Para serem mais sustentáveis, pavimentos devem ter em sua composição um cimento elaborado com gestão eficiente de resíduos e técnicas, como o coprocessamento, para reduzir emissões.
Em um novo conceito urbano para o futuro, o pavimento de concreto aparece como a solução ideal para a infraestrutura viária do Brasil. É a melhor alternativa para estradas, rodovias, ruas e avenidas, tanto do ponto de vista econômico quanto de sustentabilidade. Esse foi um dos temas debatidos durante o 65º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado de 22 a 25 de outubro em Maceió (AL), que apresentou e discutiu as principais tendências do setor de construção.
Além de ser mais econômico em relação aos revestimentos normalmente usados na malha viária, como rígido, semirrígido e flexível, o pavimento de concreto tem uma vida útil maior, em torno de 30 anos, sem necessidade de passar por reparos significativos.
É, também, mais resistente a variações climáticas extremas, fato muito importante para o momento atual. Sua excelente estabilidade dimensional faz com que ele não se deforme facilmente sobre alta pressão ou temperatura, mantendo sua forma e funcionalidade preservadas por mais tempo.
A questão da segurança para os usuários das vias é outro ponto forte desse tipo de pavimento. Devido a sua rugosidade e capacidade de drenagem, proporciona mais aderência dos pneus em relação à obtida em superfícies lisas e, em dias chuvosos, reduz o risco de aquaplanagem. Além disso, reflete a luz até 30% mais que o asfalto e sua cor clara melhora a visibilidade, principalmente em dias nublados e à noite.
No âmbito da sustentabilidade, durante o uso, o pavimento de concreto favorece a absorção de CO2 por meio da reação química de carbonatação, tornando-se, assim, um potencial sequestrador desse gás de efeito estufa da atmosfera.
No entanto, para reduzir cada vez mais a pegada de carbono, o pavimento de concreto precisa ter em sua composição um cimento de qualidade, produzido sob rígidas políticas de resíduos industriais, com adequada gestão de recursos naturais e o uso de técnicas para a mitigação dessas emissões.
Entre essas tecnologias está o coprocessamento, que consiste na utilização de resíduos industriais ou urbanos, biomassa e pneus, em substituição a matérias-primas minerais e aos combustíveis fósseis tradicionais, como o coque de petróleo e o carvão mineral, para a geração de energia térmica e como matéria-prima para a fabricação do cimento. Entre as vantagens do coprocessamento estão a redução do custo de energia térmica – já que os resíduos podem ser utilizados como combustível nos fornos – e de gases do efeito estufa. Ademais, a utilização de resíduos reduz a destinação dos materiais a aterros sanitários e fortalece a economia circular, com geração de renda para uma rede de empresas e para as comunidades que fornecem esses insumos.
Em um mundo cada vez mais conectado e consciente das questões climáticas, os cuidados com o meio ambiente não podem ficar apenas no discurso. É impossível falar em soluções urbanísticas sem levar em conta o uso de materiais sustentáveis, construindo, assim, um futuro melhor para a sociedade e o planeta.
• Por: Adriano Gamallo, Gerente do Canal Técnico da InterCement Brasil.