Também na ocasião, foram assinados protocolos de intenções para reaproveitamento de plataformas da Petrobras e, o edital de licitação para aquisição de oito navios gaseiros para a Transpetro.
A Petrobras, por meio de sua subsidiária Transpetro, anuncia no dia 17 de fevereiro (segunda-feira) a abertura de uma licitação internacional para a aquisição de oito navios gaseiros com capacidades de sete mil, dez mil e 14 mil metros cúbicos. A medida faz parte do programa de renovação e ampliação da frota da Transpetro, iniciado em julho do ano passado.
Essa contratação vai triplicar a capacidade da Transpetro para transportar GLP e derivados e vai permitir à companhia carregar amônia. A ampliação da frota de gaseiros, de seis para 14 navios, leva em conta o aumento de produção de gás natural no país e visa atender a demanda da Petrobras na costa brasileira e na navegação fluvial, como já ocorre na Região Norte do país e na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
O evento foi realizado no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), em Angra dos Reis(RJ), e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, e Sérgio Bacci, presidente da Transpetro. Também a presidente da Comissão Especial da Indústria Naval da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Célia Jordão(PL). Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), João Azeredo, presidente da Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar), Roberto Ardenghy , presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
—A expectativa é que essas iniciativas impulsionem a geração de empregos e ampliem a participação da indústria brasileira no setor naval e offshore. A contratação dos gaseiros que anunciamos hoje está em linha com nossos esforços para renovação e ampliação da frota da Transpetro e com o aumento gradativo da nossa produção de gás natural. Além disso, vai proporcionar menor exposição aos afretamentos —ressalta a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
A CEO relembrou os investimentos de R$ 111 bilhões que a Petrobras espera realizar até 2029 e outros planos já apresentados em seu plano de investimentos, como a contratação de dez novos navios-plataforma nos próximos cinco anos.
Chambriard também disse que a companhia enfrenta dificuldades em encontrar mão de obra especializada para avançar com seu plano de investimento. Apesar disso, afirmou que o aumento da participação de conteúdo local —materiais produzidos no Brasil —em projetos da empresa é uma prioridade em sua gestão.
—Estamos tendo carência de trabalhadores e estamos fazendo programas de especialização para atender as demandas da Petrobras— declarou.
Margem Equatorial — Ainda aguardando a licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama) há mais de um ano, Chambriard se limitou a dizer que a exploração na costa do Amapá será a mais segura do mundo.
A executiva listou uma série de medidas que a empresa possui para evitar qualquer tipo de vazamento de petróleo em seus poços, dentre elas uma parceria com a agência espacial norte-americana Nasa para monitoramento de vazamentos e um equipamento que é capaz de vedar poços com problemas.
—Estejam certos de que sendo possível a licença teremos o melhor aparato de resposta a emergência no mundo no Amapá— afirmou a presidente.
Para o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, a licitação dos gaseiros evidencia o novo horizonte de crescimento da companhia. —Com essa contratação, vamos aumentar de seis para 14 o número de navios da nossa frota de gaseiros, ampliando a capacidade de transporte de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos. Vamos consolidar a Transpetro como maior armador brasileiro no transporte de gás, fortalecendo a companhia em um segmento que possui grande importância para o Sistema Petrobras e para todo o Brasil —afirmou Bacci.
A deputada estadual Célia Jordão (PL/RJ), presidente da Comissão Especial da Indústria Naval da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), , comemorou o anúncio e destacou o impacto positivo da retomada do setor, ela foi uma das protagonistas do evento. Em 2023, a parlamentar entregou ao vice-presidente Geraldo Alckmin o Plano de Retomada da Indústria Naval e o Projeto Reciclagem Naval, documentos que incentivam a reutilização, reciclagem e desmantelamento de embarcações no estado.
—Hoje vemos que todo o trabalho que estamos fazendo no âmbito da Assembleia Legislativa não é em vão. Nós estamos acompanhando de perto todos esses movimentos, sempre pensando no melhor para a população, já que o setor tem forte potencial de geração de emprego. O anúncio de investimentos é fundamental porque sabemos que os principais beneficiados serão os trabalhadores e trabalhadoras. A retomada da Indústria Naval é um marco para o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio e do país— destacou a parlamentar.
