Miami, Estados Unidos — A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) anunciou durante o World Sustainability Symposium que as empresas aéreas terão a oportunidade de comprar unidades de emissão elegíveis (EEUs) em um evento de aquisição programado para o último trimestre de 2024 na Aviation Carbon Exchange (ACE). Este evento está sendo organizado pela IATA com o Estado da Guiana, Mercuria e Xpansiv e será aberto a todas as empresas aéreas.
As empresas aéreas poderão usar essas EEUs para cumprirem com suas obrigações de compensação da Fase 1 do CORSIA – programa para redução e compensação de carbono da aviação internacional. Essas obrigações se referem ao tráfego do período de 2024-2026. As EEUs devem ser canceladas até 31 de janeiro de 2028.
O evento é uma oportunidade importante em meio à escassez contínua de EEUs elegíveis para o CORSIA. Atualmente, o Estado da Guiana é a única fonte dessas EEUs. A IATA estima que as empresas aéreas precisarão entre 64 e 162 milhões de EEUs para a Fase 1 do Corsia, dependendo de como o tráfego evoluir. A Guiana já vendeu parte das sete milhões de EEUs emitidas e o volume não comprometido estará disponível no evento de aquisição. —Esta é a primeira vez que um evento desse tipo está sendo organizado, e não poderia vir em melhor hora. Os Estados concordaram com o Corsia, mas até agora a Guiana é o único país que está cumprindo com sua obrigação de disponibilizar os créditos de carbono. O Corsia é essencial para o trabalho de descarbonização da aviação, e este evento será uma mensagem aos Estados para permitirem que as empresas aéreas cumpram com suas obrigações liberando as EEUs necessárias— disse Marie Owens Thomsen, vice-presidente sênior de sustentabilidade e economista-chefe da IATA.
Este evento é um passo importante no desenvolvimento de um mercado eficiente para EEUs, cuja liberação antecipada (antes dos prazos dos relatórios) é essencial para promover liquidez e transparência e evitar uma corrida tardia para o fornecimento limitado, que provavelmente adicionaria custos significativos à descarbonização das empresas aéreas, sem trazer benefícios adicionais.
—É preciso muito esforço para desenvolver as capacidades e gerar EEUs elegíveis para o Corsia. A Guiana se sente honrada por contribuir, mas também queremos ver um mercado grande e ativo. Muitos outros países fizeram progressos para a criação de créditos, mas antes de seguir adiante, eles estão esperando para ver se o mercado entrega resultados. Como pioneiros no mercado, queremos provar a outros países que é do seu interesse seguir em frente. Eles devem se sentir confiantes de que receberão preços justos por seus créditos e que acelerar o trabalho restante vale a pena. Este evento de aquisição é uma chance de criar essa confiança—disse Pradeepa Bholanath, diretora sênior de mudanças climáticas do Ministério de Recursos Naturais do Governo da Guiana.
As EEUs — No Corsia, as empresas aéreas devem comprar e cancelar “unidades de emissão” para compensar o aumento nas emissões de CO2 cobertas pelo esquema. Para maximizar as reduções de emissões de CO2 no CORSIA, os Estados devem oferecer quantidades suficientes de EEUs. Os créditos de compensação de carbono que atendem a certos critérios definidos pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) são chamados de Corsia EEUs e são calculados para equivaler a uma tonelada de emissões de CO2 geradas por meio de programas de redução de emissões que atendem aos rigorosos critérios de elegibilidade aprovados pela OACI. Além disso, os países anfitriões devem autorizar o uso dessas unidades para os fins do CORSIA, realizando ajustes correspondentes, para garantir que essas EEUs não sejam reivindicadas duas vezes como parte da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) de um país sob o Acordo de Paris da UNFCCC.
ACE — O IATA Aviation Carbon Exchange (ACE) é um mercado centralizado para unidades de emissão elegíveis do CORSIA, onde empresas aéreas e outros grupos interessados da aviação podem negociar reduções de emissões de CO2 para fins de conformidade ou compensação voluntária. O ACE é operado pela plataforma de negociação CBL da Xpansiv e constitui um destino seguro e intuitivo para que as empresas aéreas acessem dados em tempo real com total transparência de preços.
As empresas aéreas que utilizam o ACE podem usar os sistemas de liquidação de fundos e compensação da IATA sem riscos e sem complicações. A plataforma está aberta a todas as companhias aéreas, membros ou não membros da IATA, além de outros grupos da aviação, incluindo aeroportos e fabricantes de aeronaves. Além disso, pode ser acessada por participantes do mercado de carbono que desejam listar reduções de emissões que sejam elegíveis para o Corsia.
O evento de aquisição de EEUs — As empresas aéreas terão a oportunidade de comprar créditos elegíveis para a Fase 1 do CORSIA do Programa REDD Jurisdicional da Guiana emitido sob o Padrão ART TREES e fornecido pela Mercuria.
As empresas aéreas poderão expressar de forma anônima o seu interesse nos créditos na plataforma ACE. A compra dos créditos será liquidada pela plataforma no final do evento, com a opção de usar o IATA Clearing House ou uma conta FBO (For Benefit Of) do Bank of America configurada em nome da empresa aérea para o pagamento. A Mercuria também poderá fornecer opções de transação para compras futuras e plurianuais.
Corsia — O Corsia é o único esquema de medida global baseado no mercado para abordar as emissões de CO2 da aviação internacional. O Corsia é implementado em três fases, com um período voluntário inicial (2021-2026) seguido por uma fase obrigatória começando em 2027 para a maioria dos países. O esquema também exige que as empresas aéreas monitorem, relatem e verifiquem suas emissões para garantir a transparência.