Todo estudante de direito, ao aprender sobre a ética da profissão e quando está para entrar no mercado de trabalho, defronta-se com a pergunta que invoca o reconhecimento das expressões “ser” ou “ter”.
O aluno, já no fim do curso, precisa decidir se vai “ter” a profissão de advogado ou se ele vai “ser” um advogado. Contradição apenas aparente porque, na verdade, muito antes da aprovação para fazer o curso, ele e todos à sua volta sabem a resposta.
Ter a profissão de advogado faculta à pessoa navegar nas inúmeras possibilidades profissionais que a formação jurídica abre na vida do cidadão. Hoje, os cargos públicos obtidos mediante concurso são um atrativo. Vale lembrar que, em um passado não muito distante, a atividade privada já se mostrou mais convidativa que a pública. Ainda se encontram nichos assim. Os servidores públicos tão valiosos não recebem do Estado a atenção que lhes é devida. Ainda há muito por melhorar e essa melhora não será sem luta. As carreiras públicas vêm sendo cada vez mais subjugadas pela pressão de terceirizações e pela prática frequente do assédio moral e institucional.
Ser advogado é diferente. Seu corpo fala, por vezes grita, e em absolutamente tudo se assume uma posição construindo os argumentos e postulados a serem sustentados. Ser um advogado é um modo de viver, dialogado ao extremo, mas sempre com aquela enorme disposição de lutar. Mesmo quando você está na praia relaxando, ao trocar duas palavras com uma pessoa, ela faz a indagação mágica: Você é advogado?
Viver sendo advogado é exigente. Por vezes cansativo, mas é nobre. Em um velho livro de prática forense, o autor afirma: essa profissão irá garantir a sua dignidade.
Entre aqueles que são advogados há uns raros casos de maior impetuosidade. Gente que gosta de estar na linha de frente das batalhas e da abertura de espaços para o Direito e a Cidadania avançarem. São os advogados que acrescentam ao seu modo de “ser” a defesa dos Direitos Humanos.
É como se atendessem o chamado da Lei 8906/94: defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos, a justiça social e promover o aperfeiçoamento da cultura jurídica.
Esses advogados brigam, lutam por direitos humanos e justiça social. Às vezes conquistam direitos e garantias importantíssimos e, às vezes, perdem as batalhas, perdem direitos e não raras vezes perdem suas vidas. Mas sempre o direito se aperfeiçoa em razão dessas batalhas, é como se aquele ímpeto ressurgisse mais vigoroso sempre.
Nesse um quarto do primeiro século do terceiro milênio, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB/MG) inicia um novo mandato compromissada com os Direitos Humanos e a Cidadania, que todos os trabalhos a serem desenvolvidos pelas pessoas que “têm” a profissão de advogado e “são” advogados possam fazer avançar a cultura jurídica, consolidar a Democracia e garantir os Direitos Humanos.
• Por: Wagner Dias Ferreira, advogado, recém nomeado Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG.