Com duas aplicações do medicamento ao ano, injeção reduziu em 52% o nível do LDL e surge como alternativa para pacientes que já tiveram infarto ou AVC isquêmico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento para o controle do colesterol ruim (LDL), no dia 03 de julho (segunda-feira). Inclisirana, da Novartis, é indicado para adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica ou não familiar) e dislipidemia mista. É uma novidade para a redução do colesterol ruim (LDL), especialmente em pacientes de muito alto risco cardiovascular – ou seja, que já sofreram ataque cardíaco (infarto) ou derrame (AVC isquêmico).
— Pacientes que já sofreram com ataque cardíaco ou derrame precisam não só reduzir o colesterol ruim (LDL), mas controlá-lo, isto é, mantê-lo abaixo de 50mg/dL — conta o Dr. Raul Santos, cardiologista do InCor-HCMFUSP, professor associado da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Internacional de Aterosclerose (IAS). —Manter o colesterol ruim (LDL) controlado é essencial para que um paciente não volte a ter novos eventos cardiovasculares graves como esses, que têm mais chances de acontecerem depois de um primeiro caso—completa o especialista, explicando ainda que essa meta foi definida a partir de atualizações de diretrizes nacionais e internacionais da especialidade.
Inclisirana utiliza como mecanismo de ação um pequeno RNA de interferência que limita a produção da proteína hepática PCSK9, auxiliando na redução dos níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue. Segundo a série de estudos ORION, que demostrou os dados de eficácia e segurança do medicamento, duas injeções da substância ao ano foram suficientes para reduzir, em média, 52% dos níveis de colesterol ruim (LDL) em pacientes que já tomavam a dosagem máxima de estatina tolerada , mas que ainda não haviam alcançado a meta de acordo com seu risco cardiovascular.
Hoje, 92,6% dos pacientes que sofreram infarto não estão com o colesterol ruim (LDL) abaixo de 50mg/dL. —Mesmo mudando o estilo de vida e tomando as medicações mais comuns para o controle do colesterol, muitos desses pacientes que já tiveram um ataque cardíaco ou um derrame não conseguem manter o colesterol ruim (LDL) dentro da meta. Nesse sentido, a inclisirana entra em cena como um avanço para controlarmos o colesterol ruim (LDL) nesses pacientes—. Associado ao tratamento medicamentoso, Dr. Raul reforça a importância de aliar uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável.
Já aprovado pelos órgãos reguladores dos Estados Unidos e da União Europeia, inclisirana ganha aprovação da Anvisa no Brasil, onde anualmente ocorrem cerca de 400 mil mortes relacionadas a doenças cardiovasculares[8] — número maior do que todas as mortes por cânceres somadas. Esses eventos cardiovasculares têm a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente causada pelo colesterol ruim (LDL) alto) como uma de suas principais causas.
— As doenças cardiovasculares, especialmente a aterosclerose, são a principal causa de mortalidade no Brasil, demonstrando a necessidade de novos tratamentos para pacientes que precisam atingir as metas de colesterol ruim (LDL) recomendadas pela SBC — explica Priscila Raupp, gerente médica sênior de cardiologia da Novartis no Brasil. —Inclisirana surge como um tratamento inovador, que oferece conveniência e praticidade ao paciente, ao mesmo tempo em que promove uma redução eficaz e sustentada do colesterol ruim (LDL)— completa. —Desta forma, o paciente pode retomar sua rotina após um episódio de infarto ou AVC—.
O controle do colesterol ruim (LDL) é, portanto, essencial para a saúde do coração: “A alimentação é responsável por cerca de 25% do colesterol no sangue. Para pacientes que já sofreram ataque cardíaco (infarto) ou derrame (AVC), a adoção de dieta e exercício é necessária, mas não é suficiente para controle do colesterol ruim (LDL). Para diminuir o risco de um novo infarto ou um novo AVC, esses pacientes precisam tomar regularmente seus medicamentos, conforme a orientação do cardiologista”, completa Santos.
Brasileiros conhecem o colesterol, mas sabem pouco sobre — Grande parte dos brasileiros (64%) desconhece seu risco cardiovascular e, consequentemente, sua meta de colesterol ruim (LDL) para reduzir a chance de ataque cardíaco e derrame cerebral. É o que aponta uma pesquisa encomendada pela Novartis em parceria com a Ipsos. Apesar de 80% conhecerem o termo “colesterol”, esse ainda é um tema sobre o qual os brasileiros não só sabem pouco, como também não se preocupam.
No levantamento, a Ipsos pediu aos entrevistados que ranqueassem, de acordo com nível de preocupação, algumas das doenças e condições clínicas mais comuns do dia a dia. Entre as doenças cardiovasculares e metabólicas, o colesterol ruim (LDL) não controlado é a que menos preocupa os brasileiros. Curiosamente, lideram o ranking infarto e AVC, problemas cardiovasculares que são diretamente ligados ao excesso do colesterol ruim (LDL) no sangue.
A pesquisa, que ouviu 1000 entrevistados em dezembro de 2022, trouxe ainda um alerta: os brasileiros não enxergam o colesterol como um vilão silencioso (como a classe médica enxerga), já que só 12% dos entrevistados têm consciência de que o colesterol ruim (LDL) alto não gera sintomas. Entre aqueles que conhecem o colesterol, 50% acreditam que é possível controlá-lo sem remédio, mesmo quando o paciente se enquadra em um perfil considerado de alto ou muito alto risco. A alimentação (50%) e a eliminação da ingestão de alimentos gordurosos (58%) são vistas como as principais formas de controle do colesterol.
Outro dado preocupante é referente aos pacientes que precisam ter um controle mais rígido do colesterol ruim (LDL), como aqueles que já tiveram infarto ou AVC: 68% deles não sabem que tem que manter o colesterol ruim (LDL) abaixo dos 50mg/dL e apenas 34% dos diagnosticados com colesterol ruim (LDL) não controlado fazem uso de medicação para auxiliar na redução.
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