No mundo corporativo, a palavra “inovação” está sempre em alta. Mas será que as empresas conseguem transformar esse discurso em prática? Ao nos aproximarmos do cotidiano organizacional, fica claro que muitas companhias, em vez de inspiradas, estão sufocadas pelas demandas imediatas e a pressão por resultados rápidos. O tão falado “DNA inovador” se perde nesse turbilhão. Segundo o relatório Most Innovative Companies 2023 da Boston Consulting Group, 79% das empresas priorizam a inovação, e 66% planejam aumentar seus investimentos nessa área. Mas será que mais investimentos, por si só, garantem uma cultura verdadeiramente inovadora? A resposta é não.
Criar um ecossistema de inovação vai além de seguir modismos, adotar novas tecnologias ou copiar modelos de sucesso de outras organizações. Inovação verdadeira é estratégica, integrada e deve estar enraizada nos valores e propósito da empresa. Esse ecossistema precisa respeitar as particularidades da sua comunidade, localização e, acima de tudo, das pessoas que fazem parte dele.
Em grandes corporações, inovar é como mudar o curso de um transatlântico: exige clareza, paciência e coragem para enfrentar a resistência. Medo de mudança, culturas enraizadas e a preocupação em perder valores centrais são barreiras comuns. Mas a inovação não precisa colidir com a essência da empresa. Pelo contrário, ela deve fortalecê-la. O segredo está em manter o equilíbrio, promovendo um ambiente de troca de ideias e abertura ao novo.
Inovar não é um objetivo isolado, mas uma ferramenta estratégica de longo prazo que precisa atravessar todos os setores. Empresas que conseguem inovar de forma consistente são aquelas que alinham suas ambições aos seus valores fundamentais. Elas entendem que inovar com propósito fortalece a organização, preparando-a para o futuro, sem sacrificar aquilo que é mais essencial.
No Inhotim, vejo esse processo de perto todos os dias. A inovação aqui não se limita à arte ou à natureza. Ela está no jeito de fazer e de se relacionar com o Inhotim. A experimentação é o alicerce que nos permite inovar sem perder a alma que torna o Inhotim único. É essa combinação de inovação e preservação que mantém nossa relevância
Os valores de uma empresa não são obstáculos à mudança, mas pilares que sustentam sua evolução. Inovar respeitando esses fundamentos é o que constrói uma cultura de inovação duradoura — uma cultura que vai além das tendências e transforma, de forma profunda, o impacto da empresa no mundo.
• Por: Luciana Zanini, Executiva, especialista em finanças, pessoas e negócios. Com uma trajetória de destaque no mundo corporativo, Luciana Zanini ocupa, atualmente, a posição de Diretora Financeira e Administrativa no INHOTIM. Sua jornada é marcada por uma profunda compreensão e experiência nas áreas de finanças, mercado de capitais, relações com investidores e governança corporativa. Zanini possui visão humanizada das finanças e cultiva a filosofia de que o valor fundamental de uma organização se reflete em seu capital humano. Entre as experiências estão as passagens pelo Itaú BBA, EY, Bloom Energy, Fialho Salles Advogados, LOG Commercial Properties e Seven Capital. Com um MBA pela Tuck School of Business at Dartmouth, possui robusta expertise em finanças e negócios.