A segurança digital nunca foi tão desafiadora e crítica para as organizações quanto atualmente. Isso foi reforçado para mim durante o Cybersecurity Forum, um evento realizado no mês passado, em São Paulo, e que trouxe insights valiosos sobre estratégias de proteção contra ameaças cibernéticas. Os debates abordaram desde a evolução das tecnologias de autenticação até os impactos da Inteligência Artificial (IA) Generativa na segurança das empresas, reforçando a necessidade de adoção de um modelo de segurança mais resiliente e adaptável.
Um dos temas centrais foi a Biometria 4.0 e identidade digital. Com o avanço da IA Generativa, os riscos associados a deepfakes cresceram exponencialmente. A biometria comportamental e multimodal desponta como uma solução promissora para mitigar esses riscos, permitindo uma autenticação mais confiável e robusta. O uso combinado de padrões de digitação, análise de voz e expressões faciais pode dificultar ataques e aumentar a segurança das transações digitais.
Outro ponto de atenção foi o crescente impacto do ransomware. A escalada desse tipo de ataque exige medidas proativas e um plano de resposta eficaz. Os especialistas destacaram a importância de uma estratégia baseada em redundância, com backups invioláveis, bem como investimentos em seguro cibernético. Mais do que reagir, as empresas devem antecipar-se aos ataques, adotando um modelo de segurança preditivo e baseado em análise comportamental.
A terceirização da segurança por meio de MSSPs (Managed Security Service Providers) também foi amplamente discutida. Diante da escassez de profissionais qualificados na área, a contratação de serviços especializados pode garantir proteção contínua e escalável. Com monitoramento 24/7 e a utilização de análises preditivas, as empresas podem identificar ameaças antes que se tornem incidentes graves, reduzindo custos e aumentando a resiliência organizacional.
Um dos grandes desafios abordados no encontro foi a falta de priorização da cibersegurança por parte das lideranças empresariais. Muitos ainda veem a segurança digital como um custo, e não como um investimento estratégico. A chave para mudar essa mentalidade está na comunicação efetiva entre os especialistas em segurança e os tomadores de decisão, demonstrando os impactos financeiros e reputacionais de uma brecha de segurança.
O panorama brasileiro também foi objeto de discussão, com ênfase na necessidade de alinhamento entre setor público e privado para fortalecer a cibersegurança. O aprimoramento das políticas de compliance e regulamentação se faz essencial para garantir um ecossistema mais protegido. Com ataques cada vez mais sofisticados, é imperativo que o Brasil invista em iniciativas coordenadas para reforçar sua resiliência cibernética.
Os impactos da IA Generativa na cibersegurança já trouxeram reflexões importantes. O uso da IA para criar fraudes sofisticadas exige que as empresas adotem abordagens igualmente inovadoras para detecção e resposta. Ferramentas baseadas em machine learning (ML) para identificação de padrões anômalos e a automação da gestão de incidentes se tornam fundamentais para a proteção contra ameaças emergentes.
Eventos como o Cybersecurity Forum permitem uma experiência enriquecedora, que reforçou a importância da colaboração entre empresas, governo e especialistas. As oportunidades de mercado são vastas, principalmente em áreas como gestão de identidade, segurança em nuvem e soluções antifraude baseadas em IA. Mais do que nunca, cibersegurança precisa ser vista como um dos pilares essenciais para a sustentabilidade e inovação das empresas na era digital.
• Por: Guilherme da Silveira, Cyber Security Lead da GFT Technologies no Brasil.