Receita cambial de US$ 1,145 bilhão no mês e, US$ 12,515 bilhões no ano, com avanço de 55,4% sobre 2023. O volume foi alcançado com desempenhos históricos nos embarques de arábica, que cresceram 20%, e, principalmente, canéfora, que avançaram 98% ante 2023.
De acordo com o relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado no dia 15 de janeiro (quarta-feira), o país remeteu 3,808 milhões de sacas de 60 quilos de todos os tipos do produto ao exterior em dezembro do ano passado, obtendo uma receita cambial de US$ 1,145 bilhão, performance que representa queda de 8,1% em volume, mas alta de 42,2% no ingresso de divisas em relação ao mesmo período de 2023.
Com o desempenho do mês passado, o Brasil bateu o recorde anual de exportação em 2024, com o embarque de 50,443 milhões de sacas a 116 países, aferindo incrementos de 28,5% na comparação com o ano anterior e de 12,8% frente ao maior montante antecedente, registrado em 2020.
—Esse resultado foi puxado pelos embarques recordes das variedades arábica, que cresceram 20% ante 2023, e, principalmente, canéfora, que avançaram 98% no comparativo anual— destaca o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Tipos de café — No acumulado dos 12 meses de 2024, o café arábica, com o envio de 36,946 milhões de sacas ao exterior, foi o mais exportado pelo país. Esse é o maior volume da história para essa espécie, equivale a 73,2% do total e implica alta de 19,8% na comparação com 2023.
Os cafés canéforas —conilon + robusta— vieram na sequência e apresentaram o maior avanço percentual nos embarques do ano passado, ao registrarem expressiva evolução de 97,9 pontos frente a 2023. Entre janeiro e dezembro de 2024, o país remeteu o recorde de 9,356 milhões de sacas ao exterior, o que gerou uma representatividade de 18,5% nas exportações totais.
O segmento do café solúvel, com seu segundo melhor desempenho na história ao exportar 4,093 milhões de sacas — avanço de 13% e 8,1% do total —, e o produto torrado e torrado e moído, com 48.687 sacas (-5% e 0,1% de representatividade), completaram a lista.
Receita cambial— A entrada de divisas no país em função dos embarques cafeeiros também alcançou o melhor desempenho na história do levantamento do Cecafé, puxada pelos recordes apurados em café verde e solúvel. De janeiro a dezembro do ano passado, as remessas renderam US$ 12,515 bilhões ao Brasil, avançando 55,4% sobre 2023 e 35,4% em relação ao maior montante antecedente, registrado em 2022.
Ferreira explica que a performance histórica em volume e receita das exportações brasileiras reflete o cenário do mercado global, que vive momento de oferta restrita e a consequente elevação dos preços da commodity.
—Grandes produtores como Vietnã e Indonésia tiveram safras menores devido a adversidades climáticas. O Brasil, mesmo com uma colheita aquém do seu potencial, produziu o suficiente para honrar seus compromissos e, ainda, preencher a lacuna deixada pela falta de robusta dos concorrentes asiáticos. Com o consumo mundial se mantendo aquecido, foi natural o aumento dos preços e o crescimento dos ingressos com nossos embarques— analisa.
Principais destinos — Os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial dos cafés do Brasil no ano passado. Os norte-americanos importaram 8,131 milhões de sacas de janeiro a dezembro, o que equivale a 16,1% de todas as exportações e implica crescimento de 34% na comparação com 2023.
A Alemanha, com 15% de representatividade, adquiriu 7,590 milhões de sacas (+51,3%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Bélgica, com a importação de 4,348 milhões de sacas (+96,4%); Itália, com 3,914 milhões de sacas (+25%); e Japão, com 2,211 milhões de sacas (-6,3%).
O Brasil, além de ocupar o espaço deixado pela oferta restrita de outras nações cafeeiras, também abasteceu esses países ao longo de 2024, tendo remetido 4,122 milhões de sacas a esses produtores, o que representa uma alta de 29,9% na comparação com 2023.
Nesse grupo, destacaram-se as exportações realizadas para México, com 1,312 milhão de sacas (+140,6%); Vietnã, com 681.612 sacas (+364,8%); Índia, com 284.208 sacas (+1.596%); e Indonésia, com 203.400 sacas (+7,2%).
