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23/11/2024

Trabalhar menos, viver melhor e aumentar a produtividade… é possível?

A sociedade está tão acostumada com a lógica tradicional da CLT – aquele padrão das 9h às 18h com uma hora de almoço – que muitas vezes nem questionamos se esse modelo ainda faz sentido. Esse modelo é antigo e um tanto quanto antiquado. Com a evolução tecnológica, a globalização e tantas novas profissões surgindo, o mercado de trabalho mudou completamente. Por que a jornada de trabalho não poderia mudar também?

Algumas iniciativas ao redor do mundo já estão mostrando que isso é possível. Um exemplo que chama atenção é a Short Friday, onde as pessoas trabalham meio período às sextas-feiras. Há também modelos de quatro dias de trabalho por semana sendo experimentados e debatidos em diferentes lugares. Aqui no Brasil, a discussão já começou, mais de um milhão de pessoas apoiam um projeto que proíbe a jornada 6×1, onde a pessoa trabalha seis dias seguidos para folgar apenas um. O questionamento que fica é: essa situação é sustentável?

Segundo pesquisas do DataSenado, 78% dos trabalhadores acreditam que poderiam manter a mesma qualidade no trabalho com um dia livre a mais na semana. É necessário entendermos que a produtividade não está diretamente ligada ao número de horas ou dias trabalhados. Na realidade trabalhar mais pode até ser contraproducente. Comprovadamente depois de longas jornadas parece que nosso cérebro para de funcionar começamos a escrever palavras erradas, ter dificuldade de lembrar algumas coisas e até mesmo cometer erros maiores.

Já estamos em 2024 e não podemos deixar de lado a qualidade de vida. Trabalhar precisa estar alinhado com motivação, propósito e, claro, tempo para descansar e cuidar de nós mesmos e de quem amamos. O fato é que talvez a mudança esteja mais próxima do que imaginamos. Afinal, repensar a jornada de trabalho é, acima de tudo, uma forma de repensar a maneira como vivemos.| Vídeo: https://www.instagram.com/reel/C_tZA8pP_3s/

Por: Antônio Carlos Souza de Carvalho, cientista político, especialista em economia do trabalho pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e sócio do escritório Souza de Carvalho Sociedade de Advogados.