Com instituições belgas com empresas e entidades do Estado do Rio, em encontro no Palácio Guanabara, com representantes do governo belga e líderes empresariais.
O vice-governador Thiago Pampolha recepcionou, no dia 28 de novembro (quinta-feira), a Sua Alteza Real, Princesa Astrid da Bélgica, representante de Sua Majestade o Rei da Bélgica, em missão econômica do país europeu ao Brasil. Bisneta do primeiro chefe de Estado estrangeiro (rei Albert I) a vir ao país em 1920, a princesa reforçou a tradição diplomática no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde promoveram assinaturas de dez Memorandos de Entendimento (MoU), entre empresas e instituições. Pampolha disse que em breve o estado vai retribuir esta visita.
—Nós já também marcamos que, muito breve, o Estado de Janeiro fará a visita da Bélgica, vai conhecer o Porto para que a gente tenha uma noção mais clara de como, realmente, vai se dar o estabelecimento do território verde que vai ser firmado entre o Porto do Açu e o Porto de Antuérpia, como que nós vamos poder emprestar os nossos recursos naturais, a nossa tecnologia para estabelecer a energia renovável, o nosso hall de energia renovável que envolve o projeto leve, que envolve biogás, que envolve biometano, como que nós vamos colocar isso à disposição do mercado europeu a partir das nossas atividades marítimas e portuárias. Então é um prazer está-nos aqui reunidos—afirmou o vice-governador.
Os memorandos abrangem pesquisa, cidadania e os mercados de ciência de dados, energia renovável, cervejeiro, produção de vacinas, tratamentos farmacêuticos, energia nuclear e celulose.
Missão belga deixa legado ao Rio de Janeiro — As parcerias de representantes da Bélgica foram assinadas com empresas e entidades estabelecidas no estado, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), Redes da Maré, Prumo Logística, Supermercado Zona Sul, Fundação Oswaldo Cruz(Fiocruz), Instituto Nacional de Câncer (Inca), Heliotech, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), Santuário Cristo Redentor, Porto do Açu e Jardim Botânico.
Roberto de Almeida Gil, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), disse que vai ser muito importante esta parceria com as instituições Belgas, para que os pacientes oncológicos tenham a oportunidade de novos tratamentos. Ele pontuou o que o INCA tem a ganhar com esse memorando.
—Insumos, transferência de conhecimento, possibilidade de capacitação dos nossos profissionais em novos campos do tratamento oncológico. Então, a gente tem um aspecto completo ali, não só garantindo um aprendizado, mas também a utilização e a aplicabilidade imediata em pacientes, definitivamente — afirmou.
Casa G20 “Casa de Cultura Laura Alvim”, em Ipanema — Na comitiva, cerca de 100 representantes do governo belga, líderes empresariais e instituições econômicas da Bélgica participaram. Também estiveram presentes representantes diplomáticos do Brasil e do país europeu. Ainda pela manhã, a princesa Astrid visitou a Casa G20, localizada em Ipanema, na Casa de Cultura Laura Alvim, junto a sua delegação e a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Rosângela Gomes.
Após o evento, a missão econômica da Bélgica visitou o Solar Meninos de Luz, uma organização civil e filantrópica que promove educação integral, cultura, esporte, profissionalização e cuidados básicos de saúde e assistência social às famílias com maior nível de desestruturação nas comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo.
Visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro — A Princesa Astrid da Bélgica também visitou o Jardim Botânico do Rio de janeiro e se encantou com historia do pau-brasil — A Rainha Elisabeth — 1876-1965, — a belga, aquela mesmo, que nomeia avenida em Copacabana — e o Rei Albert —1875-1934— estiveram no Rio em 1920 e, no Jardim Botânico, plantaram um jequitibá e uma peroba, respectivamente, que lá estão até hoje.
No dia 28 de novembro (quinta-feira), — 104 anos depois, a bisneta deles, Princesa Astrid da Bélgica, que está na cidade comandando a missão econômica belga no país, esteve no parque para conhecer pessoalmente as árvores imponentes. Com seu próprio celular em mãos, ela não deixou escapar um clique sequer.
Além das fotos das placas — que têm não só nome dos parentes, mas também as datas dos plantios — e das árvores em si, a princesa se interessou pelas histórias das plantas.
Uma de suas dúvidas foi o porquê de o jequitibá plantado pela bisavó ser considerado jovem. Ela se impressionou ao saber que uma árvore dessas pode chegar aos 800 anos. Além dos plantios dos bisavós, a Princesa também visitou a árvore plantada pelo Rei Leopoldo III, 1962, seu avô, uma chuva-de-ouro.
Sergio Besserman Vianna, presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, conta que a princesa também ficou impressionada com o pau-brasil — não só por sua história, de ter dado nome ao país e ser a responsável por tingir tecidos na Europa no passado — mas também por ser, até hoje, usada para fazer o arco de um bom violino.
