O falecimento recente de Han Jong-Hee, aos 63 anos, marca um momento significativo para o setor global de tecnologia, especialmente no campo das telecomunicações. Han atuava como co-CEO de uma das maiores corporações do setor, sendo responsável pelas divisões de eletrônicos de consumo e dispositivos móveis. Seu legado vai muito além da gestão de produtos: ele foi peça-chave na integração de inteligência artificial em dispositivos móveis e na consolidação da liderança global em painéis de exibição e sistemas de comunicação digital.
Em um cenário global cada vez mais competitivo e volátil, Han liderou a transição estratégica da empresa em direção a soluções mais inteligentes e conectadas, atuando diretamente na evolução dos dispositivos móveis como hubs de conectividade e inteligência embarcada. Foi também sob sua supervisão que a companhia Samsung alcançou, por 15 anos consecutivos, a liderança no mercado de sinalização digital — setor que envolve monitores, videowalls e totens interativos usados em ambientes corporativos, transporte, saúde, varejo e publicidade. Esse mercado tornou-se essencial na cadeia de comunicação moderna, e sua expansão está diretamente ligada à visão de executivos como Han, que enxergaram o potencial da integração entre hardware, software e rede.
Sua atuação também teve repercussões importantes no segmento de semicondutores, com foco em chips de alto desempenho e memórias otimizadas para aplicações de inteligência artificial e telecomunicações. Em 2024, a companhia em que atuava liderou o mercado global de semicondutores, com US$ 66,5 bilhões em receita, mesmo sob intensa concorrência de empresas como Intel, Nvidia, SK Hynix e Micron. Trata-se de um setor sensível a flutuações geopolíticas, como as políticas tarifárias dos Estados Unidos e as disputas por subsídios, particularmente relevantes nos investimentos planejados em território americano.
Por outro lado, parte do mercado de semicondutores já dá sinais de saturação, como no caso das memórias DRAM para PCs tradicionais ou nos chips NAND Flash usados em SSDs de entrada. O reposicionamento estratégico — com investimentos em áreas emergentes como IA, biotecnologia e robótica — tem sido uma resposta a essa mudança de ciclo. Han esteve diretamente envolvido nesse redirecionamento, assumindo riscos calculados para garantir a perenidade e relevância tecnológica da organização que liderava.
Sua ausência abre uma lacuna não apenas corporativa, mas simbólica: um líder com profundo entendimento técnico e sensibilidade para as transformações sociais e econômicas provocadas pela tecnologia. Em tempos em que conectividade, inteligência embarcada e sistemas autônomos passam a integrar todos os aspectos da vida moderna, a falta de figuras como Han Jong-Hee nos lembra o papel decisivo que lideranças visionárias desempenham na evolução da telecomunicação global.
• Por: Antonio Newton Licciardi Junior docente dos cursos de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. | ‘O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie’. | A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.