, representando entres os países da lista divulgada pela Icomia com menores densidade. Por outro lado, os países com maior densidade são o Canadá com quatro pessoas por embarcação, seguido pela Noruega com sete . Os EUA possuem a maior frota do mundo, com 25 pessoas por embarcação. O Brasil com 7,5 mil km de extensão de litoral 60 mil km de águas navegáveis em rios tem potencial de aumentar a densidade.
A venda antecipada, é uma característica desse segmento. O cliente paga e entra na fila, dificilmente há um barco novo em estoque.
O total de vagas para estacionamento de embarcações recreativas (secas e molhadas) foi de 30,4 milhões em 2020. Os EUA e o Canadá representam cerca de 71%, sendo, os EUA o país com mais vagas no mundo, com 13,1 milhões. O Brasil representou cerca de 0,2% das vagas mundiais com um total de 72 mil vagas, por ser um país com extensa costa marítima, os negócios neste segmento devem atrair investimentos para atender o aumento das vendas 2020-2022. Também se destaca como mercado secundário (seminovo) com elevada procura. Entretanto, o setor possui desafios relevantes como necessidade de mão-de-obra qualificada, escassez e alta dos preços de matéria-prima e investimento em pós-venda.
Brasil — Ancorado nas informações da Associação Brasileira de Construção de Barcos Seus Implementos (Acobar) e da Icomia, a produção de embarcações recreativas no Brasil dobrará de tamanho entre 2020 e 2025, de 4,5 mil unidades para 8,6 mil unidades, respectivamente, e considera um CAGR de 13,7%. As políticas de incentivos para a indústria local é o vetor principal da produção, porém, a demanda pós pandemia por práticas de lazer marítimos é a determinante da demanda doméstica.
O crescimento da produção e das vendas internas vai exigir investimentos em novas unidades de “boats park”( tradução doinglês, parque de barcos)no país, justamente por ser um entrave para a expansão da indústria e para baratear o acesso do público consumidor. Sem novas marinas “boats park”, dificilmente o setor crescerá e atingirá padrões de países líderes.
A produção brasileira de embarcações recreativas, de acordo com a Acobar, em 2019 foi de 3.925 unidades, sendo
que 69% da produção foi de embarcações do tipo barcos com motor de popa, seguido pela produção de barcos com motor de popa interna com 18%, jet ski 6% e veleiros e iates 1%.
Ainda de acordo com a Acobar, associação que representa o setor industrial brasileiro, e a Icomia, o país teve um crescimento de 20% em 2020. Descolado do crescimento internacional, em 2021, o Brasil atingiu o recorde de R$2 bilhões e representou alta de 25% em relação ao ano anterior. De acordo com as previsões da TCP Partners, o CARG entre 2019-2025 das vendas de toda a indústria será de 14,8%, sendo que em 2025 o faturamento de todas as atividades do setor será de R$4
bilhões.
Tendências e oportunidades do setor: Extensa linha de costa marítima — Além de o território brasileiro apresentar particularidades especialmente favoráveis para esse segmento —como uma linha de costa de 8.500 km, por exemplo—, há uma verdadeira vocação náutica se desenvolvendo a todo vapor no país, envolvendo indústria, fabricantes de acessórios e turismo — todos estreitamente ligados entre si.
Embarcações seminovas —Com a demora para se obter uma embarcação nova (média de 10 meses), a procura por barcos
seminovos cresceu muito desde a pandemia da covid-19. A demanda por seminovos aumentou e valorizou, criando
oportunidades para toda a cadeia que gira em torno deste nicho (manutenção, reformas, transportes, regularização e
diversos apoios náuticos).
Tecnologia — O investimento em tecnologia favorece o crescimento do setor náutico, assim como em outros setores, os
consumidores náuticos estão buscando produtos mais próximos do universo da tecnologia e, sem dúvidas, em ambientes
que proporcionem mais recursos, soluções e experiências. Para os próximos anos teremos lanchas apenas com telas
digitais, sem nenhum instrumento analógico, as touchscreens devem substituir os painéis de controle com chaves de
acionamento mecânico, alarmes sonoros de alerta de aproximação, semelhantes ao sistema utilizado nos automóveis, etc.
Personalização das embarcações — Os consumidores estão cada vez mais exigentes e em busca de produtos que
atendam suas necessidades e gostos pessoais, os próprios estaleiros brasileiros ganham destaque internacionalmente com
embarcações personalizadas e constantes aprimoramentos na produção.
Desafios: Mão-de-obra qualificada — Independente do crescimento do setor de embarcações desde a pandemia da
covid-19, o mercado náutico no Brasil possui alguns desafios ligados às etapas de produção e comercialização dos barcos. Um dos maiores desafios é a escassez de mão de obra, por exigir conhecimentos específicos é difícil achar profissionais capacitados.
Escassez e alta dos preços de matéria-prima —Aumento em média de 10% dos insumos usados na produção de iates, alta de preços na casa de 25%, como aço, alumínio e ferro, tendência que ganhou força com a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Há também falta de motores no mercado para a entrega dos iates.
Investimento em pós-venda — Com a chegada de muitos clientes novos é importante treinar esse novo usuário, uma vez que, os barcos são meios de transporte que demandam manutenções regulares.
Principais tipos de embarcações recreativas: Lanchas — São embarcações a motor, exigindo portanto maior porte,
construção mais resistente e casco reforçado para suportar o peso e o esforço de propulsão dos motores. São normalmente utilizadas para atividades de pesca, lazer e para passeios.
Veleiro — Uma das embarcações mais antigas do mundo é o veleiro, principal embarcação utilizada no mundo antes da criação dos motores. Esta embarcação é movida através do impacto do vento em suas velas, as quais são presas no mastro. Na atualidade, um veleiro pode ser desenvolvido e comercializado em diferentes tamanhos, sendo impossível, portanto,
definir o seu porte.
Iate —Embarcações de grande porte, destinadas ao lazer. Pode ser movido tanto a vela como a motor a diesel, sendo os iates motorizados mais velozes.
Jet-Ski — Moto Aquática com motor movido a combustível que tem a capacidade de carregar uma ou duas pessoas sobre a
água. Pode ser utilizada tanto para lazer quanto para prática de esportes.
Pesqueiro —Ele é considerado uma embarcação de pequeno porte, facilitando a acessibilidade e transporte. Além disso, costuma ser acompanhado por um motor de popa.
Marinas: BR Marinas — Maior rede de marinas do Brasil, com sete marinas em operação no estado do Rio de Janeiro: Búzios,
Marina da Glória, Itacuruçá, Piratas, Ribeira, Verolme e Bracuhy. Oferecem mais de 70 vagas molhadas, travel lift para barcos de até 100 pés e forklifts para embarcações de 46 pés.
Marina Astúrias—Localizada no litoral sul do estado de São Paulo, possui 72 mil m2 de área e capacidade para receber até 500 embarcações aportadas em píeres e hangares.
Marina Itajaí — Localizada em Itajaí, em Santa Catarina, tem capacidade de receber até 355 embarcações em vagas molhadas e secas.
Bahia Marina — Localizada no nordeste brasileiro, na Cidade Baixa de Salvador, travel lift para barcos de até 40 toneladas, 200 vagas secas e 400 vagas para píeres flutuantes.
De acordo com Insight TCP identificamos que a falta de vagas de boat park é um dos limitantes do mercado nacional de embarcações recreativas. Como a oferta é limitada, e a demanda crescente, as vagas atuais têm gatilhos que elevam os aluguéis ou aquisições pelos novos proprietários.