Em meio à incerteza, a região ainda não vê sinais de recuperação sustentada.
Após a contração registada em 2023, as exportações da América Latina e das Caraíbas retomaram o crescimento na primeira parte de 2024 e expandiram-se a taxas relativamente estáveis ao longo do ano. No entanto, embora as exportações da região tenham ultrapassado a fase de contração, ainda não há sinais de uma recuperação sustentada. Neste contexto, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em seu relatório: —Estimativas de tendências comerciais na América Latina e no Caribe— sugere que a região se concentre em reformas e investimentos destinados a aumentar a produtividade, em geral, e facilitar e promover as exportações e o investimento, em particular.
Revisão 2024 — A recuperação dos embarques foi impulsionada principalmente pela América do Sul, cujos volumes de exportação aceleraram significativamente após os efeitos das secas sofridas ao longo de 2023 e do aumento da produção nas indústrias extrativas de diversas economias.
As Caraíbas também apresentaram uma recuperação notável nas suas exportações após a contração de 2023, embora o desempenho tenha sido explicado exclusivamente pelo aumento das exportações de petróleo da Guiana. Nos restantes países da sub-região, com exceção de Belize, as vendas externas continuaram em terreno negativo. O México continuou a ser o motor das exportações da região.
América do Sul — Depois de cair 4,1% em 2023, estima-se que as exportações do Chile tenham aumentado 4,7% em 2024. Embora os embarques para todos os principais destinos tenham aumentado, os que mais contribuíram para o aumento foram a Ásia (Japão, Índia e China) e a Europa. União. O forte crescimento nas exportações de cobre compensou as contrações nos produtos de lítio e produtos industriais e químicos.
Estima-se que as exportações da Venezuela tenham aumentado 18,7% em 2024, impulsionadas principalmente pelo aumento dos volumes, após uma queda de 8,0% em 2023. Os envios de petróleo para a Ásia, especialmente para a Índia, explicaram a maior parte do crescimento.
As exportações da Argentina recuperaram em 2024 e estima-se que tenham crescido 18,1%. Destacam-se a recuperação da produção agrícola após a seca de 2023 e o aumento dos embarques de petróleo. Os aumentos foram registados em todos os principais destinos e os maiores contributos foram para o Brasil, Chile e, por outro lado, para alguns países asiáticos.
No Peru, as exportações cresceram cerca de 15,8%, apresentando forte aceleração em relação a 2023 (1,5%). As exportações para todos os principais destinos aumentaram, exceto os Estados Unidos. A Ásia foi responsável por quase dois terços da expansão total.
Estima-se que em 2024 as exportações do Uruguai aumentaram 14,6%, recuperando-se notavelmente da contração de 2023 (–17,6%). A recuperação é explicada em sua totalidade pela expansão dos volumes expedidos. Os envios que mais contribuíram para o aumento foram os destinados a parceiros não tradicionais como Turquia, Israel e Argélia.
O Equador aumentou as suas exportações em cerca de 8,6% em 2024, revertendo a queda de 4,7% registada em 2023. O petróleo bruto, seguido pelo camarão, bananas e cacau explicaram o aumento. Os envios intrarregionais aumentaram fortemente, especialmente para o Panamá; para a União Europeia e, em menor medida, para a Ásia.
As exportações totais do Brasil contraíram 0,8% em 2024, revertendo o desempenho em relação a 2023 (1,7%). A redução nos embarques de soja e milho, em grande parte devido às enchentes que afetaram o país no início do ano, foi parcialmente compensada pelos aumentos de açúcar, petróleo, café, celulose e algodão, entre outros.
Estima-se que as exportações da Colômbia continuaram a contrair-se em 2024, embora a um ritmo inferior ao de 2023 (-0,5% e -12,5%, respetivamente). A queda foi explicada pela redução dos preços de exportação num quadro de aceleração dos volumes exportados. A União Europeia foi o destino que mais contribuiu para a retração das vendas externas totais.
Em 2024, o Paraguai experimentou uma redução estimada de 6,5% em suas exportações como resultado da queda nos preços de exportação que compensou o aumento nas quantidades embarcadas. O desempenho foi determinado pela queda nos embarques para a Ásia —principalmente Índia, República da Coreia, Vietnã e China—.
Em 2024 a Bolívia registou uma diminuição das exportações estimadas em 19,1%. Este comportamento foi determinado principalmente pela queda nos embarques intrarregionais — especialmente para Argentina e Colômbia — e para a Ásia, especialmente para a Índia.
Projeções para 2025: Moderação e incerteza — Olhando para o futuro, o desempenho comercial da América Latina e das Caraíbas é caracterizado por perspectivas de crescimento moderadas e elevada incerteza, com um equilíbrio de riscos substancialmente equilibrado.
No entanto, o impacto da recuperação na região será limitado pelo abrandamento na China, pelo baixo nível de atividade na Europa e na América Latina e, no geral, por uma procura externa mais fraca em comparação com períodos anteriores. Entretanto, as alterações climáticas representam riscos significativos para a oferta exportável, com a probabilidade de eventos climáticos extremos afetarem a produção agrícola e o transporte, como evidenciado pelas recentes cheias no Brasil e pela seca no Canal do Panamá. | MM