A cultura e a culinária arabe estão mais presentes em nosso cotidiano do que pensamos. Desde sua descoberta, o Brasil é formado pela miscigenação: muitas de nossas palavras, comidas, vestimentas e objetos são frutos dessa mistura cultural. Ao conhecer mais sobre o outro, entendemos mais sobre nós mesmos. Por vezes, as influências árabes no nosso dia-a-dia passam despercebidas por nós, mas quando analisamos de perto, entendemos a riqueza e a pluralidade desses elementos no convívio brasileiro.
Um dos marcos da imigração de povos do Oriente Médio para o Brasil foi no século XIX, período onde a expansão da economia cafeeira e a retração do comércio de escravos no país motivaram vários produtores a importarem mão de obra de outras nações. Deste modo, os povos trouxeram consigo uma rica herança cultural. De acordo com dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, cerca de 12 milhões de árabes e descendentes vivem no Brasil e correspondem a 6% da população brasileira.
Mas, antes de tudo, é importante entender que a própria culinária árabe é recheada de influências de outros países do Oriente Médio, como a Turquia e o Paquistão, e até mesmo a Índia.
Marcas na culinária — Para além da esfiha, do quibe, da coalhada e do tabule, os temperos incorporados na mesa brasileira como a pimenta, noz-moscada, cravo e canela são traços da influência arabe, além do uso do azeite no lugar da banha de porco. Apesar da etiópia ser conhecida como o berço do café, a Arábia Saudita teve grande papel na propagação da bebida. No país, o café é tradicionalmente consumido após quase todas as refeições.
Influências linguísticas — Muitas das palavras que utilizamos na língua portuguesa têm origem no árabe, principalmente relacionadas a alimentos: açúcar (as-sukar, areia branca), alface (al-khaç – veio a substituir o latim lactuca, leitosa, leituça, leituga), azeite (az-zayt, substitui óleo, óleo de oliva), açafrão (az-zafaran, amarelo), açougue (as-suk), laranja (naranj deriva do Persa naräng), e salada (salata).
Presentes nas artes — A música arabe se popularizou no Brasil especialmente pela prática da dança do ventre, que surgiu no Egito. Outra famosa dança do Oriente Médio, a dança do dabke, tradicionalmente praticada em grupo, com pisadas de pés, aplausos e gritos, vem encontrando cada vez mais espaço no país. A literatura árabe não fica de fora, com certeza você já leu ou ouviu falar do livro “As Mil e Uma Noites”. A obra clássica ganhou traduções e é apreciada por muitos brasileiros.
• Por: Stephanie Montagnani: sócia diretora do Mussa Esfiha, a empreendedora é responsável por toda estratégia de marca da empresa, além do gerenciamento de recursos e operações.