Dois lotes — A licitação é pública e internacional e tem dois lotes, que não podem ser vencidos pelo mesmo estaleiro ou consórcio. A concorrência permite a participação de todos os estaleiros que atendam aos critérios técnicos e econômicos do edital.
Um dos lotes da licitação contempla cinco navios, sendo três embarcações de sete mil metros cúbicos e duas de 14 mil metros cúbicos de capacidade. Esses gaseiros serão do tipo pressurizado, destinados ao transporte de GLP e derivados.
Já o outro lote contempla a aquisição de três navios com capacidade de dez mil metros cúbicos, do tipo semirefrigerado. Como diferencial, essas embarcações também poderão carregar amônia, produto que atualmente não é transportado pela Transpetro. A entrada dessas novas embarcações possibilitará a ampliação da carteira de serviços da companhia.
As empresas interessadas têm o prazo de 90 dias para apresentar suas propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais devem ser entregues sucessivamente a cada seis meses.
Os futuros gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo, propiciarão uma redução de 30% nas emissões de gases do efeito estufa e estarão aptos para atuar em portos eletrificados.
Embarcações de apoio marítimo — A Petrobras contratou no final do ano passado 12 novas embarcações de apoio marítimo (do tipo PSV) — especializadas em transporte de equipamentos. As embarcações serão construídas nos estaleiros próprios das empresas vencedoras, localizados em Santa Catarina.
Há, ainda, previsão de contratação para mais 20 novas embarcações — sendo dez de apoio e resposta a emergências (as chamadas OSRVs), oito para inspeção e intervenções em sistemas submarinos (RSVs) e duas para ancoragem de plataformas (AHTS).
A contratação desses dez OSRVs (Oil Spill Recovery Vessels), embarcações de última geração, reforça o compromisso da Petrobras com as ações de prevenção e respeito ao meio ambiente.
As embarcações de apoio marítimo passaram a prever 40% de conteúdo local na construção, visando ao cumprimento das exigências perante a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Além disso, elas irão incorporar o que há de mais moderno em tecnologia, evidenciando o engajamento da companhia com melhores práticas sustentáveis e inovadoras, com menor emissão de poluentes e maior eficiência energética.
Reaproveitamento de plataformas — Em um cenário em que a gestão de ativos de produção, especialmente no setor de óleo e gás, se tornou cada vez mais relevante no contexto da sustentabilidade e da circularidade, o reaproveitamento de plataformas surge como uma alternativa estratégica que está em linha com os compromissos de ASG da Petrobras.
Conforme previsto no seu Plano de Negócios 25-29, a companhia planeja desmobilizar dez plataformas até 2029, e os protocolos de intenções firmados têm como objetivo analisar a viabilidade do reaproveitamento dessas unidades.
Iniciativas e projetos de reutilização de embarcações podem gerar benefícios, como a redução de custos logísticos, o fortalecimento da base de fornecedores e a promoção de melhores práticas de sustentabilidade.
Além da Petrobras, o protocolo de intenções é assinado por instituições da indústria que irão colaborar para um estudo de olhar abrangente, como o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar) e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP).
O Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras — O programa tem entre seus objetivos reduzir a exposição da Petrobras aos afretamentos e dar maior flexibilidade e eficiência para as operações logísticas de movimentação de gases liquefeitos e outros produtos. A iniciativa integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
Está prevista a aquisição de navios para cabotagem na costa brasileira, contemplando embarcações dos tipos handy, gaseiros e de médio porte (MR1). Dezesseis embarcações já estão previstas no Plano de Negócios da Petrobras 2025-2029.
A Transpetro já iniciou estudos para o lançamento, no início do segundo trimestre, de uma nova licitação para a contratação de quatro navios de médio porte (MR1), com capacidade de 35 mil Toneladas de Porte Bruto (TPB).