Conflitos no Mar Vermelho e tarifas de Trump impactam o cenário global. Para CEO da Asia Shipping, empresas que trabalham com o comex precisam de flexibilidade para lidar com os desafios e instabilidades que devem marcar o período.
O mercado do comércio global deve seguir permeado por desafios e vulnerabilidades em 2025. Diversos conflitos vividos no cenário geopolítico, como os que têm ocorrido no Mar Vermelho, além das novas taxações sobre produtos chineses prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda vão impactar o setor. É o que avalia Alexandre Pimenta, CEO da Asia Shipping, maior integradora logística da América Latina, que aponta as principais tendência para o comex no próximo ano; um período que vai exigir flexibilidade e adesão em larga escala de soluções digitais e de inteligência artificial (IA) pelos negócios.
De acordo com o executivo, empresas e operadores devem calcular muito bem suas rotas e estratégias, levando em conta a instabilidade do cenário geopolítico, a volatilidade do mercado, os prazos e demais etapas, que tomam tempo. —A previsão é que os Houthies continuem atacando os navios no Mar Vermelho e as principais transportadoras vão precisar desviar os seus percursos pela África, pensando em rotas alternativas ao Canal de Suez. Isso deve manter o congestionamento e atrasos nos portos ao longo do próximo ano —diz o executivo.
Em relação ao aumento de 10% das tarifas sobre produtos chineses, que devem ser impostas por Trump, Pimenta diz que o Brasil, por outro lado, pode ser um dos países beneficiados, já que possui capacidade para absorver a oferta excedente. —Diante das barreiras comerciais, é provável que a China escoe parte de sua produção para cá. Itens como carros, eletrônicos e celulares, que seriam vendidos aos EUA, podem chegar a preços mais vantajosos para o Brasil —explica.
Digitalização e uso da IA no comércio exterior — Apesar do cenário volátil, o CEO da Asia Shipping aponta como imprescindível a adesão em larga escala de soluções digitais e de IA para alcançar uma vantagem competitiva, frente a complexidade e rapidez inerentes ao comex. —O uso da tecnologia vai proporcionar o remanejamento das estratégias comerciais de forma muito mais rápida, precisa e até preventiva —destaca.
Como exemplo, o executivo cita a plataforma em nuvem, baseada em inteligência artificial, Dati. Oferecida pela Asia Shipping, a solução automatiza toda a rotina de importação e realiza de forma autônoma quase 87% das etapas dessa frente de negócios, fornecendo insights que podem fazer a diferença para a tomada de decisões em diversos cenários.
— O Brasil tem um enorme potencial de investimento pela frente. Aliando essas vantagens proporcionadas pela tecnologia a tudo que temos por aqui, como os recursos naturais abundantes, o mercado consumidor expressivo, entre outras oportunidades, o país tem todas as ferramentas necessárias para se recolocar no cenário internacional, em posição de destaque —conclui Pimenta.