Por continentes, a Europa, com representatividade de 52,6%, consolidou-se como o principal destino dos cafés do Brasil ao importar 26,529 milhões de sacas em 2024, volume que significou um incremento de 40,6% ante o ano antecedente.
Na sequência, vieram a América do Norte, respondendo por 21,2% do total, com a compra de 10,681 milhões de sacas (+46,2%), e a Ásia, com 9,796 milhões de sacas (+11,4%) e 19,4% de participação no total.
Quando a análise é realizada por blocos econômicos, com exceção ao Mercosul (-18,4%), os demais ampliaram a importação de todos os tipos de café do Brasil. A União Europeia, que respondeu por 46,8% dos embarques, liderou a lista com a aquisição de 23,612 milhões de sacas no ano passado, apresentando um crescimento de 42,8%.
Na sequência, apareceram os países do Tratado de Associação Transpacífico (TPP), com 6,857 milhões de sacas (+37%); Oriente Médio, com 3,266 milhões de sacas (+22,1%); BRICS, com 2,798 milhões de sacas (+19,9%); Países Árabes, com 2,375 milhões de sacas (+31,5%); e Leste Europeu, com 2,042 milhões de sacas (+74,7%).
Cafés diferenciados— Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis responderam por 18,1% das exportações totais brasileiras no ano passado, com a remessa de 9,141 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 31,2% superior ao registrado em 2023.
Com um preço médio de US$ 277,28 por saca, a receita cambial com os embarques dos cafés diferenciados ficou em US$ 2,535 bilhões, o que corresponde a 20,3% do obtido com os embarques totais de café de janeiro a dezembro do ano passado. No comparativo anual, o valor é 59,9% maior do que o registrado em 2023.
No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados em 2024, os EUA ficaram na liderança, com a compra de 2,028 milhões de sacas, o equivalente a 22,2% do total desse tipo de produto exportado.
Fechando o top 5, apareceram Alemanha, com 1,619 milhão de sacas e representatividade de 17,7%; Bélgica, com 992.794 sacas (10,9%); Holanda (Países Baixos), com 611.063 sacas (6,7%); e Itália, com 365.663 sacas (4%).
Gargalos na logística e prejuízos— Apesar dos recordes alcançados, o presidente do Cecafé lembra que os exportadores associados vêm enfrentando uma série de entraves logísticos, principalmente nos portos, devido a contínuos atrasos e alterações de escala de navios para embarcar o produto, além de sucessivas rolagens de cargas.
Um levantamento iniciado pela entidade em junho, contando com dados de 27 empresas associadas, as quais representam 75% das exportações totais de café, revela que elas acumularam um prejuízo de R$ 42,332 milhões até o final de novembro do ano passado.
Esses custos extras se referem a detentions, pré-stacking, antecipação de gates e armazenagens adicionais devido ao volume de 1,615 milhão de sacas — 4.895 contêineres — acumuladas nos portos brasileiros sem embarque entre janeiro e novembro de 2024.
—O desempenho extraordinário que o Brasil obteve com as remessas de café ao exterior se deve ao incansável trabalho das equipes de logística dos nossos exportadores associados, que buscaram alternativas como o break bulk para realizar os embarques, e ao apoio dos terminais portuários, especialmente em Santos (SP), que estão empenhando esforços para atender às demandas do segmento e consolidar as exportações de café — explica Ferreira.
Somente em novembro, conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, 66% dos navios, ou 200 de um total de 304 porta-contêineres, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil e impactaram o resultado dos embarques de café.
Portos— O Porto de Santos permaneceu como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2024, com 34,277 milhões de sacas e representatividade de 68% no total. Na sequência, apareceram o complexo portuário do Rio de Janeiro, que respondeu por 27,9% dos embarques ao remeter 14,075 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Vitória (ES), que exportou 474.222 sacas e teve representatividade de 0,9%.
Safra 2024/25— As exportações brasileiras de café no acumulado entre julho e dezembro de 2024 somaram 26,049 milhões de sacas, gerando uma receita cambial de US$ 7,165 bilhões. Ambos os cenários são os maiores da história para o primeiro semestre de um ano safra cafeeiro no Brasil e foram impulsionados pelos recordes alcançados, em sacas e dólares, com os embarques de café verde e solúvel. Na comparação com os seis primeiros meses da temporada 2023/24, foram registrados crescimentos de 13% em volume e 59,4% em receita.
Cecafé — Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café nos âmbitos nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 126 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.