paulo-baraona

05/04/2025

Impactos das medidas tarifárias impostas pelos EUA, comenta em nota a presidência da Findes

— O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas adicionais de 10% sobre produtos brasileiros, precisa ser visto com cautela. Apesar de o Brasil estar entre os países com menor sobretaxa apresentada, ainda assim a medida protecionista, que começa a valer no dia 05 de abril (sábado), pode impactar em algum nível a competitividade das exportações capixabas e nacionais.

A relação comercial do Brasil com os EUA sempre foi baseada no diálogo permanente e a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) acreditam que é preciso que ela continue dessa forma. Neste momento, o Observatório Findes, centro de estudos e inteligência de dados da Federação, vem estudando os reflexos que a medida pode ter sobre o setor produtivo capixaba.

Os EUA são o segundo principal destino das exportações brasileiras e o primeiro no caso das capixabas, representando 28,5% de todas as exportações do Estado. Além disso, enquanto no Brasil a balança comercial é favorável para os Estados Unidos, no caso do Espírito Santo, ela é positiva para o Estado: US$ 3,06 bilhões em exportações versus US$ 2,05 bilhões em importações.

Os principais setores do Espírito Santo que exportam para o mercado dos Estados Unidos, e que consequentemente têm maiores chances de algum impacto a partir da medida, são: aço (1º lugar na pauta exportadora capixaba para os EUA), rochas ornamentais (2º), papel e celulose (3º), minério (4º) e café (5º).

Uma vez que a taxação encarece os produtos importados pelos consumidores dos EUA, a medida do presidente Trump pode desestimular, parcialmente, as vendas da indústria e da agropecuária capixabas para este destino. Entretanto, se a indústria dos Estados Unidos não for suficiente para suprir a demanda local, os produtos do Brasil e, consequentemente do Espírito Santo, ao terem a incidência da taxação mínima, poderão ter alguma competitividade frente aos produtos de países com taxação mais elevada, como é o caso da China, da Índia, do Vietnã e da Indonésia.

Entre os 20 países que os EUA mais compram no comércio internacional, de acordo com dados de 2024, o aumento de 10% esteve concentrado em três deles: Reino Unido, Singapura e Brasil. O restante do grupo teve reajustes acima dos 24%.

A Findes reafirma que o aprofundamento do diálogo continua sendo a melhor saída. A Federação entende que o governo brasileiro deve continuar negociando com o presidente Donald Trump e sua equipe em busca de soluções que melhor atendam ambas as nações, principalmente no caso do aço e do alumínio, para os quais as tarifas anteriores de 25% estão mantidas.

Acreditamos que a busca por soluções que alinhem os interesses dos dois governos e do setor produtivo de ambos os países seja fundamental para que o Brasil tenha uma agenda de facilitação do comércio e para que a abertura de novos mercados dentro dos EUA aconteça. Seguiremos atentos a novas medidas que possam ser anunciadas— conclui o comentário do presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona.