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31/01/2025

No primeiro Copom, Galípolo cumpre compromisso: Selic a 13,25%

No primeiro encontro do ano sob a gestão de Gabriel Galípolo, o Copom (Comitê de Política Monetária) cumpriu o que havia prometido na ata da última reunião de 2024: aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. É esperado um outro aumento de mesma magnitude para a próxima assembleia, que está prevista para 18 e 19 de março, daí a Selic iria para 14,25%.

A inflação, medida pelo IPCA, fechou 2024 em 4,86%, portanto, acima do teto da meta que é 4,50%. Para este ano, as expectativas estão acima de 5,00%. O indicador é uma espécie de febre, um superaquecimento que o organismo econômico está sofrendo. O aumento de juros seria um “antitérmico” para não comprometer o funcionamento do organismo.

O problema central é que o aquecimento da atividade econômica não está vindo de uma forma natural e sustentável, puxado pela demanda do setor privado, em que o investimento garantiria o aumento da capacidade da economia de atender o aumento da demanda. Atualmente, esse aquecimento (crescimento do PIB acima de 3%, quando o potencial cresce 2%, no máximo) é puxado por gastos e transferências do governo, que aumentam a demanda (basicamente consumo) sem contrapartida no investimento produtivo, desequilíbrio que leva à inflação.

A política fiscal (determinada pelo Ministério da Fazenda) deveria ajudar a política monetária (Banco Central – BC), diminuindo os gastos governamentais. Assim, o BC não precisaria aumentar tanto a taxa de juros, pois a redução dos gastos faria com que a demanda agregada crescesse menos que a oferta (PIB potencial), diminuindo a pressão dos preços.

O governo comemora politicamente o crescimento do PIB acima de 3%, mas a um custo muito alto. A dívida cresce a uma taxa acima de 7% ao ano, superior ao índice inflacionário. Essa trajetória é insustentável e o governo corre um risco, cada vez maior, de ter que enfrentar uma queda abrupta do PIB antes de 2026. Qualquer marolinha vinda do exterior pode ter um impacto de um tsunami.

Por: Josilmar Cordenonssi Cia, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

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