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16/01/2025

Indenizações disparam no grupo dos seguros Marítimo e Aeronáutico, dizem CNseg e FenSeg

Pagamentos crescem 155,1% e arrecadação alcança R$ 1,6 bilhão em 2024.

Os seguros Marítimo e Aeronáutico desempenham um papel essencial na mitigação de riscos e na garantia de segurança em setores estratégicos da economia global. Um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) revelou que o grupo dos seguros Marítimos e Aeronáuticos desembolsou mais de R$ 1,5 bilhão em indenizações entre janeiro e outubro de 2024, registrando uma alta de 155,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento nos pagamentos do pagamento de indenizações está relacionado a diversos fatores, como acidentes e eventos catastróficos.

Entre janeiro e 05 de dezembro de 2024, dados da Força Aérea Brasileira indicam que pelo menos 138 pessoas faleceram em acidentes aéreos no Brasil. No setor marítimo, houve um aumento no número de naufrágios, colisões e avarias em embarcações de grande porte, como navios de carga, plataformas de petróleo e embarcações turísticas.

Carlos Eduardo Polizio, presidente da Comissão de Seguros de Cascos Marítimos e Aeronáuticos da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), explica que, no ramo Aeronáutico, o número de acidentes aumentou cerca de 11% entre 2023 e 2024, especialmente no segmento de Aviação Geral. —O aumento das indenizações está relacionado, principalmente, a falhas operacionais, como o julgamento incorreto de pilotos, falhas no planejamento de voos e manutenção ineficiente, entre outros fatores observados nas estatísticas oficiais —afirma. Sobre o elevado número de fatalidades, ele lembra que 2024 registrou uma grande quantidade de ocorrências envolvendo aeronaves de linhas aéreas.

Em relação ao seguro de embarcações, Polizio observa que as indenizações estão, em grande parte, associadas à quebra de máquinas e sistemas propulsores devido à manutenção preventiva inadequada realizada por alguns operadores. Entre as embarcações de recreio, o aumento de sinistros também está relacionado ao crescente impacto de eventos climáticos extremos, além de falhas operacionais envolvendo a navegação amadora.

Nos primeiros dez meses de 2024, a arrecadação do segmento Marítimo e Aeronáutico atingiu cerca de R$ 1,6 bilhão, com um crescimento de 22,2%. Esse desempenho está alinhado à previsão da CNseg para 2024, que projetava um avanço de 13,1% na arrecadação do segmento. De acordo com a entidade, o bom resultado é reflexo da natureza autorregressiva desses seguros, que não dependem diretamente de fatores macroeconômicos e são baseados em dados históricos e comportamentos passados.

O grupo de seguros Marítimos e Aeronáuticos engloba produtos que oferecem proteção contra riscos relacionados a equipamentos operando no mar ou no ar. Esses seguros podem ser contratados por pessoas físicas ou jurídicas e cobrem desde a reposição de embarcações e aeronaves até danos aos tripulantes, passageiros e terceiros.

Do total de R$ 1,5 bilhão em indenizações, o setor Aeronáutico foi responsável por R$ 1,1 bilhão, representando um aumento de quase 200%, enquanto o setor Marítimo desembolsou R$ 457,7 milhões. Em termos de arrecadação, o setor aéreo também liderou, somando R$ 1,2 bilhão (+27,9%), enquanto o setor marítimo alcançou a cifra de R$ 492,4 milhões (+10,4%).

O seguro Aeronáutico abrange todos os segmentos da aviação, incluindo seguros para satélites. Existem coberturas que contemplam responsabilidade civil de hangares e serviços aeroportuários, responsabilidade civil facultativa e o seguro de Responsabilidade Civil do Explorador ou Transportador Aéreo (RETA). Conhecido como o “DPVAT dos ares”, o RETA é obrigatório para todas as aeronaves registradas no Brasil e cobre reparações por danos causados pela aeronave segurada. Este produto arrecadou R$ 18,8 milhões nos dez primeiros meses de 2024, com um crescimento de 8,1% em relação a 2023. No entanto, os pagamentos às vítimas totalizaram R$ 4,2 milhões, representando uma queda de 56,7% em relação ao ano anterior.

No setor marítimo, existem quatro modalidades de seguros: Seguro Casco e Responsabilidade Civil para Embarcações (RFC), Seguro do Construtor Naval, Seguro para Operadores de Terminais Portuários e Danos Pessoais Causados por Embarcações ou suas Cargas (DPEM). O DPEM, conhecido como o “DPVAT das águas”, passou a ser exigido para todas as embarcações registradas no Brasil a partir de 1º de julho de 2024. Desde a implementação dessa nova regra, o produto arrecadou R$ 5,2 milhões e já desembolsou mais de R$ 87,5 mil em indenizações. Apenas no primeiro mês após a exigência, o produto arrecadou R$ 554,1 mil.

Para Polizio, a adesão ao seguro obrigatório contribui para consolidar a cultura do seguro no mercado de embarcações no Brasil. “A regularidade da contratação do seguro DPEM, bem como sua fiscalização pelas autoridades, é fundamental para massificar o produto e garantir o atendimento às vítimas do setor. Isso será determinante para que ele se torne uma prioridade para os operadores de embarcações em todo o país”, destaca.

O executivo também enfatiza a importância da contribuição das seguradoras na prevenção de perdas e no gerenciamento de riscos, observando que 100% dos negócios dos segmentos aeronáutico e marítimo adotam regras voltadas ao melhor controle operacional das aeronaves e embarcações. —Entre essas regras, destaco a exigência de treinamento dos pilotos e o controle da regularidade documental das aeronaves e embarcações junto às autoridades e as vistorias constantes —conclui Polizio.