As vendas de cimento em agosto apresentaram alta totalizando 6,2 milhões de toneladas, um aumento de 3,3% em relação ao mesmo mês de 2023. No acumulado do ano (janeiro a agosto), os números permaneceram em elevação, alcançando 43 milhões de toneladas, um crescimento de 3,1% comparado ao mesmo período do ano passado.
Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil nota-se uma alta de 5,6% sobre o mesmo mês do ano anterior, ou seja, comercialização de 252 mil toneladas por dia em agosto de 2024.
Todas as regiões apresentaram evolução nas vendas. O Norte e Nordeste brasileiro registraram o melhor desempenho. O Sul, que vinha registrando declínio até julho, voltou a crescer em níveis anteriores às inundações do Rio Grande do Sul. Já o Centro-Oeste permanece com resultado positivo, assim como o Sudeste registra alta acumulada.
O mercado imobiliário brasileiro, importante indutor no consumo de cimento, apontou mais lançamentos e vendas de imóveis residenciais no segundo trimestre de 20241, impulsionado, principalmente, pelo programa Minha Casa Minha Vida. Somente o MCMV lançou 86,7% imóveis a mais que no mesmo período do ano passado, dando continuidade à alavancagem do programa. A comercialização de materiais de construção e o financiamento imobiliário também seguiram tendência de alta.
O Índice de Confiança da Construção2 ficou relativamente estável em agosto, ao fechar o quarto mês seguido sem queda. A atividade segue aquecida gerando escassez de trabalhadores, que já é considerada a principal limitação ao crescimento do setor no cenário atual. Outro fator que impactou negativamente a confiança da construção foi a possibilidade de aumento da Selic.
Já a confiança do consumidor, subiu em agosto3 pelo terceiro mês consecutivo, porém em ritmo mais lento, influenciada, dessa vez, pela faixa de renda mais alta. O mercado de trabalho aquecido e a inflação controlada vem contribuindo para esse desempenho.
Na indústria, após a quarta melhora consecutiva, a confiança4 do empresário registrou estabilidade em agosto. O resultado ocorre depois de um período de seguidas melhoras na demanda e redução dos estoques. O setor continua com perspectivas positivas para o fim do ano. No cenário macroeconômico, os indicadores de trabalho e renda continuam positivos, porém já acende alerta para uma pressão de custos.
Neste sentido, o anúncio do acréscimo da conta de energia com bandeira vermelha no Brasil devido à escassez de chuvas já traz preocupações ao setor de cimento, tanto nos custos de produção quanto na logística. O Brasil vem enfrentando em 2024 a pior seca da história e isso pode impactar as vendas de cimento, principalmente na região Norte.
Os recentes cortes orçamentários no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também elevam as incertezas da indústria do cimento em relação à execução dos investimentos em infraestrutura.
Ainda assim, o setor cimenteiro segue otimista com a sazonalidade nas vendas do produto que tem, historicamente, um melhor desempenho no segundo semestre, podendo levar a uma parcial recuperação nas perdas ocorridas nos últimos dois anos.
—A retomada dos leilões de saneamento e dos editais de concessão de rodovias devem ganhar espaço na demanda da indústria de cimento para o próximo ano. Até lá, o segmento imobiliário residencial deve continuar protagonizando o consumo de cimento, impulsionado pelo bom desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida — diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC