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22/10/2024

Presidente do Crea-RJ defende parceria com Aneel

Para evitar apagões na rede elétrica do Rio de Janeiro.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), engenheiro Miguel Fernández, está convencido de que é possível prevenir um apagão no Rio, como o que aconteceu em São Paulo e durou mais de sete dias. Fernández afirmou que pretende criar uma plataforma para monitorar todas as operações de manutenção do sistema de fornecimento elétrico, por meio de um acordo de cooperação técnica com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

—É fundamental termos um inventário, um acompanhamento do que está acontecendo: qual foi o ano de implantação de determinado equipamento, que tipo de serviço de manutenção vem sendo feito periodicamente, qual o melhor período de troca de equipamentos, etc. Informações como essas ajudam o tomador de decisão e são importantes para o próprio controle da manutenção. Essa tem sido nossa proposta junto à Aneel— informou Miguel Fernández, observando que o acordo ainda não foi efetivado pelo fato de o Crea ser regional e a Aneel ser nacional. Apesar disso, ele informou que a fiscalização do Crea já está acionando todas as fornecedoras de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro.

Miguel Fernández reconheceu que há possibilidade de o apagão em São Paulo se repetir no Rio. “A Enel – concessionária de energia de São Paulo – é responsável pela concessão no fornecimento de energia elétrica de praticamente dois terços dos municípios do estado do Rio de Janeiro. Então, a gente fala de um problema que infelizmente está atrelado a uma questão de condição climática extrema, mas a engenharia existe exatamente para mitigar e evitar essas consequências”, explicou Fernández.

Para prevenir a incidência de apagões no Estado do Rio, Miguel Fernández reforçou a importância de ser feito diariamente um monitoramento da manutenção do sistema elétrico. —É necessário ter um inventário. Nossa ideia é criar essa plataforma, onde a gente possa ter um inventário, onde cada serviço de manutenção seja apontado ali, georreferenciado, com a Anotação de Responsabilidade Técnica, quem é o profissional, para que a gente possa acompanhar o que está acontecendo e a fiscalização seja feita de forma mais inteligente — explicou Fernández.

O presidente do Crea-RJ destacou também a importância da manutenção dos serviços de fornecimento de energia elétrica, pois —a falta de energia em grandes regiões dificilmente se dá por queda de árvore, mas, sim, por problemas que têm a ver com a engenharia de manutenção—.

— A primeira coisa que a gente tem que entender é que um sistema elétrico precisa tanto de manutenção preventiva quanto de obras que garantam redundância também para o fornecimento de energia. Então, é esse controle de acompanhamento: se a manutenção preventiva está sendo realizada de forma adequada, por empresas que são devidamente registradas e habilitadas, por profissionais com essa devida competência —afirmou Fernández, lembrando que na cidade do Rio já foram registrados problemas com a Light que resultaram na falta de energia na Ilha do Governador, bairro da Zona Norte da cidade.

Fernández enfatizou que o monitoramento da manutenção permite mitigar os problemas: —Existe um desafio muito grande para a engenharia que, muitas vezes, não é debatido de forma adequada, sobre a vida útil de um material, de um equipamento, de uma obra até. A gente considera que aquilo é eterno e não entende que tem um tempo de durabilidade. Equipamentos eletroeletrônicos têm uma vida útil mais curta. Não só pela questão da atualização, mas pelo próprio desgaste natural. Então tem um momento em que fazer manutenção não adianta mais. Tem que comprar um equipamento novo. Esse debate é muito complexo e, muitas vezes, não está na equação das concessões —observa o presidente do Crea-RJ.

A questão das redes de transmissão de energia subterrâneas, que alcançam apenas 11% da cidade do Rio de Janeiro, Fernández explicou que “a rede subterrânea é indiscutivelmente melhor”, mas destacou que problemas de falta de energia em grandes cidades dificilmente ocorrem por queda de árvores, mas, sim, por problemas de engenharia de manutenção.