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30/01/2025

Copom eleva a taxa Selic para 13,25% ao ano, diz BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), decidiu no dia 29 de janeiro (quarta-feira) por elevar a Selic para 13,25% ao ano, portanto, um ponto a mais acrescentado no 12,25% até então.

— O ambiente externo permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes— diz o comunicado.

— Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes— continua.

— As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e situam-se em 5,5% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência.

Persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e (ii) um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.

O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.

O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista.

O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos— conclui o Comitê.

Votação — Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Firjan — Alta da Selic compromete desenvolvimento sustentável de setores estratégicos e restringe investimentos, ressalta Firjan em nota. — A Firjan considera que o novo aumento da taxa básica de juros, de 12,25% para 13,25% ao ano, vai intensificar o processo de desaceleração da indústria nacional. Recentemente, a produção industrial teve duas quedas consecutivas e está 15% abaixo do nível máximo da série histórica, alcançado em 2011. Essas informações são corroboradas pela quarta queda seguida no Índice de Confiança do Empresário Industrial, que iniciou 2025 apontando pessimismo. A alta dos juros não apenas compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos, mas também restringe os investimentos necessários para impulsionar a produtividade.

Em um cenário global marcado por incertezas, torna-se essencial reduzir vulnerabilidades domésticas e elevar a produtividade. Para isso, é indispensável uma reforma fiscal crível e estruturada que alivie o alto comprometimento com despesas obrigatórias e abra espaço para investimentos. Sem isso, o dólar continuará pressionado, as expectativas de inflação permanecerão altas e os juros seguirão elevados. Isso prolongará a perda de confiança do setor produtivo e restringirá investimentos em inovação, infraestrutura e tecnologia, pilares essenciais para o crescimento econômico sustentável— conclui a Firjan em nota.

E, nesta esteira, principalmente entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) : — Insistir no aumento da Selic, considerando que já tem embutidos juros reais de cerca de 7%, faz com que o setor industrial adie investimentos essenciais, voltados à modernização ou expansão da sua matriz de produção, deixando de melhorar sua produtividade e desperdiçando oportunidades de contribuir com o crescimento do País — afirma a nota, 

E continua: — Aumentar a Selic traz mais custos para as empresas, para os empresários que precisam investir na compra de máquinas e equipamentos, ou mesmo contratar capital de giro par fazer frente às necessidades financeiras do dia a dia, o custo do crédito fica ainda mais caro com a subida da Selic, sendo um impeditivo para a execução de diversos projetos, fazendo com que o Brasil desperdice uma série de oportunidades.

A CNI destaca que o custo financeiro dos juros altos se acumula ao longo da cadeia produtiva, o que amplifica seus danos. Na indústria, setor que é estruturado em cadeias longas, esse efeito é devastador. O custo financeiro embutido no produto industrial final pode representar até 25% do preço ao consumidor, o que é insustentável para a competitividade do setor—conclui a CNI.

Abrainc: Aumento da Selic agrava custos e inibe investimentos — O Banco Central voltou a elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias(Abrainc) alerta que essa decisão agrava os desafios econômicos, encarece o crédito, desestimula investimentos e pressiona o orçamento de empresas e famílias.

Além de restringir o crescimento do país, os juros elevados tornam a dívida pública ainda mais onerosa – cada ponto percentual de alta na Selic adiciona cerca de R$ 48 bilhões ao seu custo anual. O impacto sobre as empresas também é enorme, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego. Para exemplificar, somente em 2024 foram registrados mais de 2,2 mil pedidos de recuperações judiciais, segundo Indicador da Serasa Experian. O montante é o mais alto contabilizado desde o início da série histórica, iniciada em 2005, e representa um aumento de 61,8% em relação a 2023.

—Medidas para controlar a trajetória crescente da dívida pública são essenciais para termos uma taxa de juros em padrão saudável a médio e longo prazo. Isso vai destravar investimentos e incentivar o crescimento do país de forma sustentada. Conviver com juros elevados trava o desenvolvimento, reduz a geração de empregos e penaliza empresas e famílias—ressalta o presidente da Abrainc, Luiz França.