— A retomada da exigência de vistos para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália pelo governo brasileiro no dia 10 de abril (quinta-feira), é prejudicial para o setor.
O fato de esses países exigirem vistos dos cidadãos brasileiros que pretendem visitá-los faz com que determinados setores de nossa sociedade lancem mão do princípio da reciprocidade para também exigir deles o visto.
No entanto, é preciso levar em conta a necessidade do país de atrair mais visitantes do exterior.
Brasil inteiro atrás de Buenos Aires em receptivo de turistas estrangeiros — Há anos que o Brasil não passa de seis milhões de turistas estrangeiros. No setor de turismo, é comum a triste observação de que a cidade de Buenos Aires, sozinha, recebe mais turistas estrangeiros do que nosso país inteiro.
No último ano, houve um grande esforço das autoridades, como Embratur, para melhorar esse quadro, o que levou ao número recorde de 6,65 milhões de turistas internacionais. Mesmo assim, ainda é um número reduzido. Todo esse trabalho iria por água abaixo se os vistos voltassem a ser exigidos.
Entre os motivos para esse cenário desolador, destaco dois: a falta de promoção do Brasil no exterior e a malha aérea estrangulada, que limita o número de viajantes.
O turismo é uma vocação natural de nosso país, abençoado com uma natureza exuberante e dotado de uma cultura e hospitalidade reconhecidas internacionalmente. Nossa indústria gera milhões de postos de trabalho, diretos e indiretos, e contribui significativamente com a arrecadação tributária. No entanto, esses números poderiam ser muito melhores, devido ao nosso potencial.
Exigir visto de alguns países significa entravar o crescimento do número de visitantes estrangeiros, prejudicando não apenas o turismo, mas diversos segmentos de nossa economia.
Por isso comemoramos a aprovação, pelo Senado, de um Projeto de Decreto Legislativo(PDL), de autoria do senador Carlos Portinho(PL/RJ), no dia 19 de março. Esperamos que os deputados da Câmara entendam a importância de votar em sintonia com seus colegas de Congresso. O turismo e o Brasil agradecem— conclui o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, em nota à imprensa.
Turismo de Negócios — Não existe um levantamento formal sobre o que esperar, mas quem trabalha com o setor há algum tempo sabe que toda mudança, por mais meramente burocrática que pareça, impacta os negócios — afirma Luana Nogueira, diretora executiva da Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativa (Alagev), para o ‘Blog Flash’.
Como ficam as viagens corporativas com o fim da isenção de vistos para os cidadãos dos EUA? Por mais que a exigência de visto seja válida para qualquer turista americano no Brasil, a lazer ou a negócios, é nas viagens corporativas que alguns dos impactos mais imediatos devem ser sentidos.
—Enquanto quem viaja a lazer tende a se organizar durante meses e pode se ajustar a exigências específicas, os executivos que viajam a negócio, muitas vezes, são acionados de uma hora para outra. Com a necessidade do visto, a margem para ajustes fica menor —diz Luana, da Alagev.
Outra mudança que deve estar no radar dos gestores de viagem corporativa é a exigência de visto também para tripulantes dos voos internacionais, ou seja, pilotos, comissários e mecânicos, prevista para começar a valer em 10 de julho de 2024. A isenção para estes casos vigorava desde 1995 e trazia efeitos sobre a rotina dos aeroportos.
—Este tópico tem um impacto indireto, mas também muito grande para viagens corporativas, tanto de fora para o Brasil quanto o contrário. Com a necessidade de visto para a tripulação, as aéreas terão menos pessoas aptas a trabalhar nos voos para o Brasil, o que é um desafio na organização das escalas de trabalho e pode acarretar em atrasos e até cancelamentos de voos — complementa Luana.