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12/02/2025

Novas tarifas pelo presidente dos EUA Donald Trump

Rodolpho Damasco, sócio e head do Private Offshore da Nomos Investimento faz uma análise.

—A decisão do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump de reintroduzir tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados pelos EUA reacende um problema que o Brasil já enfrentou em seu primeiro governo. Em 2018, essas mesmas tarifas foram aplicadas sob a justificativa de segurança nacional, e o Brasil conseguiu negociar um sistema de cotas que permitiu continuar exportando sem a aplicação das taxas, mas com restrições de volume. Agora, o desafio se repete, e o impacto sobre a economia brasileira pode ser significativo.

O Brasil é um dos principais fornecedores de aço para os Estados Unidos, e essa barreira comercial pode prejudicar diretamente empresas como CSN, Usiminas e Vale, que dependem do mercado americano para escoar parte de sua produção. A Gerdau, por ter operações nos EUA, pode sofrer menos, já que pode atender à demanda local sem depender das exportações. No entanto, para as empresas que não possuem essa estrutura, a necessidade de buscar novos mercados e lidar com um possível excesso de oferta interna pode pressionar margens e impactar a geração de empregos no setor.

Além disso, há um efeito em cadeia na economia. Se as exportações caírem, a produção pode desacelerar, afetando fornecedores, transportadoras e outros segmentos ligados à siderurgia e à mineração. Também há o risco de que essa medida gere tensões comerciais globais e represálias de outros países, dificultando ainda mais o cenário para o Brasil.

O governo brasileiro precisa agir rapidamente, como fez no passado, buscando um novo acordo que minimize os impactos dessas tarifas. A experiência de 2018 mostrou que negociações podem resultar em condições menos desfavoráveis. Além disso, é essencial que a indústria nacional continue investindo em competitividade e diversificação de mercados para reduzir sua dependência dos Estados Unidos e evitar ser refém de medidas protecionistas que podem mudar a qualquer momento— conclui o comentário.