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15/02/2025

Falta de clareza e sobrecarga de dados

Dificultam decisões empresariais para 44% dos CEOs brasileiros.

A crescente quantidade de dados disponíveis tem tornado as decisões empresariais cada vez mais complexas e desafiadoras, impactando diretamente a gestão estratégica das companhias. Segundo um estudo global intitulado CEO Decision Making in the Age of AI, Act with Intention, em tradução livre, Tomada de decisão do CEO na era da IA, aja com intenção, realizado pelo IBM Institute for Business Value em 2024, os CEOs brasileiros enfrentam desafios significativos na utilização dos dados para embasar suas escolhas corporativas.

O levantamento revelou que 44% dos executivos brasileiros apontam dados pouco claros como um dos principais obstáculos, enquanto 41% relatam dificuldades em identificar insights a partir das informações disponíveis. Ambos os percentuais estão acima da média global, demonstrando a urgência de aprimorar a gestão de dados no país.

Além disso, 71% dos CEOs brasileiros afirmaram que eliminar a distância entre as informações e os responsáveis pela tomada de decisão é mais importante do que modificar em quais pontos da cadeia de trabalho essas decisões ocorrem. Ainda segundo a pesquisa, 76% dos líderes empresariais no Brasil confiam nos dados operacionais internos como sua principal fonte de informação para decisões estratégicas, apesar dos desafios na interpretação desses dados.

Padronização e cultura baseada em dados são essenciais — A pesquisa da IBM também destaca as principais ações apontadas pelos executivos brasileiros para melhorar a medição de desempenho das empresas. Entre elas, a padronização de relatórios e dos processos de coleta de informações foi citada como essencial por 44% dos entrevistados. Outros fatores relevantes incluem a criação de uma cultura empresarial orientada por dados, mencionada por 40%, e melhorias nas plataformas de gestão de dados, destacadas por 39%. Esses percentuais reforçam a necessidade de estruturar melhor as informações para facilitar a tomada de decisão.

Diante da sobrecarga de dados, a tecnologia surge como um importante apoio nas decisões estratégicas, desde que as pessoas que a utilizam tenham o discernimento necessário para avaliar essas informações e transformá-las em conhecimento.

O estudo também apontou que as tomadas de decisão estão sendo cada vez mais impulsionadas por novas tecnologias. Dois pilares se destacam para conquistar resultados positivos nos próximos três anos: a computação em nuvem, mencionada por 60% dos CEOs, e a expansão do uso da inteligência artificial (IA), incluindo a IA generativa, apontada por 56% dos entrevistados.

Mais da metade (65%) dos líderes empresariais brasileiros já possui um plano sobre o papel da IA avançada no processo decisório de suas companhias pelos próximos cinco anos.

Embora a tecnologia seja um importante apoio para a gestão estratégica, ela deve ser utilizada com discernimento. A interpretação humana continua sendo essencial para transformar dados em conhecimento útil e evitar conclusões precipitadas.

O avanço da inteligência artificial e da computação em nuvem proporciona mais rapidez e precisão na análise de grandes volumes de informações. No entanto, atribuir decisões estratégicas exclusivamente às máquinas pode ser arriscado, pois a interpretação dos dados ainda exige sensibilidade e visão de negócio.

Em um cenário cada vez mais orientado por dados, empresas que investem na estruturação de informações e na capacitação de seus profissionais para interpretá-las de maneira eficiente tendem a obter melhores resultados e se destacar no mercado.

Estes profissionais devem ter o objetivo de se tornarem “pontes” entre as informações e o decisor. Precisam buscar a capacidade de “traduzir” tais dados técnicos e, com isso, viabilizar o efetivo contato com alternativas para a decisão estratégica. Com o profissional do direito não é diferente, este deve ser instrumento de boas decisões estratégicas e soluções efetivas de riscos empresariais.

Por: Daniel Cabrera, advogado especializado em Direito Empresarial há mais de 20 anos, especialista no desenvolvimento de estratégias para transformar as questões legais das empresas em um diferencial competitivo e membro da Comissão Especial de Tecnologia e Inovação da OABSP.