Ao parar pra fazer fotos em um chafariz, em meio ao tour a bordo de carrinhos elétricos, a princesa foi abordada por uma família de turistas de Fortaleza. Daniel Melo, que estava acompanhado da mulher, Dione São Bernardo, e da filha, Lis Melo, disse à princesa que ela é muito simpática e elogiou o chocolate belga. Sorridente, Astrid posou para fotos com os “tietes”, mesmo sem falar português.
— Foi maravilhoso, pela sua simpatia e educação. A visita mostra que nossa cultura tem valorização — disse Daniel, após a foto.
Acordos no Brasil — A visita da comitiva belga também engloba a assinatura de uma carta de intenções entre os Jardins Botânicos do Rio e de Meise, na Bélgica, para repatriar — virtualmente — 57 mil imagens do livro Flora Brasiliensis (1840), que descreveu pela primeira vez 20 mil espécies brasileiras.
Desse acervo, fazem parte, por exemplo, imagens de coletas da coleção do naturalista Von Martius. A assinatura, marcada para o fim da tarde no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, visa um futuro acordo de cooperação entre as instituições.
A ideia é que o acervo belga passe a integrar o Herbário Virtual Reflora — uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) com o Jardim Botânico do Rio, com sistema desenvolvido pela Coppe/UFRJ — iniciado em 2010, plataforma que revolucionou as pesquisas sobre a flora brasileira. Atualmente, o HV Reflora reúne 99 herbários parceiros, com cerca de 4,6 milhões de imagens de espécimes disponíveis em sua plataforma.
Herbários físicos são formados por amostras de plantas coletadas por pesquisadores em suas expedições de campo e preparadas para armazenamento e estudo, chamadas de exsicatas.
Até o início do século XX, naturalistas estrangeiros realizavam coletas no Brasil e as levaram para herbários em outros países. Por isso, para estudar um grupo de plantas, era comum aos pesquisadores brasileiros terem que se deslocar até essas instituições no exterior, o que é cada vez menos necessário com o Herbário Virtual.
— Além da parceria para o herbário digital, estamos firmando um convênio com o Instituto Wagralim —grupo belga de inovação em alimentos—. Quando a gente fala de bioeconomia, ou de agrofloresta, não é aquela agricultura tradicional de monocultura e agrotóxico. Aqui tem toda uma biodiversidade que acolhe aquela planta, faz ela prosperar e não parasitar. Isso inclui também uma avaliação da mudança de hábitos alimentares da juventude. O Jardim Botânico vai fornecer conhecimento de plantas, e aprender com eles também vários aspectos — explica Besserman, destacando o conhecimento especial da Mata Atlântica no Jardim Botânico Rio de Janeiro.
Cônsul-geral da Bélgica no Brasil, Caroline Mouchart explica que a visita tem a intenção de fortalecer os laços econômicos e acordos bilaterais entre Bélgica e Brasil. A princesa, que além do Rio de Janeiro também visitou São Paulo, volta para seu país no dia 30 de novembro (sábado).
Segundo a cônsul, essa visita de agora é um “símbolo muito importante”, realizando uma nova visita da família real belga ao Brasil. Em 1920, quando as árvores visitadas por Astrid foram plantadas, os reis Albert I e Elizabeth estavam em terras brasileiras para agradecer ao apoio do Brasil na Primeira Guerra Mundial.
Durante a missão no Brasil, que se estende de São Paulo ao Rio de Janeiro, o Santuário Cristo Redentor hospedará, por uma noite, um extraordinário mapeamento de vídeo no monumento ao Cristo Redentor, com vista para a Baía de Guanabara. Essa apresentação espetacular, marcada para a noite do dia 28 de novembro (quinta-feira), na presença da Princesa Astrid, e dignitários belgas e brasileiros, será um evento diplomático e destacará o conhecimento tecnológico da Bélgica, bem como simbolizará a amizade belgo-brasileira, com uma projeção de imagens culturais e poéticas. Quatro projetores, cada qual ostentando 20 mil lúmens, iluminarão a imagem com paisagens e texturas simbolizando os dois países, como a vegetação tropical da Floresta Amazônica ou os motivos de linhas curvas típicos da estética do Art Nouveau.
O show é o resultado de uma parceria público-privada única que abrange a Bélgica, o Brasil e as regiões de Flandres e Valônia. Três empresas belgas especializadas em novas tecnologias darão vida a esse incrível projeto: a Barco fornecerá a projeção, a Dirty Monitor se encarregará do conteúdo e a Many Mind Media capturará o evento com uma impressionante cobertura de drones. A Federação da Indústria Alimentar Belga (Fevia) será responsável por promover as especialidades belgas em pralinés e produtos de confeitaria por meio de uma parceria com a Puratos.
Organizada pela Agoria, a federação de empresas de tecnologia belgas, essa parceria tecnológica faz parte da campanha “Bélgica”. “Abraçando a Abertura”. Essa campanha internacional, administrada pela Chancelaria do Primeiro-Ministro do Serviço Público Federal, busca melhorar a reputação da Bélgica entre investidores, líderes de opinião, pesquisadores e estudantes em todo o mundo.